Prefeitura pagou quase R$ 400 mil para empresa que abandonou obra



CPI das Obras Atrasadas ouve secretários e empresários hoje, às 14h

Wilson Gonçalves Júniorwilson.junior@jcruzeiro.com.br

A construção do Centro de Educação Infantil (CEI) da Vila Formosa, uma das investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras Atrasadas, aberta na Câmara de Vereadores de Sorocaba, foi depredada e parte do material de construção utilizado já foi danificado e furtado. A Prefeitura de Sorocaba disse ontem que já gastou R$ 396.357,31 com a obra e que o contrato entre o município e a Correia de Melo, empresa que venceu a licitação, foi rescindido pelo abandono da obra. O município informou que a segunda colocada no certame, a Azzi Engenharia, complementará o serviço a partir desta semana. A CPI das Obras Atrasadas ouve hoje, às 14h, o atual secretário de Finanças, Aurílio Sérgio Costa Caiado; seu antecessor, Fernando Mitsuo Furukawa; Fábio Pilão, diretor da empresa Fábio Pilão e Abílio Marum Tabet Filho, diretor da empresa M.Tabet. 

Na sexta-feira passada, a reportagem do jornal Cruzeiro do Sul esteve no local e constatou que o madeirite que cercava a obra já não existe mais e foi furtado. O isopor que serviria de forro foi danificado e está espalhado por todos os cantos da obra. Parte da madeira e das telhas já estão totalmente inaproveitáveis. Um monte de areia, usado para levantar parte da estrutura das paredes, também já não está em condições de uso. Ontem, por nota, a Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana (Seobe) informou que os pagamentos foram feitos de acordo com medições mensais e os serviços efetivamente executados. "Ou seja, os valores gastos pelo município correspondem àqueles serviços executados. Foram pagos R$ 396.357,31 de um valor total de R$ 1.371.785,00", acrescentou a nota.
Na mesma resposta encaminhada, o município alegou que possíveis penalidades à empresa estão sendo avaliadas e que primeiramente a Prefeitura cuidou da retomada da obra.

José Rodrigo Domingues, que mora vizinho da obra, disse que todos os madeirites que cercavam a obra foram furtados, tão logo a construção foi abandonada. Na opinião dele, a obra teve caráter político, já que foi abandonada um pouco antes da eleição. "Isso aqui tava tudo fechado de madeirite e agora está assim, completamente abandonada. Eles pararam antes da eleição, em outubro mais ou menos", criticou.

Outro morador, Roberto Caetano, também acha que a obra teve relação direta com a eleição. "Quando a gente vê a obra, pensa que ele vai sair. Tinham vários caminhões chegando e de repente ficou tudo abandonado." Joseli Cristina também acreditou que a obra seria entregue. O cronograma da obra era de início em 4 de janeiro e finalização em 6 de outubro, ambas no ano passado.
Os moradores disseram ainda que a construção está parada desde outubro, portanto há quase seis meses. O matagal também virou reclamação, já que tomou conta do local. Segundo eles, até um família foi morar no canteiro de obras, no local erguido como moradia para os funcionários da empresa. Houve inclusive necessidade de acionar a Polícia Militar para retirar as pessoas que invadiram o local. "Não veio ninguém da Prefeitura aqui não", disse Domingues. A Prefeitura, por sua vez, informou que a obra foi fiscalizada. 
O empresário Rogério Correia de Mello, diretor da Correia de Mello, não foi encontrado pela reportagem. 

CPIA Comissão Parlamentar de Inquérito das Obras Atrasadas realiza a segunda rodada de trabalhos hoje, às 14h, no plenário da Câmara, com transmissão ao vivo pela TV Legislativa. Serão ouvidos Aurílio Sérgio Costa Caiado, Fernando Mitsuo Furukawa e os empresários Fábio Pilão e Abílio Marum Tabet Filho. O depoimento de Valéria Geroto, diretora da empresa A. Fernandes, foi transferido para 7 de maio.

O presidente da CPI, vereador José Crespo (DEM), acredita que as oitivas de hoje serão importantes, já que na semana passada, durante depoimento, o secretário municipal de Administração (Sead), Roberto Juliano, disse à comissão que quem cuida das obras é a Secretaria de Finanças.

Na semana passada, além de Roberto Juliano, foram ouvidos o ex-secretário de Administração Mário Pustiglione Júnior e os empresários Carlos Honda e Maristela Honda, da empresa JHD e o empresário Franklin Toassa, diretor da empresa Toassa. O empresário Rogério Correia de Mello, diretor da Correia de Mello - empresa citada na matéria - não compareceu. Além de Crespo, participam da CPI os vereadores Marinho Marte (relator, do PPS), Francisco França (PT), Carlos Leite (PT), Izídio de Brito (PT), Jessé Loures (PV) e Irineu Toledo (PRB).

Postar um comentário

0 Comentários