Dilma é 'chantageada' para manter alianças, diz Marina

Ex-ministra disse que não consegue imaginar 'que a presidente Dilma possa se sentir tranquila em mais quatro anos sendo chantageada dentro do Congresso'


ISADORA PERON E JOSE ROBERTO CASTRO - Agência Estado
A ex-senadora Marina Silva voltou a criticar nesta terça-feira, 15, o presidencialismo de coalizão, com loteamento de cargos no governo em troca de apoio no Congresso. Para Marina, com o atual sistema, a presidente Dilma Rousseff é "chantageada" a entregar pastas para manter seu quadro de alianças.
Ex-senadora foi a única entrevistada do Programa do Jô que vai ao ar nesta quarta-feira - José Patrício/ Estadão
José Patrício/ Estadão
Ex-senadora foi a única entrevistada do Programa do Jô que vai ao ar nesta quarta-feira
"Eu não consigo imaginar que a presidente Dilma possa se sentir tranquila em mais quatro anos sendo chantageada dentro do Congresso. O meu movimento e o do Eduardo já criou um grupo que está pressionando a presidente para que, se não houver mais acenos, eles podem sair da base. Eu acho isso um horror. Isso tem que acabar", afirmou. Segundo Marina, é possível fazer uma coalizão com "os melhores de cada partido" reunidos em torno de uma discussão "programática".
A declaração foi dada durante entrevista ao Programa do Jô, da Rede Globo, que vai ao ar na madrugada desta quarta-feira, 16. Marina, que foi ministra do Meio Ambiente durante cinco anos no governo Lula, defendeu que é preciso que os governantes tenham um projeto de País e não de poder, para que os projetos não mudem a cada troca de governo.
Ao falar da aliança com o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a ex-ministra disse que o líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado, foi coerente ao pedir para desfazer o acordo que havia feito de apoiar a provável candidatura de Campos à Presidência. Caiado é um dos principais representantes da bancada ruralista na Casa. "Ele tem uma postura contrária ao desenvolvimento sustentável, que com certeza não teria como prosperar nessa aliança (Rede e PSB). Então ele pediu para sair e está correto", disse.
Possível Candidatura. Segundo ela, a aliança com o PSB foi construída levando em conta a possível candidatura do governador de Pernambuco e presidente do partido, Eduardo Campos, à Presidência da República. Segundo a ex-senadora, Eduardo agora sabe que, a candidatura era uma possibilidade, agora tem uma base de realidade. "Mas temos que ter humildade. Como disse alguém, é uma união de anões, os gigantes continuam no olimpo".
Marina não especificou quais seriam os gigantes, mas pelas críticas à polarização entre PT e PSDB no cenário, não deixou dúvidas sobre quais os adversários a serem batidos em 2014. Segundo a ex-senadora, quando a polarização se cristaliza, como no caso brasileiro, a oposição só vê defeitos mesmo quando os acertos são evidentes; e situação só enxerga acertos, mesmo em um cenário ruim. Este cenário, segundo a ex-senadora, leva à estagnação.
"Há uma busca de que a eleição de 2014 aconteça no terreno da polarização PT x PSDB. Parece que as pessoas já descobriram que essa é a forma mais fácil de não discutir ideias e apenas entrar no ringue para embate", afirmou."Chegou a hora de a nova república aposentar a velha república".
Única entrevistada de um programa especial, Marina usou os três blocos para explicar os motivos que a levaram a escolher o PSB, falar das dificuldades em convencer os militantes da Rede Sustentabilidade de que este é o melhor caminho e lembrar do passado e da alfabetização tardia. Segundo Marina, a aliança informal entre os dois partidos, já que a Rede não existe de fato, ainda está sendo metabolizada pelas partes em um processo de acertar as arestas. No próximo dia 29 haverá um seminário para que as bases de PSB e Rede discutam um programa para a aliança.

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