Prefeitura promete ampliar tratamento


Novas unidades e mais profissionais estão entre as principais ações


Míriam Bonora
miriam.bonora@jcruzeiro.com.br

Após a repercussão sobre o problema do uso de drogas, principalmente o crack, em diversos pontos de Sorocaba, a prefeitura anunciou ontem um conjunto de ações para ampliar e descentralizar o tratamento oferecido aos dependentes químicos. Dentre as iniciativas estão a implantação de mais dois Centros de Atenção Psicossocial 24 horas (Caps AD III) no primeiro semestre de 2014, a criação de um Centro de Acolhimento até final de novembro e a contratação de médicos psiquiatras ainda este ano para o Serviço Móvel de Urgência (Samu).

As ações foram divulgadas durante uma oitiva na Câmara Municipal, proposta pelo vereador Rodrigo Manga (PP), que ocorreu das 14h às 17h. Para os esclarecimentos, estiveram presentes o secretário da Saúde, Armando Raggio; a vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social, Edith Di Giorgi; a coordenadora de Saúde Mental do município, Luciana Togni, e a presidente do Conselho Municipal sobre Drogas de Sorocaba (Comad), Maria Clara Scheneidman.

O secretário da Saúde anunciou que, após a implantação do primeiro Caps AD III da cidade - que iniciou as atividades nesta segunda-feira -, mais duas unidades de atendimento a dependentes químicos com atendimento 24 horas por dia estarão em funcionamento ainda no primeiro semestre de 2014. "Além dessas unidades, planejamos implantar mais três Caps Infanto-juvenis e outros três Caps III com foco em saúde mental geral", prevê Raggio.

E para dar suporte a essas unidades, está prevista a contratação de médicos psiquiatras para atendimento no Samu no período noturno e aos finais de semana, períodos em que a cidade ainda não conta com esse profissional. Luciana Tagni comenta que a contratação será por processo seletivo, que o edital está sendo finalizado e devem ser selecionados cinco médicos psiquiatras. "Esperamos esses médicos ainda para este ano. A intenção é já para novembro", diz a coordenadora de Saúde Mental. Ela comenta que esses médicos atuarão na regulação dos serviços de urgência, orientação das equipes e em alguns casos acompanhamento dos atendimentos.

Outras ações previstas ainda para este ano são a implantação de um Centro de Acolhimento na avenida Comendador Pereira Inácio, 763, no Centro, que encaminhará os dependentes químicos para o tratamento adequado e deve estar pronto até o final de novembro, como promete Edith. A vice-prefeita frisa ainda que são feitas abordagens sociais junto aos usuários - e não rondas com efeito de repressão -, além da atuação do consultório de rua pelas equipes da saúde, ambas com objetivo de criar vínculos e convencer os dependentes a aceitar o tratamento. 

Para a vice-prefeita, havia dificuldade de realizar ações mais eficazes no tratamento ao uso de álcool e drogas na antiga gestão, do governo Vitor Lippi (PSDB), quando ela era secretária da Juventude. "Não havia o entendimento da Secretaria da Saúde (SES) de que a droga é uma questão de saúde importante, ao contrário dessa administração em que a SES tem sido extremamente parceira", relata Edith.
 
Internações e acolhimentos institucionais 
Os secretários e funcionários da prefeitura afirmaram durante a oitiva que o foco das ações não são as internações, mas a ampliação das possibilidades de tratamento, o acolhimento terapêutico, participação e fortalecimento da família e das comunidades para que o dependente químico seja reinserido socialmente. Porém, há alguns casos que necessitam ou de uma permanência mais longa em uma comunidade terapêutica, chamado de acolhimento institucional, ou então de uma intervenção em uma estrutura hospitalar. "Há algumas pessoas que apresentam um quadro de intoxicação ou comprometimento clínico. Estas sim precisam de internação em uma clínica psiquiátrica", explica Luciana.

Para os acolhimentos institucionais há 105 vagas atualmente, realizados nas instituições parceiras Ong Lua Nova, Grupo de Apoio Santo Antonio (Grasa) e Esquadrão Vida, além de possibilidade de pernoite com oito leitos no Caps AD III. Para as internações, há apenas o Hospital Psiquiátrico Teixeira Lima, no qual há negociações para ampliação de leitos, de acordo com Luciana. Ela comenta ainda que estão previstos 15 leitos de internação para saúde mental, incluindo dependência química, no projeto do Hospital Público da zona norte, a ser construído na antiga garagem da TCS.

Outra medida, segundo a coordenadora de Saúde Mental, será a capacitação de profissionais nos Pronto-Atendimentos e Unidades Pré-Hospitalares. "O objetivo é ampliar, qualificar e diversificar a rede de acesso para que essas unidades também possam acolher pessoas em quadros agudos como intoxicação", relata Luciana.

A vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social critica, porém, a denominação de "minicracolândias" na cidade. "Eu não entendo que se configure como cracolândia, mas como uma série de locais onde há consumo de drogas em Sorocaba. Geralmente são imóveis abandonados ou com matagal. Nós estamos conversando com a Secretaria de Serviços Públicos para intensificar a limpeza de terrenos, além de acionar proprietários de imóveis particulares, para evitar que haja espaços propícios para o consumo de drogas", conta Edith.

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