Volks investirá R$ 520 milhões para produzir novo Golf no Paraná

Modelo começou a ser vendido no Brasil em setembro, importado da Alemanha; retomada da produção da Audi no Brasil viabilizou a ampliação da fábrica da Volks de São José dos Pinhais


Ricardo Della Coletta e Rafael Moraes Moura, da Agência Estado
 

BRASÍLIA e SÃO PAULO - A Volkswagen do Brasil confirmou nesta quinta-feira investimentos de R$ 520 milhões para produzir, na unidade de São José dos Pinhais (PR), a sétima geração do Golf, modelo recém-lançado na Europa e que começou a ser vendido no País no mês passado, inicialmente importado da Alemanha.Atualizado às 20h50
Esse foi o terceiro anúncio de investimentos de montadoras alemãs feito nas duas últimas semanas à presidente Dilma Rousseff, num total de R$ 1,52 bilhão.
Em meados de novembro, a Audi (marca pertencente à Volkswagen) informou que voltará a produzir carros no Brasil, com um investimento de R$ 500 milhões. Na segunda-feira foi a vez da Mercedes-Benz comunicar sua volta ao segmento de automóveis, também com aporte de R$ 500 milhões.
A volta da Audi, aliás, tornou viável a produção do Golf, pois ele será fabricado na mesma plataforma (base) do sedã A3, o escolhido da subsidiária, que também fará o utilitário Q3.
As duas marcas vão repetir a parceria mantida entre 1999 e 2006, quando produziam as versões antigas de A3 e Golf na fábrica paranaense. O Golf antigo (quarta geração) ainda está em produção e não há informações se sairá de linha antes de 2015, quando terá início a produção da nova versão, muito mais avançada tecnologicamente. Para produzir o novo Golf, carro mais vendido da marca no mundo, a Volkswagen ampliará a fábrica do Paraná, que também produz a linha Fox. A capacidade diária passará de 840 para 1 mil veículos por dia. Serão abertas entre 400 e 700 vagas na unidade, que emprega atualmente 3,5 mil funcionários.
Num discurso marcado por otimismo em relação ao potencial brasileiro, o presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, lembrou que o País é o segundo maior mercado da companhia fora da Alemanha, atrás apenas da China.
"Acreditamos que o Brasil crescerá junto com a Volkswagen nos próximos anos", disse Schmall. O grupo tem plano de tornar-se o maior fabricante mundial de veículos até 2018, posto ocupado pela Toyota.
"Queremos defender o segundo maior mercado do grupo, por isso estamos investindo forte no Brasil", afirmou Schmall. Com o novo aporte, o plano de investimento da empresa para 2010 a 2016 passa de R$ 8,7 bilhões para R$ 9,2 bilhões.
Schmall destacou que o Brasil está se mostrando um jogador importante no mercado mundial. "O Neymar da seleção é agora o Brasil para o grupo Volkswagen", brincou. "E claro que o grupo está cuidando do Neymar."
Sobre o potencial do mercado, ele disse acreditar que o País tem condições de chegar a 2018 com produção anual de 5 milhões de carros. Ressaltou que, atualmente, cerca de 40% dos brasileiros não conseguem comprar um carro, cenário que deve mudar nos próximos anos.
O presidente da Volkswagen disse ainda que o novo regime automotivo, o Inovar-Auto, "teve um grande impacto" na decisão da Volkswagen de ampliar investimentos no País.
Os recentes anúncios de investimentos de construção ou ampliação de fábricas no Brasil, superiores a R$ 3 bilhões, foram acelerados pelo Inovar-Auto, em vigor há um ano, na avaliação de analistas. Vários projetos anunciados desde então, contudo, já estavam em estudo quando o programa - que privilegia a nacionalização da produção por meio de incentivos tributários - foi lançado.
Pelas regras do Inovar-Auto, os veículos das montadoras com processo produtivo nacional ou em fase de instalação têm redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). Modelos importados, por sua vez, recolhem o imposto com 30 pontos adicionais na alíquota e têm apenas uma cota isenta da taxa extra.
Flex. O novo Golf hatch terá motor flex em três versões: 1.4, 1.6 e 2.0. Os modelos importados são movidos apenas a gasolina e vendidos por valor que varia de R$ 68 mil a R$ 95 mil. Disputam mercado com Ford Focus, Chevrolet Cruze, Hyundai i30, Peugeot 308, Citroën C4, Nissan Tiida e Fiat Bravo.
A Volkswagen é a segunda maior marca em vendas de automóveis e comerciais leves no País, com 496,4 mil unidades de janeiro a setembro, e uma participação de 18,8% no mercado.
Além da fábrica do Paraná, o grupo tem unidades de automóveis em São Bernardo do Campo e Taubaté, e de motores em São Carlos (SP). / RICARDO DELLA COLETTA, RAFAEL MORAES MOURA, CLEIDE SILVA e GUSTAVO PORTO

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