Sorocaba:Pacientes reclamam falta de vaga em UTI



Denúncia aponta que cirurgias neurológicas têm sido adiadas pela indisponibilidade de leitos no setor

Rosimeire Silvarosimeire.silva@jcruzeiro.com.br

Pacientes que precisam passar por cirurgias neurológicas no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) estão tendo que adiar a realização do procedimento por falta de vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em alguns casos, o tempo de espera ultrapassa mais de um mês e os pacientes têm que permanecer internados até que a cirurgia possa ser realizada. A denúncia foi pela filha de uma paciente que há 20 dias está internada no Hospital Regional para realização de uma cirurgia devido a um aneurisma cerebral.

A publicitária Ana Paula Dias, 27 anos, conta que sua mãe, Nair da Silva Coutinho Dias, 49 anos, começou a sentir uma forte dor de cabeça na madrugada de sábado, dia 16 de março. Ela a levou para a pronto-socorro da Santa Casa de Sorocaba, onde foi submetida a exames de sangue e urina e recebeu o diagnóstico de infecção urinária. Mesmo depois de medicada, ela continuou a sentir dores, então sua filha achou melhor levá-la para a Unidade Pré-Hospitalar Zona Oeste, quando o médico a encaminhou de volta à Santa Casa para que passasse por uma tomografia. Ana Paula diz que elas chegaram no hospital às 17h de domingo, mas que o exame só foi realizado às 23h. Então, às 2h da manhã, foi constatado que Nair havia sofrido um um aneurisma cerebral. 

Com a demora no diagnóstico, o aneurisma já havia sido rompido e a paciente teria que ficar sob observação por 15 dias até que pudesse ser realizada a cirurgia para a retirada do coágulo. Nair foi então foi transferida para o Hospital Regional para passar pela cirurgia. Foi quando a sua filha foi informada de que as cirurgias neurológicas acontecem somente uma vez por semana, às terças-feiras. O problema maior, relata ela, é que nem sempre os procedimentos agendados são realizados. Isso porque, para a realização das cirurgias, é preciso que haja vagas na UTI e quando não há leito disponível, as cirurgias são adiadas. Ana Paula revela que na semana passada, um dos dois pacientes que seria submetido à cirurgia apresentava um quadro grave. "Tem paciente que está internado no hospital há um mês e meio e até dois meses aguardando a realização de cirurgia".

O que causou ainda mais indignação em Ana Paula é que de acordo com relato dos próprios funcionários do CHS, alguns pacientes que estão da UTI até poderiam ter sido transferidos, mas permanecem na unidade porque não há disponibilidade de leitos nos quartos para recebê-los. Preocupada com as condições que constatou no hospital, a publicitária chegou a encaminhar anteontem uma carta, por meio da internet, ao governador Geraldo Alckmin, ao secretário da Saúde, Giovanni Guido Cerri, e também ao diretor do CHS, Luís Cláudio de Azevedo, relatando o problema e pedindo a ampliação de dias para a realização desse tipo de procedimento e também questionando se realmente há falta de leitos nos quartos de UTI e para a transferência de pacientes para os quartos. "A minha preocupação não é apenas com o tempo que a minha mãe terá que esperar para a realização da cirurgia, mas com todos os pacientes que estão sendo submetidos a essa situação", diz. 
Em resposta à sua carta, Ana Paula recebeu uma mensagem informando que teria um retorno para sua denúncia em cinco dias.

CHS responde

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, no segundo semestre do ano passado, o índice médio de suspensões de cirurgias no CHS foi de 8% do total de procedimentos. O volume está abaixo do primeiro semestre de 2012, que chegava a 15%. A redução, segundo a Secretaria, foi resultado de ações do CHS para a expansão da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que passou a ofertar 30 leitos de internação, proporcionando melhora qualitativa e quantitativa da assistência ao paciente em estado grave internado no CHS e colaborando, inclusive, para reduzir os índices de suspensões de cirurgias. Em 2012, o CHS realizou mais de 6,5 mil procedimentos cirúrgicos, conforme levantamento disponibilizado.

A Secretaria da Saúde não respondeu se existem dias específicos para a realização de cirurgias de especialidades no CHS e nem mesmo a demanda atual de pacientes que aguardam pelos procedimentos. O Conjunto Hospitalar de Sorocaba esclareceu, em nota, que assim como em qualquer outro hospital público ou particular, nenhuma cirurgia é adiada ou suspensa sem motivos. "Por se tratar de um hospital regional, de alta complexidade, o CHS recebe um sem número de pacientes em estado grave ou gravíssimo, como politraumatizados, com múltiplas fraturas e até mesmo com risco de morte que necessitam de cirurgias de emergência que são, portanto, priorizados." 

Em relação ao caso da paciente Nair da Silva Coutinho, o CHS informou que a cirurgia está programada para ocorrer na próxima semana, mas que o procedimento ainda pode ser antecipado ou mesmo adiado em caso de intercorrências, seja por parte do CHS ou por questões relacionadas ao quadro clínico da paciente.

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