Estudo traça mapa da violência sexual contra as crianças

Jornal Cruzeiro do Sul
Levantamento do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) aponta que 99% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em Sorocaba ocorreram em ambiente familiar. Das vítimas, 93 são do sexo feminino e 18, masculino. Neste ano, a entidade fez 111 atendimentos, entre janeiro e setembro. O relatório demonstra aumento no número de atendimentos: em 2007 foram 79 casos do tipo, contra 184 em 2012. Os 111 atendimentos são apenas "a ponta do iceberg". "Certamente existem mais casos, mas que não são denunciados, e eles ocorrem em todas as faixas sociais e econômicas", ressalta Sueli Cardia, coordenadora do Creas. 

As informações foram divulgadas ontem, durante a apresentação do Plano municipal de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes. O evento, no auditório da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), reuniu representantes da Prefeitura de Sorocaba, Câmara, Conselho Tutelar, Creas, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e de outras entidades. "Nós imaginamos que existam muito mais casos e o nosso objetivo é fazer com que eles se transformem em denúncias e, dessa forma, sejam elaboradas estratégias de ação", enfatiza a vice-prefeita de Sorocaba e titular da Secretaria de Desenvolvimento Social, Edith Maria Garboggini Di Giorgi. 

O Creas foi implantado pela Prefeitura em abril de 2006, em parceria com o Governo Federal. O objetivo é prestar atendimento contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Segundo Sueli, a maior quantidade de vítimas do sexo feminino tem relação com o preconceito relacionado ao tema. "A maior parte das ocorrências ocorre em ambiente familiar, com a ação de padrastos", completa o presidente do CMDCA, Archimedes Alvarenga. 

As experiências relacionadas ao tema foram analisadas durante dois anos e meio de estudo e resultaram no plano municipal. "O documento está em fase de consulta pública e é uma diretriz para que o conteúdo se torne uma política pública", conta Ione Aparecida Xavier, presidente da Comissão municipal de enfrentamento da violência sexual. Um dos objetivos é implantar um sistema integrado de atuação entre as delegacias, Conselho Tutelar, Ministério Público, Poder Judiciário e Defensoria Pública. A ideia é proporcionar ainda a troca de informações entre essas entidades para quantificar o número de casos e direcionar o atendimento às vítimas. Outras solicitações são a garantia de orçamento público destinado à execução do plano, criação de um observatório da violência sexual, promoção de ações nas escolas relacionadas ao tema, capacitação dos profissionais da rede de atendimento e implantação de uma delegacia especializada. 

Os integrantes da comissão pretendem conversar com representantes do Legislativo, Executivo e do Judiciário, para transformar em realidade o que foi planejado. Denúncias contra violência sexual podem ser feitas pelos telefones 100 e 181.

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