Marina sobe no palanque de Bornhausen

Em Florianópolis, candidata pede voto para filho de ex-senador que queria o Brasil 'livre da raça' do PT quando ela era ministra de Lula



FLORIANÓPOLIS - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, dividiu palanque e pediu votos nesta terça-feira, 23, para o deputado Paulo Bornhausen, herdeiro de uma das mais tradicionais famílias de Santa Catarina. “Meus amigos, vamos fazer a campanha de Paulo, para que ele seja o nosso senador”, afirmou Marina ao participar de um ato político em Florianópolis. 
Candidato ao Senado pelo PSB no Estado, Paulinho, como é conhecido, é filho do ex-senador Jorge Bornhausen, que foi governador biônico de Santa Catarina na época da ditadura. Um dos nomes fortes da Arena, partido que deu sustentação ao regime militar, Jorge fez carreira no antigo PFL e ficou no DEM até 2011, quando deixou a vida partidária. 
Em 2005, durante o escândalo do mensalão, o então senador chegou a dizer que com a revelação do esquema o Brasil ficaria “livre da raça” do PT “pelos próximos 30 anos”. Na época, Marina era filiada ao partido e era ministra do Meio Ambiente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marina, que defende a chamada “nova política”, pela qual promete governar ao lado dos “melhores”, relativizou os laços familiares do novo aliado e repetiu o discurso de que há pessoas boas em todos os partidos. “O Paulo é herdeiro de um nome, de um pai que tem um posicionamento político. Não vou dizer que uma pessoa, por ter um laço de parentesco, deve ser punida ideologicamente por isso”, disse.
Ela também defendeu os posicionamentos ambientais do deputado, que foi secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina até abril. “Se perguntarem aos ambientalistas, das pessoas que viram o seu trabalho como secretário, eles podem testemunhar que ele tem um posicionamento compatível com a agenda que nós defendemos”, afirmou.
Marina também já “subiu” no palanque eletrônico do candidato. No horário eleitoral, ela aparece sorridente ao lado de Bornhausen, afirma que ele é um “deputado federal atuante” e o elogia por ter ajudado a aprovar a Lei da Ficha Limpa no Congresso.
Perfil. O político catarinense entrou no PSB no ano passado a convite de Eduardo Campos. Com a morte do então cabeça de chapa em 13 de agosto, Marina herdou os compromissos firmados por ele, mas tem feito campanha somente para os candidatos que acredita ter o perfil defendido por ela.
O deputado conquistou até mesmo a simpatia dos aliados de Marina no Estado. Miriam Prochnow, porta-voz da Rede Sustentabilidade em Santa Catarina, classifica a convivência com Paulinho como “tranquila”. “Não dá para condenar uma pessoa pelo seu passado. Hoje ele não tem ideias que vão ao encontro com o que a gente defende”, afirma o marineiro. 
O candidato a deputado estadual Leonardo Secchi (PSB), um dos entusiastas da Rede, partido que Marina tentou criar sem sucesso. admite, porém, que sempre é questionado nas ruas por estar no mesmo partido de Bornhausen. Diz que tem tido dificuldades para explicar a aliança para os seus possíveis eleitores. “Esse sobrenome pesa”, afirma. Segundo ele, “pelo menos” Jorge, o patriarca da família, está afastado da campanha. “Senão seria mais complicado.”
Protesto. Um grupo de 15 estudantes ligados à União da Juventude Socialista (UJS) fez um protesto contra Marina durante a passagem da candidata por Santa Catarina. Os jovens questionaram justamente o apoio dela a Bornhausen. “Aqui em Santa Catarina ela (Marina) prega uma nova política, mas se junta com a maior oligarquia que ainda persiste em nosso Estado, que é a família Bornhausen”, disse o estudante de Direito Yuri Becker, de 22 anos. O grupo também se manifestou a favor do casamento gay.

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