Polícia do Rio ainda não identificou nenhum atirador em protesto do Dia dos Professores

Dois jovens foram baleados na terça-feira, 15 de outubro; essas são as primeiras ocorrências de ferimento por arma de fogo desde o início dos protestos, em junho de 2013


Marcelo Gomes - O Estado de S. Paulo
RIO - Três dias após a manifestação em apoio à greve dos professores da rede municipal do Rio que registrou os primeiros casos de emprego de arma de fogo, a Polícia Civil fluminense ainda não conseguiu identificar nenhum autor dos disparos. Após o protesto da terça-feira, 15, Dia do Professor, mais uma vez as ruas do Centro do Rio tornaram-se palco de atos de vandalismo, que resultaram em duas pessoas baleadas. Além disso, um vídeo divulgado pela TV Globo mostra dois homens efetuando disparos para o alto. Os três episódios estão sendo investigados pela 5ª Delegacia de Polícia (Lapa).
No primeiro caso, o estudante Rodrigo Gonçalves Azoubel, de 18 anos, foi baleado nos dois antebraços, quando estava na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Santa Luzia, onde um ônibus da PM foi incendiado na noite de terça, 15. Ele foi levado para a Clínica São Vicente, na Gávea, onde foi operado e permanece internado. O rapaz deverá ter alta na semana que vem.
Inicialmente o caso foi registrado na 15ª DP (Gávea), sob o número 015-10776/2013. Ele foi ouvido informalmente no leito do hospital. Na ocasião, revelou que foi socorrido por um amigo, identificado apenas como Alessandro. A 5ª DP, que assumiu a investigação, ainda não tomou as declarações de Alessandro. Azoubel ainda não depôs formalmente.
Já Rafael Santana Santos, de 24 anos, procurou a 5ª DP na noite da última quarta-feira, 16. Ele contou que estava na Avenida Rio Branco, próximo ao Clube Militar, quando foi baleado de raspão no ombro. O projétil ficou alojado no bolso da jaqueta do rapaz.
Além do depoimento da vítima, no inquérito consta o encaminhamento dele para exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal. O projétil e a jaqueta serão periciados pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Os laudos não foram anexados à investigação, número 005-10776/2013.
Nos dois procedimentos, a 5ª DP ainda não conseguiu imagens de câmeras próximas que possam ajudar a identificar os atiradores.
A mesma delegacia ainda tenta identificar quem são os dois homens que aparecem atirando com arma de fogo na mesma manifestação num vídeo divulgado pela TV Globo. Este é o procedimento mais atrasado de todos.
Policiais da 5ª DP atribuem a lentidão nas investigações à falta de efetivo para dar conta de todas as ocorrências. A reportagem esteve na tarde desta sexta-feira, 18, na delegacia, mas não encontrou o delegado titular, Alcides Pereira. Procurada pelo Estado, a assessoria de imprensa da Polícia Civil limitou-se a dizer, em nota, que "por enquanto o delegado não está divulgando detalhes da investigação".
Corregedoria. Vídeos publicados na internet mostram vários policiais militares fardados efetuando disparos de arma de fogo na manifestação da última terça. Procurada, a PM disse que "foi aberta uma sindicância para avaliar a conduta desses policiais".
Em relação a denúncias envolvendo a atuação de PMs em outras manifestações, a Corregedoria da corporação concluiu três sindicâncias. Na primeira, um policial que aparece agredindo uma mulher na Lapa, em vídeo divulgado em 28 de agosto, foi indiciado por lesão corporal. O caso foi encaminhado à Justiça Militar.
Uma segunda sindicância aberta para apurar ligação de PMs que atuaram no protesto de 22 de agosto com milícias foi arquivada por falta de provas.
Um policial acusado de utilizar uma rede social para defender o uso de armas de fogo nas manifestações será punido disciplinarmente. A pena ainda não foi estabelecida porque o PM entrou com recurso.
A Coordenadoria de Inteligência instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para avaliar a conduta de um policial que estava no telhado da Câmara de Vereadores na manifestação do dia 1º de outubro. O policial foi excluído do Serviço Reservado e seguirá afastado até a conclusão do procedimento.

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