Funcionários do Hospital Municipal confirmam greve

70% dos trabalhadores devem cruzar os braços amanhã, a partir das 14h


Leandro Nogueira
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br 


Está mantida para amanhã a greve dos funcionários que trabalham no Hospital Municipal de Votorantim, administrado até o momento pela Santa Casa de Votorantim. Não houve acordo entre as partes na reunião no Ministério Público do Trabalho (MPT) na sexta-feira, segundo informou na tarde de ontem o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do Estado de São Paulo (SindSaúde), Elielson Farias. De acordo com o presidente do SindSaúde, Milton Sanches, a greve deve iniciar a partir de assembleia com os trabalhadores, marcada para amanhã, às 14h. O SindSaúde está na expectativa para que haja um acordo e assim os trabalhadores não precisem paralisar. Caso a paralisação ocorra, 70% dos trabalhadores devem cruzar os braços. 

O vice-presidente do SindSaúde, Elielson Farias, explicou que na reunião do MPT na sexta-feira, com o procurador Bruno Augusto Ament, o secretário de negócios jurídicos da Prefeitura de Votorantim recusou o acordo para que a Prefeitura pague os 40% da multa referente à demissão dos 148 funcionários da Santa Casa. A partir de terça-feira o Hospital de Votorantim será administrado pelo Instituto Moriah, mas os trabalhadores da Santa Casa, que podem ser admitidos pelo Instituto, não tem como ser demitidos, já que a Santa Casa alega não possuir todos os recursos para rescindir os contratos trabalhistas. E segundo informa o sindicato, o Instituto Moriah afirmou que na terça-feira, data que assume o hospital, terá outros 148 trabalhadores para garantir o atendimento. 

Ainda de acordo com Elielson, anteriormente o prefeito de Votorantim, Erinaldo Alves da Silva (PSDB), teria informado que aceitaria pagar a indenização de 40%, já que a Prefeitura é responsável solidária, pois o hospital é municipal. Mas durante a reunião no MPT, segundo Elielson, o secretário jurídico da Prefeitura de Votorantim manifestou que aguardará uma decisão da Justiça para que o município assuma a indenização, já que neste momento não teria embasamento jurídico para isso. Ontem a reportagem não conseguiu entrar em contato com a Prefeitura de Votorantim, mas em reportagem publicada pelo jornal Cruzeiro do Sul no último dia 18, o prefeito Erinaldo Alves da Silva (PSDB) informou que não poderia usar dinheiro público sem autorização legal. 

Traída com a situação 

Chorando, na tarde de ontem por telefone, a fisioterapeuta Viviane de Cassia Godinho, 39 anos, disse se sentir muito traída com a situação. Ela relatou que começou a trabalhar na parte da higiene do hospital há cerca de oito anos, recebeu incentivo de toda a equipe para estudar e há 16 meses atua como fisioterapeuta. "Há sete meses eu não poderia imaginar que a gente pudesse passar por tudo isso. É como se a gente fosse descartável e ninguém devesse dar satisfação alguma para a gente", declarou, sobre o temor de ficar desempregada e sem os direitos trabalhistas. 

"Achamos um absurdo, a reunião no MPT estava agendada para a sexta-feira, conversamos com o MPT e o prefeito não aceitou fazer o TAC", afirmou o presidente do SindSaúde, Milton Sanches. Ele também recordou que em Sorocaba, quando o Instituto Moriah assumiu o Hospital Psiquiátrico Vera Cruz, a Prefeitura de Sorocaba assumiu os custos trabalhistas por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho. 

O sindicato preocupa-se com o possível desemprego dos 148 trabalhadores da Santa Casa, se não houver a rescisão até o momento que o Instituto Moriah assumir, já que o instituto tem condições de atuar com outros trabalhadores.

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