Nível da represa do Ferraz diminui 44%

A lâmina de água do reservatório caiu de 50 cm para 28 num período de três dias





Sabrina Souzasabrina.souza @jcruzeiro.com.br
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A represa do Ferraz, principal manancial usado no abastecimento das regiões do Éden, Cajuru e Aparecidinha, voltou a secar a partir desse fim de semana. O nível do reservatório, que estava se mantendo em 50 centímetros de lâmina de água, diminuiu mais 44% em três dias, chegando a apenas 28 centímetros - volume equivalente a 18,6% de sua profundidade considerada normal, que é de acima de 1,5 metro. Com isso, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) iniciou ontem uma operação emergencial para abastecer esses bairros também pelo sistema Itupararanga/Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cerrado, como é feito no restante da cidade. A medida, informa a autarquia, será usada para manter o fornecimento de água na forma de rodízio, como já estava sendo feito desde o último dia 7. Assim, o racionamento - que chegou a durar 36 horas desde sábado - voltaria ser feito de 12 em 12 horas, em horários alternados conforme o bairro.

O nível da represa do Ferraz diminuiu mesmo com o manancial sendo abastecido por mais duas represas particulares, o que começou a ser feito no início do mês. Quando essa operação foi iniciada, a profundidade do reservatório estava em torno de 50 centímetros e as novas injeções de água elevaram esse nível para 70 centímetros. Porém, ressalta o Saae, como esses mananciais também possuem volume de água limitado e problemas de reposição devido a estiagem, a retirada de água é feita através de um monitoramento constante. "Existe grande preocupação de não esgotá-los, fato que causaria prejuízos ao meio ambiente e ao ecossistema existente nos seus entornos", explica por meio de nota. Além disso, como em nenhum momento a represa do Ferraz deixou de ser usada para abastecimento dos mais de 60 mil moradores, a tendência é de que seu nível diminua.

No último fim de semana, o Saae precisou diminuir o número de bombas de captação ligadas para não esgotar a represa do Ferraz. Nesse período, moradores de bairros próximos ao Cajuru chegaram a ficar sem água por 36 horas, já que, segundo a autarquia, essa região possui "mais dificuldades técnicas de abastecimento". Com a constatação de que o reservatório não seria mais suficiente para abastecer, sozinho, as regiões do Éden, Cajuru e Aparecidinha, a autarquia iniciou ontem manobras em registros de rua e testes de pressão naquela região, a fim de injetar água naquele setor da cidade a partir do sistema represa de Itupararanga/Estação de Tratamento de Água do Cerrado. Essa é a primeira vez em que essa ação emergencial é colocada em prática e "deverá ser mantida de acordo com as necessidades". A previsão é de que o abastecimento no Cajuru volte a ser feito das 18h às 6h, conforme inicialmente estipulado.


Reflexo nas torneiras


A ampliação do corte no abastecimento de água, registrado a partir de sábado, atingiu sobretudo os bairros próximos ao Cajuru e refletiu nas torneiras. A professora Selma Simões Valente conta que desde domingo precisa comprar água para usar nas atividades domésticas. "Tenho três filhos pequenos e não tem como deixar de lavar a mamadeira e dar banho neles", reclama. Segundo ela, que desde domingo precisou comprar três galões de água, mesmo quando o bastecimento é liberado, a água vem em quantidade insuficiente para encher a caixa d"água. "Nós temos consciência de que o racionamento é necessário, mas nós precisamos de água pelo menos para encher nossos reservatórios", afirma.

Ainda sem calcular os prejuízos causados em seu comércio pela falta de água, a aposentada Estelita Ferreira da Silva relata que só está conseguindo manter seu carrinho de lanches e sua venda de marmitex com a água retirada de uma mina existente no bairro. "Meu marido tem problema de hérnia, mas mesmo assim vai e volta com dois baldes de água de lá, porque não estamos conseguindo armazenar com o que vem na torneira", comenta ela, que também lava roupas de vizinhos como forma de aumentar a renda. "Para lavar, nós usamos a água da mina, mas para cozinhar não temos outra opção senão comprar", finaliza.


Chuva na quinta


O período de estiagem enfrentado pelos moradores de Sorocaba já é o mais seco em 12 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Entre janeiro e julho deste ano, choveu o equivalente a 507,4 milímetros de água na cidade, índice 32,4% menor se comparado com o mesmo período do ano passado. A última chuva significativa foi registrada na última semana, com um volume de 10,4 mm de chuva. A previsão é de que uma chuva mais forte caia no município amanhã, quando deve chover cerca de 30 mm. A partir de então, os metereologistas do Inmet prevêem que volte a chover com regularidade. (Supervisão: Adalberto Vieira)

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