Brasil não deve ser rebaixado pela Moody's

Agência deve manter rating do País neste ano e em 2015, diz diretor; S&P rebaixou o Brasil há duas semanas


Ricardo Leopoldo e Fernando Travaglini, da Agência Estado - Atualizada às 18h20
SÃO PAULO - O diretor da Moody's, Mauro Leos, afirmou nesta quinta-feira, 3, que a agência internacional de rating muito provavelmente não deverá alterar o rating e a perspectiva do Brasil em 2014 e no próximo ano. Na última semana, a S&P, outra das mais importantes agências de risco do mundo, rebaixou a nota de crédito brasileira.

"Esta seria uma taxa de expansão baixa do PIB, mas, mais importante que os números, são as políticas adotadas pelo futuro governo. Então, se a próxima administração adotar medidas adequadas na área fiscal e para aumentar o controle da inflação, o crescimento pode diminuir, mas em função de ajustes favoráveis para a economia no médio e longo prazos", ponderou.
"Não vemos sinais de mudanças da perspectiva para o Brasil em 2015, mesmo que PIB cresça apenas 1%", destacou.
"É improvável que tomemos decisão sobre perspectiva do Brasil em 2015."
Baixo crescimento, alta inflação. O cenário macroeconômico para o Brasil vislumbrado por Leos não é bom. "Estimamos que o crescimento neste ano ficará ao redor de 2%, com inflação próxima a 6%. E vemos que esse cenário de crescimento baixo e inflação alta deve ser mantido nos próximos dois ou três anos", disse, em entrevista coletiva em São Paulo.
"O crescimento de 2% para o Brasil é baixo. Mas pode ser que, com uma política de ajustes, essa expansão seja menor, de 1%. Contudo, nesse contexto a perspectiva estável seria o melhor indicador para tal desempenho da economia", disse.
Embora tenha citado que o País "não está bem no front macroeconômico", por ter horizonte de expansão baixo para o seu potencial histórico, com inflação elevada, Leos frisou que as condições externas do Brasil não são piores que de outras nações emergentes.
Ele citou o caso específico da Turquia, que tem uma dívida externa bem mais elevada do que do Brasil, como proporção do PIB. "Por isso, o País tem uma perspectiva estável perante a Moody's", disse.
A companhia estima que o superávit primário deve atingir 1,8% do PIB neste ano. A meta do governo nesta ano é de 1,9% do PIB.
"Como não esperamos mudanças nessa conjuntura, não esperamos surpresas positivas nem negativas para a economia do País no curto prazo.", disse.
Juro real. Para Leos, é possível que o juro real no Brasil volte para o patamar entre 3% e 4% no médio prazo, depois de 2015. Dessa forma, o juro nominal poderia tender para o patamar de 10% nesse período.
"Não descartamos que a Selic poderá ir para 10% no médio prazo", disse em entrevista na tarde desta quinta-feira, em São Paulo.
"A taxa de juro real de 4% pode ser alcançada depois de 2015." Ele ressaltou, no entanto, que essa não é uma projeção para os juros no Brasil.
Segundo Leos, há uma tendência de queda no longo prazo e de convergência a padrões internacionais, o que levaria o juro para um nível mais baixo à frente.
Com relação ao atual ciclo de aperto monetário, ele disse que a "mensagem do BC é que está perto o fim do ciclo de aperto monetário".

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