Campos deixa governo após maratona

Pré-candidato do PSB acelera agenda de inaugurações, mas sai do cargo com pendências na saúde, na educação e no sistema prisional


Isadora Peron (enviada especial) e Ângela Lacerda - O Estado de S. Paulo
Recife - O pré-candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) deixa o governo de Pernambuco nesta sexta-feira, 4, após cumprir uma maratona de inaugurações e visitas a obras no último mês. Foram mais de 70 eventos nesse período.
Governador renunciou para se dedicar integralmente à campanha  - Eduardo Braga/Divulgação
Eduardo Braga/Divulgação
Governador renunciou para se dedicar integralmente à campanha
Nesta quinta, Campos participou da inauguração de alas de três hospitais no Recife. Em duas dessas unidades, no entanto, o pleno funcionamento dos serviços só vai acontecer daqui a 15 dias.
Campos assinou a carta de renúncia ao mandato de governador nesta quinta, 7 anos e 3 meses após tomar posse do cargo, em janeiro de 2007. O ato será publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta.
A transmissão do cargo para o vice, João Lyra Neto (PSB), está marcada para as 17 horas, no Palácio do Campo das Princesas. Na plateia estarão dezenas de correligionários vindos de outros Estados, em mais um ato para marcar o plano do pré-candidato do PSB de disputar o Palácio do Planalto na votação de outubro.
Para não virar alvo da oposição em Pernambuco, Campos cancelou a visita que faria nesta semana a Caruaru para entregar o único hospital que havia prometido construir na campanha de 2010. A obra não ficou pronta a tempo, mas mesmo assim a Secretaria de Comunicação do Estado havia divulgado que a unidade seria inaugurada.
Segundo Campos, o cancelamento da solenidade ocorreu porque não foi possível fazer a seleção e contratação dos profissionais para trabalhar na unidade. "Nós não poderíamos abrir um hospital que não fosse funcionar", disse. O governador prometeu que a obra será entregue por seu sucessor nos próximos 60 dias.
Estado visitou o hospital Mestre Vitalino em Caruaru. O prédio está concluído, mas ainda faltam acabamentos e há poucos aparelhos instalados. Segundo o cronograma oficial, a obra deveria ter sido entregue no fim do ano passado.
Pendências. Apesar de ser um dos governadores mais bem avaliados do País, Campos enfrenta outros problemas semelhantes de atrasos em obras e vai sair do governo deixando uma série de pendências para seu sucessor no Campo das Princesas.
As obras de mobilidade necessárias para quem quer assistir aos jogos durante a Copa do Mundo no Recife estouraram os prazos estabelecidos e devem ser entregues somente em maio, a um mês do início do evento. Um exemplo é a construção do Ramal da Copa no entorno da Arena Pernambuco, que vai facilitar o acesso ao estádio. A obra ainda não foi concluída pelo governo.
Na lista das promessas não cumpridas está a entrega do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga. O complexo começou a ser construído em 2009, durante o primeiro mandato de Campos em Pernambuco, e era apresentado durante a campanha da reeleição como um modelo para a implantação de um novo sistema prisional no Estado.
Essa obra é considerada o ponto mais frágil da gestão de Campos, de acordo com a oposição. Está parada desde 2012 e não tem data para ser retomada. Segundo a assessoria de imprensa do governo, o presídio está sendo construído através de uma Parceria Público Privada (PPP), mas a concessionária responsável enfrentou problemas financeiros e não conseguiu terminá-la.
Escolas. Outras promessas de campanha feitas em 2010 que não vão sair do papel estão na área da educação. Campos havia prometido construir 47 novas escolas técnicas, mas vai entregar apenas 26 unidades até o final do ano.
O projeto de expansão da rede de escolas integrais, uma iniciativa que Campos costuma citar como bom exemplo do seu governo, também andou em ritmo mais lento. Ele prometeu terminar o mandato com 160 escolas que adotassem esse modelo, mas vai entregar 125.

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