Alta de Selic derruba dólar para menor nível desde 18 de junho

Perspectiva de que juros subam para 10,00% em novembro provocou recuo de 1,22% da moeda americana, cotada a R$ 2,1790


Fabrício de Castro, da Agência Estado
SÃO PAULO - A alta de 0,50 ponto porcentual da Selic, anunciada quarta-feira, 9, pelo Copom, e a perspectiva de que a taxa básica de juros (Selic) alcançará os 10% no fim de novembro dispararam nesta quinta-feira, 10, o forte recuo do dólar ante o real.

Ao repetir o comunicado de suas reuniões anteriores de política monetária, o BC sinalizou na quarta-feira, na visão do mercado financeiro, que o juro continuará subindo para conter a inflação. E juro mais alto pode significar mais dólares entrando no Brasil.O dólar à vista negociado no mercado de balcão cedeu 1,22%, para R$ 2,1790. Este é o menor patamar de fechamento desde 18 de junho deste ano.
"Ficou difícil apostar no dólar", resumiu Paulo Fujisaki, gestor da área câmbio da corretora Socopa, lembrando que o Banco Central também segue com sua estratégia de injeção diária de recursos no sistema. Hoje, o BC vendeu mais 10 mil contratos de swap (equivalentes à venda de moeda no mercado futuro). "Claro que o Brasil tem risco, mas o retorno (com a Selic) compensa isso. E o negócio do estrangeiro é ganhar dinheiro", acrescentou Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
Na quarta, após anunciar a alta de 0,50 ponto porcentual da Selic, para 9,50%, por decisão unânime, o Copom divulgou o mesmo comunicado das reuniões anteriores, de maio, julho e agosto. Nele, os diretores do BC afirmaram que a decisão "contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano". Para o mercado, o documento sinaliza novo aumento de 0,50 ponto porcentual para a Selic em novembro.
Assim, a moeda americana recuou durante toda a sessão ante o real, ajudada ainda pelos sinais de uma possível solução para o impasse orçamentário nos Estados Unidos. Na cotação máxima do dia, vista às 9h21, a moeda atingiu R$ 2,1980 (-0,36%) e, na mínima, às 13h26, marcou R$ 2,170 (-1,63%). Perto das 16h30, conforme a clearing de câmbio da BM&FBovespa, o giro no mercado à vista somava US$ 1,211 bilhão, sendo US$ 1,044 bilhão. No mercado futuro, o dólar para novembro caía 1,24%, para R$ 2,1915, com giro consistente, próximo de 16 bilhões.
"O Copom pesou sobre o dólar, a escolha de Janet Yellen para o comando do Fed também e ainda há a expectativa de um acerto nos EUA sobre o impasse fiscal. Esta união de fatores colocou o dólar no negativo", comentou profissional da mesa de câmbio de um banco. Durante o dia, no entanto, ele citou fluxos de recursos negativos, com importadores aproveitando o dólar em patamares mais baixos para fechar operações.
Apesar do recuo de hoje, profissionais ouvidos pelo Broadcast não descartam ajustes em alta do dólar amanhã ou mesmo nas sessões seguintes. Tudo porque o cenário nos Estados Unidos ainda inspira preocupações e parece claro que o Federal Reserve, em algum momento, iniciará a retirada de seus estímulos à economia, o que deve dar força à moeda americana. Neste sentido, a perspectiva é de que a moeda americana, ante o real, oscile por enquanto em patamares próximos de R$ 2,20.

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