Fazenda com criação de beagles recebe ameaça em São Roque


Proprietários criam os animais há mais de 10 anos e negam relações com o Instituto Royal



José Maria Tomazela
SOROCABA - Donos e funcionários da Fazenda Angolana, que mantém uma criação debeagles há mais de dez anos em São Roque, no interior, estão vivendo dias de pavor. Alegando que a fazenda fornece os cães para o Instituto Royal, invadido por ativistas na madrugada de sexta-feira, dia 18, sob a alegação de maus-tratos contra cães e coelhos usados como cobaias, grupos ameaçam invadir também a propriedade rural. Os donos registraram três boletins de ocorrência na Polícia Civil e contrataram seguranças. "Aqui moram nossas famílias, há crianças, e eles estão falando em invadir", diz a proprietária do local, Monica Parachin.
As ameaças foram feitas pela internet e por telefone. Três grupos de ativistas estiveram na fazenda e quiseram ver os animais. Monica disse que a criação era pequena, com cerca de trinta animais, e voltada para pessoas que gostam de cães. "Eles quiseram ver os cães e usar detectores de chip para confirmar se eram criados para o instituto e nós permitimos. Não temos nada a esconder, mas as ameaças continuam", afirma.
Monica alega ser alvo de difamação. "Querem forçar uma relação com o instituto que não existe", declara. A fazenda é voltada ao turismo rural há trinta anos e recebe visitas de escolas.
Ativistas que levaram cães do Instituto Royal escondem os animais para evitar que sejam apreendidos e usados como prova do furto, segundo a Polícia Civil. Com a invasão da sede do instituto, foram levados 178 cães, supostamente submetidos a maus-tratos - dois foram recuperados.
Investigadores do município estiveram na casa de pessoas vistas com os cães em imagens feitas durante a invasão, mas não encontraram os animais. O delegado Marcelo Pontes acredita que os beagles foram repassados a outras pessoas para evitar a apreensão. Se for confirmada, a estratégia pode ser interpretada como obstrução à investigação e levar a um pedido de prisão.
Até esta segunda-feira, dia 22, tinham sido expedidas intimações para mais de vinte pessoas que serão ouvidas nos inquéritos que apuram a invasão e as denúncias de maus-tratos. A promotoria de São Roque do Ministério Público Estadual vai acompanhar as investigações da polícia. Grupos de defesa dos animais continuam mobilizados nas redes sociais contra o uso de cães como cobaias. Uma petição pública pedindo o fechamento do instituto e a proibição de testes com os animais obteve mais de 400 mil assinaturas.

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