Nível de emprego na indústria regional se mantém em junho, segundo dados do Ciesp

Segmentos de produtos alimentícios e máquinas contrataram mais; veículos e autopeças tiveram retração


Marcelo Roma
marcelo.roma@jcruzeiro.com.br 

O nível de emprego nas indústrias da região de Sorocaba, composta por 48 municípios, se manteve em junho, conforme pesquisa realizada mensalmente pelo Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp/Fiesp). O resultado foi praticamente estável no mês. "A variação ficou em 0,08%, o que significou um pequeno aumento de aproximadamente 100 postos de trabalho", segundo o relatório da Diretoria Regional do Ciesp de Sorocaba. Em maio, as indústrias da região haviam eliminado 900 vagas, o que aponta para uma recuperação. 

O índice foi influenciado pelas variações positivas dos segmentos de produtos alimentícios (3,05%) e máquinas e equipamentos (1,61%), que mais contribuíram para o cálculo total da região. O resultado só não foi melhor devido às variações negativas dos setores de veículos automotores e autopeças (-3,11%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-1,37%), que influenciaram para baixo o indicador, conforme o relatório do Ciesp. 

No ano, a região acumula um saldo positivo de 1.850 postos de trabalho e nos últimos 12 meses o aumento foi de aproximadamente 5.200. As principais cidades com indústrias são Sorocaba, Itu, Votorantim, Tatuí, Itapetininga, Porto Feliz e Boituva. No município de Sorocaba, o nível de emprego na indústria também praticamente se manteve em junho, com perda de 31 vagas, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na quinta-feira e publicados semana passada no jornal Cruzeiro do Sul. 

No Estado, o desempenho de junho foi o pior desde 2006, quando o levantamento começou a ser feito pelo Ciesp/Fiesp. A indústria paulista demitiu 16.500 empregados no mês, variação negativa de 0,64%. Em maio, houve 12.500 demissões. Nos últimos 12 meses, são 96.500 vagas eliminadas pelo setor no Estado. 

Na divisão por setores, a pesquisa mostrou maior número de demissões na indústria de veículos automotores, reboques e carrocerias, com 3.661 vagas fechadas. Em segundo lugar, ficou o segmento de produtos alimentícios, com 2.566 postos a menos, seguido por confecção de artigos do vestuário e acessórios, com menos 2.562. Apresentaram resultado negativo em junho 70% dos 22 segmentos pesquisados. 

Pelas regiões, Matão, Presidente Prudente e Limeira foram os destaques positivos. Os piores desempenhos tiveram Cotia, Jaú e São Bernardo do Campo. Em Cotia, que registrou índice negativo de 2,76%, móveis e produtos têxteis influenciaram para o resultado, e em São Bernardo, com 1,84% de redução, foram veículos automotores, autopeças e produtos de borracha e material plástico que puxaram o índice para baixo. Das 36 diretorias regionais consideradas na pesquisa, 80% tiveram resultado negativo no nível de emprego em junho. 

Ciesp Sorocaba 

O vice-diretor do Ciesp Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, observa que o emprego nas indústrias da região surpreendeu positivamente, apesar do saldo desfavorável em todo o Estado, o que evidencia uma queda na produção. "Não é marolinha, mas também não é tsunami", compara Syllos, se referindo à situação da região de Sorocaba, que apresentou estabilidade em junho após um número maior de demissões em maio. 

Para o vice-diretor do Ciesp, a diversidade de segmentos, a inovação tecnológica e o direcionamento para exportação de várias empresas ajudaram a manter o nível de emprego e a sustentabilidade das indústrias da região. Ele salienta que o segmento de veículos e autopeças recebe o maior impacto com a redução nas vendas, mas cita a Toyota, instalada em Sorocaba, que vem obtendo bons volumes de exportação do Etios para a Argentina. 

"Se estivéssemos voltados somente para veículos e autopeças estaríamos numa situação sofrível", diz Syllos, que destaca os desempenhos das indústrias alimentícia, de geração de energia eólica (incluída na metalurgia), e de equipamentos de informática e produtos eletrônicos. 

Quanto ao índice positivo nas indústrias alimentícias da região, o vice-diretor do Ciesp acredita que, em parte tenha sido por causa do efeito Copa. "Houve maior consumo de bebidas, salgadinhos, biscoitos e outros alimentos industrializados", observa. 

Em relação às máquinas e equipamentos, Syllos avalia que em junho muitas empresas deram férias coletivas, por causa de redução nas vendas e também por causa da Copa. Empresários aproveitaram para fazer a manutenção e também substituir equipamentos por mais modernos e eficientes. Syllos considera que a época pode ser aproveitada para reformulação do maquinário, por melhores preços e condições. 

O vice-presidente do Ciesp espera que os próximos meses sejam de estabilidade e vê a necessidade de ajustes na economia, para qualquer candidato a presidente que for eleito. Entre outras questões, "há preços represados que terão que ser reajustados." Depois desses ajustes, haverá alguns meses de acomodação, acredita Syllos.

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