Agência Moody’s rebaixa nota da Petrobrás

Rebaixamento reflete a piora da saúde financeira da estatal, que viu seu endividamento saltar 111% em dois anos e meio


Eulina Oliveira - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Moody's rebaixou os ratings de dívida de longo prazo em escala global, em moedas local e estrangeira, da Petrobrás para Baa1, de A3. Segundo a agência, o rebaixamento reflete a elevada alavancagem financeira da estatal (relação entre o endividamento e o patrimônio) e a expectativa de que a empresa deverá continuar a ter grande fluxo de caixa negativo nos próximos anos, à medida que conduz seu programa de investimentos. A perspectiva permanece negativa. A empresa completa 60 anos nesta quinta-feira.

"Nós vemos a alavancagem da Petrobrás em níveis próximos ao pico em 2013 e 2014, significativamente mais altos do que aqueles de seus pares da indústria, e provavelmente apenas vai declinar de 2015 em diante", afirma, em nota, Thomas Coleman, vice-presidente sênior da Moody's. "A execução bem-sucedida de seu ambicioso programa de investimento e a entrega das agressivas metas de produção serão chave para reduzir a alavancagem nos próximos anos e para estabilizar a perspectiva do rating", acrescenta.
A alavancagem líquida da empresa saltou de 16%, em 2010, para 34%, ao final do segundo trimestre de 2013, próximo do limite considerado ideal pelas agências de rating para a manutenção do selo de grau de investimento. Já a dívida total saltou de R$ 117,9 bilhões, no fim de 2010, para R$ 249,04, no fim do junho deste ano - uma alta de 111%.
A Moody's ressalta que, com o maior programa de investimentos entre seus pares, os gastos da Petrobrás em 2013 poderiam ser quase o dobro do fluxo de caixa gerado internamente. "A dívida total da companhia aumentou no primeiro semestre de 2013 em US$ 16,3 bilhões, ou US$ 8,3 bilhões pela quantia líquida de caixa e títulos negociáveis, e deverá aumentar novamente em 2014, com base em uma perspectiva negativa para o fluxo de caixa ao longo de 2014 e em 2015", diz a agência.
"As métricas de alavancagem aumentaram constantemente e estão elevadas com relação dívida total/Ebitda de 3,8x, dívida/reservas provadas de US$ 11,25/boe (barris de óleo equivalente) e dívida/produção diária aproximando-se de US$ 64 mil/boe, a mais elevada este os pares de seu grupo de petrolíferas integradas e nacionais", continua a Moody's.
O rebaixamento de ratings da Petrobrás pela Moody's se segue ao anúncio feito pela agência de classificação de risco ontem, de que manteve o rating dos títulos de dívida do Brasil em Baa2, mas rebaixou as perspectivas para o rating de positiva para estável.

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