Resultado econômico da Copa em Sorocaba divide opiniões

Na indústria, por exemplo, 20% das empresas locais teriam se beneficiado


Anderson Oliveira
anderson.oliveira@jcruzeiro.com.br 


A Copa do Mundo no Brasil acabou e um de seus resultados foi o impacto no ambiente econômico. Os resultados dos mais de 30 dias do evento também foram sentidos em Sorocaba e dividem a opinião de alguns setores locais. Enquanto uma parte do Comércio lamenta a queda nas vendas, outra destaca que a mudança da cultura do sorocabano, voltando-se para o turismo receptivo, foi o grande legado do mundial. O poder público e a Indústria ressaltam, ainda, que sementes foram plantadas para a concretização de parcerias entre a cidade e outros países, como Argélia e Japão. 

A mudança de paradigma de Sorocaba, passando da visão de cidade operária para uma voltada ao turismo receptivo é o maior dos legados da Copa do Mundo, na visão de Antonio Francisco Gonçalves, o Botafogo, presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Sorocaba (Sinhores). "Para Sorocaba, foi positivo no sentido turístico, porque os empresários começaram a se preparar para a possibilidade de receber muitos turistas", diz. Segundo ele, a mentalidade do sorocabano e das autoridades locais mudou com o evento, uma vez que Sorocaba despontou como uma cidade prestadora de serviços e que tem de estar preparada para receber turistas. 

O mesmo pensa Geraldo Cesar Almeida, secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho de Sorocaba. "O jogo treino do Japão foi um exemplo, com sete mil pessoas no estádio", ressalta. Para ele, esse período serviu para que a cidade mostrasse que tem hospitalidade. "Capacidade que estava escondida e aflorou, de receber bem", conta. 

Almeida comenta que isso deve refletir também nas Olimpíadas, quando a cidade poderá receber delegações de outros países para a aclimatação. "A Copa mostrou que somos capazes e vamos melhorar, principalmente para as Olimpíadas", revela. O secretário afirma que algo que pode melhorar ainda mais é a futura internacionalização do Aeroporto Estadual de Sorocaba Bertram Luiz Leupolz, que recebeu muitas aeronaves durante o mundial de seleções. 

Novos negócios 

A estadia da seleção da Argélia, em Sorocaba, e do Japão, em Itu, possibilitou também o início de entendimentos para a concretização de negócios entre as empresas locais e esses países. O secretário Geraldo Almeida afirma que "as portas ficaram abertas" para empresários japoneses, que têm relevância no parque industrial da cidade, e para representantes da Argélia. "As sementes foram plantadas", afirma. 

Para o vice-diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, Erly Domingues de Syllos, a Copa do Mundo trouxe de positivo para a economia local a possibilidade de negociações com a Argélia. Segundo ele, a presença do embaixador desse país na cidade, meses atrás, foi um primeiro passo para possíveis relações comerciais no futuro. Ele ressalta que nova reunião está programada para agosto com o objetivo de verificar o tipo de negócio que Sorocaba poderá oferecer. "Vamos fazer uma reunião com nós, do Ciesp, e algumas empresas da Argélia, para que ela seja compradora", conta. 

Impactos negativos 

Os impactos da Copa do Mundo, contudo, foram negativos para parte da Indústria e do Comércio. De acordo com Erly, apenas 20% das empresas locais, que produziram algum material consumido durante a Copa, tiveram reflexo positivo. "Mas como a maior parte do nosso parque é automotivo, não apenas por conta do momento da Copa, como dos demais problemas econômicos do País, as vendas foram muito fracas. Ele avalia que o maior prejuízo tem sido da cadeia de autopeças, enquanto as empresas de eletroeletrônicos podem não ter sido prejudicadas pelo mundial. 

O Comércio da cidade teve resultados mais negativos, pelos cálculos de Fernando Soranz, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Sorocaba (Sincomércio). "O legado que a Copa nos deixou foi uma queda acentuada nas vendas do comércio, em alguns segmentos bastante significativo", relata. Segundo ele, não é possível mensurar percentualmente essa retração, mas "quando se consegue sentir, é porque é uma queda grande". 

Apesar de ver o lado positivo da Copa do Mundo, para Botafogo, presidente do Sinhores, financeiramente não houve o retorno esperado pelo setor de hotéis, bares e restaurantes. "Esperávamos muito mais, mas apenas alguns restaurantes, houve algum aumento", explica. Para ele, a pouca tradição esportiva da Argélia, que não tem grande número de torcedores com alto poder aquisitivo, foi um dos fatores responsáveis pelo pouco consumo no período.

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