Futuro hospital público já tem área definida



Secretário da Saúde Armando Raggio comanda o setor da administração que concentra os mais graves problemas e falou durante mais de três horas

José Antônio Rosajoseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br

O hospital público de Sorocaba, uma das bandeiras da gestão do prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), será construído na área localizada na avenida Ipanema, nº 5.001, onde funcionou a garagem da TCS, uma das empresas que operava com o transporte coletivo na cidade e que teve a falência decretada, depois de sofrer intervenção pela Urbes. A informação foi prestada ontem na Câmara pelo secretário da Saúde, Armando Raggio.

Ele foi um dos integrantes do primeiro escalão do governo a ser sabatinado por força de convocação aprovada pelos vereadores a requerimento da ala oposicionista na Casa. Raggio comanda o setor da administração que concentra os mais graves problemas. Falou durante mais de três horas, ouviu críticas, cobranças, mas teve jogo de cintura o suficiente para não se deixar pegar nas muitas das armadilhas políticas que se lhe foram colocadas.

Com habilidade, disse que a crise que hoje gerencia foi herdada da gestão passada, mas, também, que os problemas são de ordem estrutural. Concretamente, além da construção do hospital, anunciou o início das obras, no segundo semestre, da Unidade Pré-Hospitalar Zona Leste. Ela ocupará o terreno da rua Pedro José Senger, na Vila Haro, atualmente utilizado pelo Saae. O setor da autarquia lá mantido será transferido para outro local não informado.

Como o imóvel é público, os gastos serão menores. Até a entrada em funcionamento da unidade, a Prefeitura deverá alugar prédio nas imediações da rua Nogueira Padilha. Armando Raggio não especificou a localização, e disse que alguns imóveis nos bairros Barcelona e Vila Hortênsia também são avaliados para o mesmo objetivo. O secretário também divulgou que será aberto concurso para a contratação de mais 100 médicos que reforçarão os quadros e ajudarão a dar conta da demanda hoje observada na rede.
Raggio reconhece que o salário hoje pago aos profissionais não é atraente, mas acredita que essa realidade pode mudar a partir de uma política de estímulos à carreira que será implementada. Sobre a situação do Pronto-Socorro Municipal instalado na Santa Casa, disse que o governo tem como prática o diálogo e a negociação. Embora não descarte a possibilidade de intervenção, como requerido pelos vereadores da Comissão de Saúde da Câmara, Armando Raggio acredita que "é preciso agir com cautela" e, pelo menos, aguardar que as medidas já colocadas em prática com o propósito de minimizar os efeitos da situação deem resultado.
O secretário referiu-se ao aumento do repasse feito à instituição de R$ 800 mil para R$ 1,3 milhão. A esse montante devem ser acrescidos mais R$ 500 mil para despesas comprovadas de custeio suportadas pelo hospital. A providência está prevista em projeto de lei que será encaminhado nos próximos dias à Câmara. "Dependemos da aprovação do Legislativo para viabilizar essa proposta. Foi a alternativa que encontramos para melhorar o atendimento no local", explicou.

No primeiro contato com os vereadores, o secretário ouviu relatos que o impressionaram a respeito de problemas enfrentados em algumas unidades da rede pública. Izídio de Brito (PT), Pastor Apolo (PSB), Fernando Dini (PMDB) e Anselmo Neto (PP) contaram casos em que pacientes foram maltratados na Policlínica e até da morte de um jovem na Santa Casa. "O que apuramos nas visitas que fizemos foi até pior", disseram os políticos.
Foram de Marinho Marte (PPS) as intervenções mais contundentes. O vereador insistiu que a ida dos secretários à Câmara "não representou favor algum, mas sim obrigação própria do cargo", e lembrou a Armando Raggio que ele "é pago para dar conta da demanda de sua Pasta". "É o mínimo que podemos esperar de uma autoridade tão preparada, dona de um currículo e de uma experiência das maiores".

Além do titular da Secretaria da Saúde, falaram, à tarde, José Simões de Almeida Júnior, da Cultura, e Francisco Yabiku, dos Esportes. O primeiro garantiu que nenhuma das atividades do calendário de eventos da cidade deixará de ser realizada. A referência foi feita especificamente em relação à Festa Junina. Simões também disse que pretende se reunir com os representantes das escolas de samba ainda este mês para discutir o Carnaval de rua de 2014.

Em resposta a Marinho Marte, disse que não mantém mais vínculo com a Universidade Federal de Minas Gerais, e que considera o assunto encerrado. O parlamentar, entretanto, disse ter sido informado ontem de que ele ainda trabalharia na instituição de ensino. O secretário ficou feliz com a manifestação do líder do governo na Casa, Paulo Francisco Mendes, segundo quem, no mês de setembro, quando a proposta orçamentária do próximo ano começa a ser discutida, serão feitos esforços para aumentar a dotação da Pasta. "A falta de verbas é, hoje, a nossa principal dificuldade", destacou Simões.

Último a falar, Francisco Moko Yabiku irritou o peemedebista Tonão Silvano que saiu do plenário controlando-se para não perder a compostura. "Vou embora para não dizer aqui o que tenho vontade", protestou Tonão que acusou Yabiku de manter os centros esportivos da cidade fechados aos domingos. O secretário não falou tanto sobre as irregularidades da Pasta apuradas em auditoria, e defendeu o técnico da Liga Sorocabana de Basquete, Rinaldo Rodrigues ("Sorocaba deve muito a ele, é uma pessoa combativa e apaixonada pelo que faz").

Moko Yabiku respondeu perguntas dos vereadores Marinho Marte (PPS), Antonio Carlos Silvano (PMDB), Carlos Leite (PT), Waldecir Morelly (PRP), Izídio de Brito (PT) e Fernando Dini (PMDB). Dini afirmou que acredita no trabalho do secretário e respeita a vida pública de Yabiku, mas ressalvou que o método de gestão da pasta não o convence e que algumas respostas também não o convenceram. Entre outros questionamentos, o vereador afirmou que o Programa Bolsa-Atleta, instituído por lei de autoria do vereador José Francisco Martinez (PSDB), assim como o Projeto Via Viva, não estão funcionando. 
Yabiku afirmou que está aberto às críticas dos vereadores e explicou que, no caso da Bolsa-Atleta, o edital já está sendo elaborado para liberar as verbas deste ano. Já o petista Carlos Leite solicitou ao secretário que lute para que a zona leste disponha de um centro poliesportivo. Em resposta, Moko Yabiku se disse aberto a fazer uma parceria e também com a deputada federal sorocabana Iara Bernardi (PT) para buscar verbas junto ao governo federal.

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