Sorocaba é a 3ª cidade de SP em número de shoppings

Mais um, o Tangará, está em construção e deve ser inaugurado no segundo semestre do ano que vem

Marcelo Roma

Sorocaba divide com Santo André a terceira posição em número de shopping centers no Estado de São Paulo. Conforme dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), a cidade tem seis, mesma quantidade que Santo André. Campinas tem nove e a capital, mais de 50. Sorocaba e região receberam no ano passado o maior investimento em shoppings no Estado, de acordo com a associação. A inauguração do Cidade Sorocaba, do Pátio Cianê e a ampliação do Iguatemi Esplanada, no ano passado, mais a construção do Tangará (que deve ser inaugurado no segundo semestre de 2015) representam investimentos totais de mais de R$ 1,3 bilhão.
A Abrasce considera, dentro de seus critérios, seis shoppings na cidade: Sorocaba, Iguatemi Esplanada, Villàggio, Plaza Itavuvu, Cidade Sorocaba e Pátio Cianê. Mas há mais dois, o Panorâmico e o Granja Olga, que totalizam oito centros de compras em Sorocaba. A inauguração de dois empreendimentos e a ampliação de mais um, no ano passado, fez surgir a preocupação, principalmente entre comerciantes, de saturação do mercado de shoppings na cidade.
O potencial de consumo em Sorocaba e cidades da região, no entanto, seria suficiente para absorver esses novos centros comerciais. O economista e professor da Universidade de Sorocaba, Marcos Canhada, cita dois aspectos principais. Em primeiro, a demanda reprimida. "Sorocaba se desenvolveu rapidamente nos últimos anos, recebeu migrantes e o poder aquisitivo também aumentou, criando um público mais exigente em relação a produtos e serviços."
Segundo Canhada, a cidade ficou por um bom tempo sem novos empreendimentos nesse setor e era comum as pessoas viajarem a São Paulo ou Campinas a fim de fazer compras. Para o economista, essa demanda reprimida foi detectada e os investimentos vieram quase simultaneamente, preenchendo uma necessidade de consumo do sorocabano, mas que tende a crescer nos próximos anos. "Os shoppings são uma tendência natural nas grandes cidades. Além de centro de compras, funcionam como uma estação de serviços, lazer e conveniência."
O segundo aspecto citado por Canhada é a vocação de Sorocaba como centro regional. "Os empreendimentos são planejados não só para a cidade, mas para todo o conjunto de municípios de pequeno e médio porte no entorno e cuja população representa parcela significativa de frequentadores." A ida aos shoppings não é só para compras, mas também para lazer e alimentação, sendo para muitas famílias um passeio de fim de semana, diz o economista.
O Tangará Shopping, que deve ser inaugurado ano que vem, não deve ser visto como um exagero, observa Canhada. "Acredito que o mercado local não está esgotado para novos empreendimentos desse tipo", avalia. Segundo ele, as inaugurações recentes de supermercados e lojas de grandes redes confirmam que há ainda grande potencial de crescimento do consumo para Sorocaba e região.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e também economista, Geraldo Almeida, considera que a quantidade de shoppings na cidade não é excessiva, senão não haveria novos investimentos. "Um shopping é planejado para um horizonte de longo prazo e não se faz um projeto para perder dinheiro", observa. Segundo o secretário, a ocupação dos espaços nos empreendimentos também ocorre dentro de um processo. Almeida destaca a importância da região no contexto dos shoppings em Sorocaba. "As pessoas vêm não só de cidades vizinhas, mas de distâncias maiores."
Sobre a viabilidade comercial em relação ao outros empreendimentos já existentes em Sorocaba, a diretora de Planejamento da Enplanta, empreendedora do Tangará Shopping, Marta De Vitto, afirma que "a decisão de se construir um shopping center exige alto investimento, planejamento prévio, análises de mercado, da região e dos potenciais consumidores", portanto "é uma decisão sobre bases sólidas". Ela ressalta que "shopping center é um equipamento pensado a longo prazo e não uma aventura."
Para Marta, "características como a localização, projeto arquitetônico, práticas de sustentabilidade, marketing e produtos conectados com as novas tendências e necessidades dos parceiros e consumidores são elementos indispensáveis para o sucesso do negócio." Inovações são importantes para investimentos desse tipo, considera a diretora de Planejamento da Enplanta. "Hoje, o consumidor exige que os projetos sejam mais arrojados, com ambientes agradáveis, com o conceito lifestyle. O nosso projeto está em sintonia com que o mercado exige. Os shoppings que não se atualizam ou não compreendem essa exigência do mercado acabam vencidos pelo tempo."
Retração
A retração em vários setores da economia, em 2014, deve afetar pouco os shoppings de Sorocaba, justamente por essa carência que existia antes, acredita Canhada. "O que percebemos é que os shoppings têm bom movimento e devem enfrentar bem os reflexos da crise. Mas é claro que há preocupação, pois se a economia apresentar piora, isso inevitavelmente terá impacto negativo no comércio e serviços".
O secretário de Desenvolvimento Econômico avalia que um projeto de grande empreendimento tem que atravessar eventuais problemas na economia, pois são pensados a longo prazo. De acordo com ele, o investimento depende de um planejamento eficaz que garanta continuidade, para que não pare no meio do caminho.
Atraso
Parte dos novos shoppings previstos para este ano, no País, devem ficar prontos somente em 2015. Em janeiro, a expectativa da Abrasce era de 43 inaugurações para 2014. A projeção foi revista e 19 devem começar a funcionar no ano que vem. Não houve, porém, nenhum cancelamento. Os motivos para os atrasos podem ser diversos, como problemas na construção ou falta de mão de obra.
Ainda que tenha sido afetado pela desaceleração da economia em 2014, o setor de shoppings permanece em expansão no País. De acordo com a Abrasce, em 2014 se atingiu o marco de 500 empreendimentos em operação. Os dados apontam para o cenário de evolução, que registrou em 2013 recorde de 38 lançamentos. Segundo o presidente da Abrasce, Luiz Fernando Veiga, por meio da assessoria de imprensa, "a expectativa de faturamento para 2014 é de R$ 140 bilhões, o que corresponderá a um aumento de 8,3% em relação a 2013".
1º semestre
Os resultados do primeiro semestre - monitorados pelo instituto de pesquisa Ipsos, sob encomenda da Abrasce - apontaram alta de 7,44% nas vendas em shoppings em relação aos mesmos meses de 2013. Do primeiro semestre de 2012 para o de 2013, o crescimento havia sido de 7,86%.
De acordo com o levantamento, no acumulado até junho, o segmento de maior crescimento nos shoppings foi o de telefonia, com elevação de 22,5% nas vendas; seguido por perfumaria, com 20,9%; alimentação, com 16,2%; e lazer, com 15,7%.

Novo shopping inaugura em 2015
O Tangará Shopping, que está sendo construído na região do Cerrado, fará parte do complexo Boulevard Tangará, com um edifício comercial (para escritórios e consultórios) e mais três residenciais (um deles com serviços). O edifício comercial deve ser entregue em 2016 e os outros três em 2017. Já o shopping, deve ser inaugurado no segundo semestre de 2015.
O Tangará Shopping deverá atender as faixas de público A e B de Sorocaba e cidades vizinhas, segundo a diretora de Planejamento da Enplanta, responsável pelo empreendimento, Marta De Vitto. Entre os diferenciais estão "uma área verde de quase 10 mil m2 (...) integrada com os restaurantes do espaço gastronômico, através de um deck", diz ela. Serão 200 lojas, com cinco âncoras, um supermercado, seis salas de cinema, quatro restaurantes e academia de ginástica.
A executiva menciona pesquisa quantitativa realizada em 2012, e atualizada em 2014, que projeta um volume de vendas de R$ 300 milhões ao ano para o Tangará Shopping e circulação de cerca de 25 mil pessoas por dia.

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