Polícia investiga se sócio de Campos é dono de jatinho

Compra foi intermediada por Aldo Guedes; negociação levanta suspeita de ocultação de patrimônio e sonegação de impostos



SÃO PAULO - A Polícia Federal investiga se o sócio do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, Aldo Guedes Álvaro, é o verdadeiro dono do jato Cessna Citation 560 XLS, prefixo PR-AFA, que caiu no dia 13, em Santos (SP), matando o candidato à Presidência do PSB e mais seis pessoas.
Homem de confiança de Campos, Guedes era seu sócio na Fazenda Esperança, área de 210 hectares, e na Agropecuária Nossa Senhora de Nazaré, em Brejão (PE). Ele também é casado com uma prima da família.
Agentes da PF já sabem que Guedes intermediou a compra feita em nome de três empresários pernambucanos e cuidou da contratação dos pilotos Marcos Martins e Geraldo da Cunha, que morreram no acidente no litoral paulista. 
Agora, a PF tenta provar que os três empresários que assumiram a compra seriam “laranjas” usados para ocultar o verdadeiro dono do jato. A aeronave é avaliada em US$ 8,5 milhões. Além de ocultação de patrimônio e sonegação fiscal, será apurado o aspecto eleitoral sobre o uso da aeronave na campanha.
O avião era de uso privado e está registrado em nome da AF Andrade, do Grupo Andrade (proprietários de usinas), com sede em Ribeirão Preto (SP). Pela Lei Eleitoral, o dono só poderia emprestar a aeronave para o candidato se trabalhasse com o aluguel ou venda de aeronaves. Se foi adquirido pela campanha, não está na prestação de contas da Justiça Eleitoral.
A AF Andrade, que está em processo de falência, só comunicou o negócio de venda à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) depois do acidente. 
Os compradores seriam os empresários João Carlos Lyra Pessoa Monteiro de Mello Filho, Apolo Santana Vieira e Eduardo Freire Bezerra Leite - todos de Pernambuco, donos de factorings e importadoras. 
Quem assumiu os custos do leasing foram as empresas BR Par Participações Ltda. e Bandeirantes Companhia de Pneus Ltda., de Apolo Vieira.
Em nota, a Bandeirantes Pneus informou que estava em negociação de compra e que o jato só não havia sido transferido porque a Cessna Finance - que detém os direitos da aeronave até o leasing ser quitado - não havia aprovado as garantias das empresas para a transação.
A PF solicitou os contratos dessa negociação e começou a cruzar os dados das duas empresas e dos empresários para tentar saber se eles poderiam ter comprado o avião.
Aliado. Guedes, que ainda não tinha aparecido nessa história, acompanhava Campos desde a época em que era deputado federal. Atual presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), ele foi nomeado para o cargo em 2007, quando Campos assumiu o governo do Estado. 
Antes, foi levado para o Ministério da Ciência e Tecnologia em 2004, quando Campos assumiu como ministro. Ele ocupou cargo de coordenador-geral de captação de recursos. Em nota, Guedes negou relação com a compra e contratação de pilotos. A campanha não se pronunciou e os demais citados não responderam às ligações. 

Postar um comentário

0 Comentários