Santas Casas passam um dia sem realizar cirurgias eletivas


Representantes da Santa Casa dizem que o SUS repassa de 50% a 60% do que é gasto em cada procedimento Por: Luiz Setti


Leandro Nogueiraleandro.nogueira@jcruzeiro.com.br

A Santa Casa de Sorocaba e outras que aderiram em todo o Brasil deixaram de fazer ontem cirurgias eletivas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como parte do movimento "Tabela SUS Reajuste Já". Cirurgias eletivas são as programadas que não necessitam ser realizadas emergencialmente. Segundo os representantes da entidade, o diretor administrativo de relacionamento com o cliente, Newton Tomio Miyashita e o analista de custos, Araldo Severino Correia Júnior, nenhuma cirurgia foi adiada ou cancelada já que, como a manifestação foi programada com antecedência, não houve agendamento para o 8 de abril. Além de deixar de realizar esses procedimentos, no final da manhã de ontem houve uma reunião na própria Santa Casa de Sorocaba para tratar sobre o tema, com a direção do Hospital Santa Lucinda e a Santa Casa de Tietê. Miyashita explica que a intenção da reunião foi dar publicidade à necessidade de reajuste a partir da divulgação na mídia na intenção de conscientizar as autoridades e a população quanto a necessidade do reajuste.

Correia e Miyashita disseram que o SUS repassa cerca de 50% a 60% do que é gasto em cada procedimento e o restante tem que ser coberto por outros recursos, como a arrecadação oriunda dos convênios médicos e consultas particulares. Segundo eles, as piores defasagens estão nos procedimentos de baixa ou média complexidade, como por exemplo, as consultas médicas ou cirurgias menores, como a de apêndice. "Existem situações melhores e piores, isso é a média", declarou Miyashita a respeito do percentual de cerca de 60%. Segundo ele o último reajuste teria ocorrido há cerca de dez anos. "A medicina evolui a passos largos, a tecnologia da medicina também, há pesquisa de novos medicamento, isso tudo melhorou mas encareceu o atendimento enquanto a Tabela SUS não acompanhou", explicou o diretor de relacionamento com o cliente. 

Eles disseram que a paralisação das cirurgias por um dia não teve a intenção de prejudicar a população, mas que o tema alcance a opinião pública para que todos tomem consciência do repasse da Tabela SUS e da situação das entidade filantrópicas e das Santas Casas, em seus trabalhos junto ao SUS como o convênio mais importante do País. Cartazes fixado na entrada do Pronto Socorro do SUS e em outras dependências do hospital ontem informava que as "Santas Casas e Hospitais Beneficentes podem fechar as portas". Segundo Miyashita se não houver uma repensar da situação há o risco do atendimento via SUS da Santa Casa de Sorocaba acabar com o passar do tempo, mas não soube precisar o quanto de tempo, alegando que depende muito da característica da entidade e da cidade onde está, já que algumas entidades filantrópicas em outros municípios já tiveram as atividades encerradas por conta disso. "A Santa Casa tem arcado com essa despesa a cada paciente atendido que não tenha um convênio firmado, discutindo para que não cheguemos nessa situação", declarou sobre o risco de fechamento. Explicou que a unidade em Sorocaba tem várias frentes como o convênio particular e além disso, a exemplo das demais entidades que fazem atendimento ao SUS necessita de repasse através de convênios, para compensar a defasagem.

A campanha "Taleba SUS reajuste Já" foi iniciada em setembro do ano passado e é organizada pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp) e apoiada pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB) e Frente Parlamentar das Santas Casas. Existe uma carta de reivindicações que foi feita no movimento iniciado em Votuporanga. No Estado de São Paulo já foram promovidas duas reuniões em Votuporanga, uma em Sorocaba, uma na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e na Câmara Federal em Brasília e que culminou no movimento do dia 8, quando as cirurgias eletivas via SUS deixaram de ser realizadas. "A discussão do tema em cima da tabela SUS é a incongruência entre o custo e o valor da Tabela SUS", declarou Miyashita. Ele ressaltou que não tratou-se de uma paralisação porque ninguém está fazendo greve.

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