Marina vai para o PSB e anuncia apoio à candidatura de Campos ao Planalto

Ex-ministra do Meio Ambiente, que teve partido rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral, poderá ser vice na chapa do governador de Pernambuco


Eduardo Bresciani e Débora Álvares - O Estado de S. Paulo -
BRASÍLIA - Sem partido após a Justiça Eleitoral negar registro à Rede, Marina Silva se filiou neste sábado, 5, ao PSB de Eduardo Campos e anunciou apoio à candidatura do governador de Pernambuco à Presidência da República. Aliados da ex-ministra do Meio Ambiente disseram que há a possibilidade de ela vir a ser vice na chapa.
Marina e Campos durante anúncio da filiação da ex-senadora ao PSB - Dida Sampaio/Estadão
Dida Sampaio/Estadão
Marina e Campos durante anúncio da filiação da ex-senadora ao PSB
O anúncio da aliança ocorreu em um hotel em Brasília, com direito a hino nacional e discursos de Marina e Campos, ambos ex-ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Pelo acordo costurado às vésperas do fim do prazo de filiação partidária - encerrado neste sábado -, o PSB vai abrigar os órfãos da Rede até sua formalização. O movimento altera o quadro eleitoral e une a dupla numa "terceira via" diante da tradicional polarização entre PT e PSDB.
Marina afirmou que escolheu esse caminho para fugir da previsibilidade de ficar sem partido ou ser candidata por outro. Ironizou a situação dizendo que foi várias vezes questionada sobre um "Plano B", para o caso de a Rede não sair, mas nunca sobre um "Plano C", letra inicial do sobrenome do neoaliado.
A ex-ministra disse que a aliança entre os dois é programática e não tem mero objetivo eleitoral. Sustentou por diversas vezes que sua Rede foi "cassada na planície" pela atuação dos cartórios eleitorais - a Rede não obteve o número de assinaturas necessárias para sua criação. "Somos o primeiro partido clandestino criado em plena democracia", afirmou.
Marina deixou claro que seu movimento é de adesão ao projeto presidencial de Campos. Mencionou várias vezes que o governador de Pernambuco é o candidato da dupla. "Entro para adensar o programa de uma candidatura já posta", disse.
Marina sustentou haver proximidade nos ideais dos dois partidos e comparou as pressões recebidas por ela às sofridas pelo governador para não disputar a eleição do ano que vem. "Aqui tem um governador que trabalhou para viabilizar candidatura legítima à Presidência da República, trabalhando para não ser cassado, de forma diferente da minha, mas igualmente com o risco de ser cassado, sendo minado", afirmou.
Contas. O governador também comentou o assunto ao ver sua candidatura se viabilizar como terceira via para 2014. "Estou consciente de que aqueles que esperavam nos colocar fora do processo e reduzir a participação da sociedade hoje estão refazendo as suas contas", afirmou Campos.
"Nós hoje estamos quebrando uma falsa polarização." O pernambucano ironizou ainda as pesquisas e previsões para as próximas eleições. "Esse ato dá aula de política a muitos doutores que ficaram fazendo cenários, prospecções, julgamentos, lançaram sentenças e esqueceram a poesia: onde não há caminho, nós voamos", afirmou.
Após os discursos, ao ser indagada se via influência do governo na rejeição da Rede, que teve várias assinaturas de apoio descartadas nos cartórios, Marina respondeu: "Lamento profundamente que as mesmas coisas que combati no passado, eu hoje tenha que vê-las acontecendo nesse nosso processo de criação da Rede. Vejo um risco de aviltamento da nossa democracia."
Omissão. Marina fez referências aos avanços obtidos pelo País nas últimas décadas e citou nominalmente os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula, mas ignorou Dilma. Afirmou que a aliança com Campos é para evitar que conquistas como a estabilidade econômica e a inclusão social, sejam perdidas.
Campos lembrou que seu partido entregou os ministérios que ocupava apenas no mês passado e afirmou que o processo do PSB envolve a discussão de uma alternativa para o País. O governador também fez elogios a Marina.
"É a (decisão) que mais contribui para que o Brasil mude e possamos enterrar a velha política. Vamos andar o Brasil juntos para espalhar esperança no nosso povo", disse. Estendeu os elogios à Rede, repetindo argumentos de Marina de que o grupo já é um partido por ter militância e um programa.
Sem falar. Apesar de a candidatura de Marina a vice ficar implícita e ser confirmada por aliados de ambos, os dois evitaram falar da formação da chapa. Afirmaram que os próximos passos envolvem o aprofundamento das discussões para a elaboração de um programa político.
Em documento lido durante o evento, PSB e Rede falam em "combater o atraso da política" e "superar velhos hábitos e vícios". "Chegou a hora de o estado ser finalmente comandado pelo provo brasileiro", diz um trecho desse documento.

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