Movimento não descarta nova paralisação



Presidente da Federação das Santas Casas reivindica do governo 100% nos repasses de procedimentos

André Moraesandre.moraes@jcruzeiro.com.br

O movimento Reajuste Já do SUS, promovido pela Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo em todo o País, não descarta uma paralisação maior do que a ocorrida no dia 8 deste mês, em que as Santas Casas de Sorocaba e outras de todos os Estados deixaram de fazer ontem cirurgias eletivas - não necessitam ser realizadas emergencialmente - pelo Sistema Único de Saúde (SUS), caso o Ministério da Saúde não considere promover reajustes nos preços dos procedimentos realizados pelo SUS. De acordo com o presidente da Federação, Edson Rogatti, que esteve ontem na Santa Casa de Sorocaba para anunciar as novidades do movimento, o governo federal chegou a oferecer, recentemente, uma proposta para a tabela SUS, que foi negada, já que não compreendia os 100% de reajuste que são pedidos pelas provedorias desses hospitais. "A proposta é que eles queriam pagar as dívidas das Santas Casas com serviços. Mas nós falamos para o secretário que se nós fizermos mais serviços nesses preços, nós vamos aumentar ainda mais a dívida", relata.

Segundo Rogatti, a situação das Santas Casas de todo o País é extrema, portanto a Federação prevê que medidas mais sérias poderão ser tomadas, caso não haja um acordo, já que todas elas possuem dívidas, por conta da defasagem dos valores da tabela SUS, que não passa por uma revisão desde 2003. "É um milagre manter as Santas Casas abertas com o que elas recebem do governo", destaca. Apesar de não descartar uma nova paralisação futuramente, ele destaca que o intuito dessa ação não é prejudicar o atendimento dos usuários, mas chamar a atenção do Ministério da Saúde, para que os hospitais consigam oferecer um atendimento justo e de qualidade. "Nós queremos que tenha um aumento de, no mínimo, 100% nos repasses para atendimentos de média e alta complexidade. Estamos em fase de negociação, mas não estamos desmobilizando nada, pois se precisarmos fazer mais uma paralisação, nós vamos fazer, porque é impossível trabalhar no SUS com os preços da tabela vigente", afirma. 

Para alertar a população sobre essa defasagem nos preços pagos pelos serviços, conforme previsto na tabela SUS, o presidente da Federação informa que uma cartilha será distribuída em todas as Santas Casas do País, mostrando os preços pagos pelo Ministério para a realização de alguns exames. A cartilha compara os valores dos serviços com produtos alimentícios, como, por exemplo, o preço pago pelo governo a um raio x de mão, que é de R$ 5,85, e o movimento "Reajuste Já do SUS" faz a comparação dizendo que é o mesmo valor de um quilo de banana. A cartilha pode ser vista na página do movimento no Facebook, pelo link https://www.facebook.com/tabelasusreajusteja

Problemas no Pronto-Socorro

O provedor da Santa Casa de Sorocaba, José Antônio Fasiaben, relata que os problemas encontrados no Pronto-Socorro de Sorocaba, que muitas vezes vira motivo de reclamações por parte da população, é uma consequência desses valores baixos repassados pelo Ministério da Saúde, com base na tabela SUS. "O governo federal deveria olhar com outros olhos no sentido de atendimento às Santas Casas, que fazem mais de 55% dos atendimentos para o SUS. Então elas sobrevivem com os atendimentos do SUS. Mas se o que custa R$ 1 mil, eles pagam R$ 500, então isso mostra que estamos defasados. Eu não consigo repor equipamentos, nem pagar dignamente os profissionais que trabalham aqui", argumenta.

Fasiaben diz que vê com bons olhos a atitude da Prefeitura, de aumentar em R$ 505 mil o repasse feito atualmente à Santa Casa, que é de R$ 1,5 milhão. Porém o valor ainda esbarra nas discussões da Câmara, que ainda não votou o projeto, pois os vereadores acreditam que ainda deve haver uma audiência pública, marcada para o próximo dia 29, para que a provedoria da Santa Casa explique a necessidade desse investimento. "Estamos esperançosos, o governo Pannunzio está sendo mais consciente, participativo, sensível à realidade que estamos vivenciando na área de SUS", considera Fasiaben.

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