Sorocaba tem um caso de meningite a cada 3 dias

De janeiro e até 15 de setembro foram registrados 80 pacientes com a doença e oito morreram


Sthefany Lara
sthefany.lara@jcruzeiro.com.br 


programa de estágio 

Sorocaba registrou um total de 80 casos de meningite desde o início deste ano e até o dia 15 de setembro último, sendo que 10% (8) deles resultaram em mortes. O número revela uma média de um caso a cada três dias. Desse total, 27 são de meningite bacteriana, que ocasionou cinco óbitos; 23 são de meningite viral, com um óbito; 28 de meningite não especificada, com um óbito, e outros dois casos causados por outra etiologia, com um óbito. Em todo o ano passado, foram registrados 158 casos e 19 mortes. 

A Área de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de Sorocaba (SES) informa que a meningite é uma doença que causa inflamação das meninges, membranas que envolvem o encéfalo (cérebro, bulbo e cerebelo) e a medula espinhal. Pode-se desenvolver em resposta a diversas causas, geralmente bactérias ou vírus, mas também pode ocorrer por fungos, lesão traumática (física), neoplasias ou por medicamentos. 

No dia 29 de agosto deste ano, a Vigilância em Saúde recebeu a notificação de caso suspeito de meningite, que foi confirmado laboratorialmente, e no último domingo o adolescente morreu. As medidas de prevenção de novos casos haviam sido adotadas previamente junto aos familiares, aos contatos íntimos e à escola. O adolescente deixou de frequentar o ambiente escolar em 25 de agosto. 

Na primeira semana de setembro, a unidade escolar distribuiu entre os alunos orientações sobre a identificação precoce da doença e medidas de prevenção. A Vigilância Epidemiológica (VE) e a unidade escolar estão atentas para a ocorrência de novos casos, informa a assessoria de comunicação da Prefeitura. 

Inflamação 

Segundo o médico infectologista da Pontifícia Universidade Católica (PUC), campus Sorocaba, Marcos Vinícius da Silva. quando um vírus ou uma bactéria invade o sistema de defesa e aninham-se às meninges, mesmo que a pessoa seja vacinada, ocorre uma inflamação que se espalha por todo o sistema nervoso central. 

Os tipos de meningite viral e bacteriana apresentam algumas diferenças. "No caso da viral, a doença é um pouco mais branda. Ela ocorre mais em crianças que apresentam sintomas semelhantes aos da gripe e do resfriado. Quando há o diagnóstico de que se trata de uma meningite viral, o paciente é medicado e, então, aguarda-se para que o problema se resolva sozinho", explicou Silva. 

No caso da bacteriana, o meningococo é transmitido pelas vias áreas. "Os sintomas aparecem bem rápido. São comuns nessa situação, febre alta, mal-estar, vômitos, dor de cabeça e no pescoço. Há também dificuldade para encostar o queixo no peito. Em alguns aparecem manchas vermelhas pelo corpo." O tratamento é hospitalar, com internação e com a administração de antibióticos", advertiu o médico. 

O infectologista explicou que o diagnóstico é feito através do exame do líquor. "Esse líquido é parte da espinha colhido na região lombar ou na nuca. Muitos têm receio desse teste. Mas apenas ele é capaz de mostrar se há pus no material coletado, o que indica a presença de bactéria." 

Quando há demora no diagnóstico e no tratamento da doença, pode ocorrer algumas sequelas. "O acúmulo de pus causa abcessos que afetam partes do cérebro e com isso pode causar surdez, afetar a percepção e até mesmo os movimentos." 

Prevenção 

Medidas simples e importantes que auxiliam na prevenção desse tipo de doença, devem ser tomadas. Os médicos recomendam que as pessoas devem cobrir o nariz e a boca quando espirrar ou tossir, lavar as mãos com frequência com água e sabão, ou então utilizar álcool em gel, não compartilhar copos, talheres e alimentos, procurar não levar as mãos à boca ou aos olhos, sempre que possível evitar aglomerações ou locais pouco arejados, manter os ambientes frequentados sempre limpos e ventilados e evitar contato próximo com pessoas doentes. 

Notificação 

A meningite é considerada de notificação compulsória, ou seja, a unidade de saúde que identifica a doença é obrigada a mandar uma ficha para o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo. No site do CVE - www.cve.saude.sp.gov.br - é possível obter informações dos agravos da doença, em todo o Estado, em escala mês a mês e ano a ano. No site, ainda há o calendário completo de vacinação e informações sobre outras doenças. (Supervisão: Cida Vida)

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