Cem mil esperam papa Francisco em Assis

Diante do túmulo do santo que lhe inspirou o nome, pontífice deve tratar da riqueza da Igreja; Vaticano anuncia mudanças na Secretaria de Estado


Jamil Chade e Marcelo Godoy
Em uma visita repleta de símbolos que marcam seu pontificado, o papa Francisco chega nesta sexta-feira, 4, a Assis, na Itália, no dia do santo que lhe inspirou o nome e os principais temas de seu papado: o cuidado pastoral dos necessitados, a defesa da paz e a preservação do meio ambiente. No santuário, segundo o jornal La Repubblica, ele deve pedir à Igreja que se despoje das riquezas como fez o santo que fundou o movimento mendicante.
Para o padre e historiador José Oscar Beozzo, o papa dará seu testemunho pessoal, pois Assis está na raiz espiritual de seu papado. "O movimento mendicante foi a forma de levar a Igreja a dialogar com seu tempo, quando a vida renascia nas cidades, impulsionada pelo comércio, no fim da Idade Média. Francisco abraçou os pobres."
A Igreja estima que 100 mil acompanhem a visita. Além de orar no túmulo do santo, Francisco almoçará com pobres atendidos pela Caritas. Mais uma vez, o papa segue os passos de João XXIII, responsável pela convocação do Concílio Vaticano 2.º.
Em 4 de outubro de 1962, João XXIII deixou Roma para ir a Assis às vésperas da abertura do concílio que mudou a Igreja. Francisco faz a mesma peregrinação no momento em que a comissão de oito cardeais por ele nomeada para reformar a Igreja começa a chegar às primeiras conclusões, conforme disse nesta quinta-feira o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Acabando com o "centralismo de Roma" e dando poderes às igrejas espalhadas pelo mundo, Lombardi confirmou que a Igreja terá nova Constituição Apostólica. Além disso, a Secretaria de Estado - principal cargo do governo do Vaticano - será inteiramente modificada para se tornar uma Secretaria Papal, colocando a Santa Sé a serviço dos fiéis, e não do poder do Estado. Segundo Lombardi, haverá uma "a reforma total da organização da Cúria".
Processo. A primeira etapa será a elaboração da nova Constituição Apostólica, que substituirá a atual, a Pastor Bonus, feita em 1988 por João Paulo II. O documento regula a forma pela qual a Cúria opera e a divisão de poderes na Santa Sé.
A pauta da comissão inclui o tratamento dado aos divorciados. O papa já indicou que está disposto a rever as regras para a comunhão dos divorciados que voltam a se casar e as regras da anulação de matrimônios.

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