Laerte e Jean Wyllys protestam contra Marco Feliciano


Manifestação também teve o ex-ministro da Justiça José Gregori, que disse que pastor na Comissão de Direitos Humanos é um 'erro político'


Clarice Cudischevitch - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - O cartunista Laerte Coutinho e o deputado federal (PSOL-RJ) Jean Wyllys participaram, na noite dessa quinta-feira (25), de uma manifestação a favor dos direitos humanos e contra o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que preside atualmente a Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara. Feliciano tem sido alvo de críticas por conta de declarações consideradas preconceituosas e ofensivas aos negros e homossexuais.
Ato reuniu entre 200 e 300 pessoas no centro de SP - José Patrício/AE
José Patrício/AE
Ato reuniu entre 200 e 300 pessoas no centro de SP
Intitulado "Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Minorias", o evento levou entre 200 e 300 pessoas à Praça Rosa (antiga Praça Roosevelt), na região central de São Paulo. O protesto foi organizado pela ONG Conectas e os coletivos Existe Amor em SP e Pedra no Sapato, e teve a participação de representantes dos movimentos dos indígenas, negros e LGBT, além de políticos que apoiam a causa.
O cartunista Laerte, que presidiu a mesa da "comissão extraordinária" afirmou que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados não está funcionando. "Ela está representada justamente pelas pessoas das quais aqueles que têm os direitos humanos atacados têm que se defender."
O deputado Jean Willys disse ser importante usar a criatividade para estimular a politização das pessoas. "Se o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias tem dado declarações racistas, homofóbicas e sexistas, cabe à sociedade apresentar um outro modelo". Ele comentou o papel que vem assumindo na Câmara frente ao posicionamento de Marco Feliciano: "Minha oposição é ao fundamentalismo religioso e ao conservadorismo, e hoje Feliciano é um emblema disso."
Jean Wyllys também contrariou a afirmação de Marco Feliciano sobre apenas cinco deputados serem contrários à sua permanência como presidente da comissão. "Fizemos uma frente parlamentar de oposição a Feliciano que tem 178 deputados inscritos." A frente já entrou em atividade e tem viagens agendada para Goiânia, onde vêm acontecendo ataques a moradores de rua, e ao Quilombo dos Macacos, na Bahia.
O deputado destacou, ainda, que conseguiu aprovar na Comissão de Cultura, da qual é titular, a criação de uma Subcomissão de Cultura e Direitos Humanos. "É importante garantirmos mais do que a frente parlamentar porque esta é um espaço político, e precisamos ter um espaço legislativo, onde possamos apresentar projetos de lei."
O coordenador de comunicação da ONG Conecta e um dos idealizadores do evento, João Paulo Charleaux, defende que as discussões sobre direitos humanos devem acontecer em espaços abertos reunindo todos os tipos de grupos sociais. "Defendemos uma comissão democrática, onde os diferentes pontos de vista possam aparecer, seja dos que são a favor do aborto ou dos evangélicos."
O ex-ministro da Justiça José Gregori, atualmente secretário municipal de Direitos Humanos, participou do evento e afirmou que ele representa um protesto contra o "erro político" da Câmara dos Deputados de ter colocado na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias uma pessoa que é hostil ao tema. "Estou inteiramente solidário ao que aqui for discutido e sonhado. Tudo em direitos humanos que não signifique conformismo, comodismo e inação tem consequências."
O deputado federal (PSOL-SP) e presidente nacional do PSOL, Ivan Valente, declarou repudiar a eleição do pastor Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. "Estamos assistindo a um retrocesso em termos de direitos civis e humanos". Ele afirmou também se manifestou sobre a Lei Antidrogas que será votada na Câmara dos Deputados, afirmando que propostas como o aumento de pena e internação compulsória são conservadoras.
A atriz performática Paulette Pink, que trabalha como sósia da Cher, participou da manifestação para defender seus direitos de transexual. "Vim aqui pedir para o Feliciano, que tem felicidade no nome, deixar a gente ser feliz também." 


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