Irmão do acusado, que era seu sócio, foi ouvido nesta terça-feira (12).
Manuel Ávila é suspeito de filmar mulheres trocando de roupa em clínicas.
A Polícia Civil de Sorocaba (SP), por meio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), começou nesta terça-feira (12) a ouvir o depoimento de parentes do técnico em radiologia Manuel Ávila, suspeito de colocar câmeras escondidas para filmar pacientes trocando de roupa antes e depois de exames. Segundo a delegada responsável pelas investigações, Ana Luiza Salomoni, o irmão do acusado, que não teve o nome divulgado e era sócio de Manuel na empresa de radiologia, foi o primeiro a ser ouvido.
Conforme o depoimento dado à delegada, o irmão de Manuel negou qualquer envolvimento com as filmagens. "Ele garantiu que não imaginava que o irmão gravava os pacientes e que nunca desconfiou de nada. Nós já temos provas suficientes para crer que ele agia sozinho, que não há outras pessoas envolvidas nas gravações", contou Ana Luiza.
A delegada entrou com o pedido de prorrogação da prisão temporária de Manuel, que já foi aceito pelo Judiciário. "Após o término da prorrogação da prisão temporária do acusado, que termina no próximo domingo (17), vamos entrar com o pedido de prisão preventiva para que o técnico em radiologia permaneça detido até o término das investigações", finaliza.
Representantes das clínicas e hospitais onde Manuel trabalhava - cinco, no total - também já foram intimados a depor. Isso deve ocorrer, de acordo com a delegada, até o fim desta semana. A polícia também iniciou uma perícia nos computadores usados pelo técnico em radiologia.
Manuel, que é peruano, foi preso na última sexta-feira (8), após a sua ex-mulher encontrar na antiga casa do casal uma passagem secreta que dava para um porão, onde estava um acervo de gravações de mulheres e crianças trocando de roupa antes e depois de exames. Várias fotos e vídeos de pornografia infantil também foram encontrados no local. De acordo com a polícia, há quase 20 anos ele fazia as gravações.
Ainda segunda a delegada, devido à deficiência física, a mulher nunca desconfiou que ele tinha aquele acervo em casa. Por não aguentar mais as provocações do marido, a ex-mulher pediu o divórcio. Manuel saiu da casa, mas deixou todas as filmagens no local, em seu esconderijo. No entanto, ele ainda tinha a chave e voltava sempre para o imóvel, o que deixava a mulher desconfortável. “Ela afirmou que o ex-marido sempre ia até a casa com um saco preto. Por isso, em junho deste ano, ela entrou com uma medida cautelar para impedie a entrada dele na casa. Foi ai que ele começou a agir de forma violenta e quebrava as coisas”, disse a delegada.Entenda o caso
As investigações começaram após uma denúncia de violência doméstica, feita pela ex-esposa de Manuel, com quem ele foi casado por 20 anos. Segundo a delegada, a ex-mulher do suspeito tem problemas de locomoção e também não pode engravidar. "Por conta disso, ela era constantemente torturada psicologicamente pelo marido. Ele a humilhava, trazia para casa brindes de motéis para jogar na cara dela as suas relações extraconjugais, além de roupas de bebê, para que ela se sentisse mal por não poder engravidar", revelou a delegada.
Desconfiada do "entra e sai" do ex-marido, a mulher pediu ajuda às irmãs para vasculhar a casa e acabou encontrando uma passagem secreta no banheiro para o porão, onde estava todo o acervo de filmagens. A princípio, ela acreditou que nas mídias iriam conter gravações das traições do marido, mas quando assistiu os vídeos, se deu conta de que eram imagens de suas pacientes se trocando para fazer exames. “Ela viu as fitas e se assustou com o que encontrou. Em seguida, ela levou todo o material na DDM. Nas imagens, podemos constatar que ele é tão sórdido que editava os intervalos da troca de roupa e só deixava o momento que elas tiravam a roupa para colocar a roupa cirurgica e depois elas se trocando”.
Porém, o acervo de Manuel não se resume só ao que foi encontrado na casa da ex-mulher. De acordo com a polícia, o técnico em radiografia também escondia uma boa parte desse material na casa de sua mãe e da atual companheira. "No imóvel da atual companheira, ele mantinha um cofre onde guardava as mídias e alertava para que a mulher não mexesse no equipamento, pois alegava manter um revólver guardado. Por medo de que o filho de 8 anos pudesse mexer, ela nunca abriu o cofre. Ela entrou em choque quando soube o que ele escondia e precisou ser hospitalizada", afirma a delegada Ana Luiza.
Para a polícia, não há dúvidas de que ele é o responsável criminal pelas imagens. “Não é possível ele negar ter gravado as mídias. Ele aparece em todas”, afirma Ana Luiza. A polícia trabalha com duas linhas de investigação: a primeira o envolvimento dele com uma rede internacional de pornografia infantil e, segundo, o armazenamento de todo o material envolvendo as filmagens das pacientes, que são todas do sexo feminino, sendo adultos e crianças.
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