Câmara cria comissão para apurar se houve maus-tratos no Instituto Royal

Ativistas invadiram centro de pesquisas na última sexta e levaram 170 cães.

Deputado federal disse que centro de pesquisa parecia 'campo nazista'.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
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A Câmara criou nesta terça-feira (22) uma comissão externa, formada por seis deputados federais, para investigar denúncias de maus-tratos supostamente praticados pelo Instituto Royal, em São Roque (SP), a cães da raça beagle. Os trabalhos do colegiado serão coordenados pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) e Ricardo Tripoli (PSDB-SP) será o relator.
Os outros quatro parlamentares que integrarão a comissão são: Alexandre Leite (DEM-SP), Antônio Roberto (PV-MG), Ricardo Izar (PSD-SP) e Roberto de Lucena (PV-SP).
Na última sexta (18), ativistas entraram no centro de pesquisas e levaram 178 cachorros e sete coelhos utilizados como cobaias. Segundo eles, os animais sofriam maus-tratos, o que a direção do instituto nega.
O ambiente que eu vi lá é um ambiente de tortura. Parecia um campo de concentração nazista"
Protógenes Queiroz (PCdoB-SP),
deputado federal
Protógenes Queiroz disse que esteve no centro de pesquisas e encontrou um cenário semelhante a um "campo de concentração". "O ambiente que eu vi lá é um ambiente de tortura. Parecia um campo de concentração nazista. Eu como delegado, e delegado está acostumado a ver pessoas esquartejadas, eu nunca me senti tão mal como me senti lá", afirmou.
O deputado afirmou que a comissão deverá elaborar um projeto de lei para proibir ou regulamentar o uso de animais em pesquisas científicas. Não há prazo para o funcionamento da comissão nem para a apresentação da proposta.
"Nosso objetivo é propor uma lei ou complementar a legislação sobre pesquisa científica com animais. Pelas informações que coletamos não se utilizam animais em pesquisas para medicamentos e cosméticos no exterior, em países desenvolvidos. A minha proposta como coordenador é de não haver nenhum tipo de pesquisa com animais", defendeu.

Os manifestantes acusam o instituto de maltratar cães da raça beagle usados em pesquisas e testes de produtos cosméticos e farmacêuticos, além de usar no trabalho também coelhos e ratos.
Entenda o caso

Motivados pelas suspeitas de que os bichos sofriam maus-tratos no local, dezenas de ativistas derrubaram um portão e invadiram, por volta das 2h da última sexta-feira (18), o laboratório do Instituto Royal, em São Roque, a 59 km de São Paulo. Eles levaram em carros próprios 178 de cães que estavam no complexo,além de sete coelhos.
Segundo os ativistas, uma denúncia anônima havia alertado que os cães estariam sendo sacrificados desde as 14 hora de quinta-feira (17) com métodos cruéis e que os corpos estariam sendo ocultados em um porão.
O Instituto Royal afirma que realiza todos os testes com animais dentro das normas e exigências do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e que a retirada dos animais do prédio prejudicou o trabalho que vinha sendo realizado. Segundo o laboratório, que classificou a invasão como ato de terrorismo, a ação dos ativistas vai contra o incentivo a pesquisas no país.

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