Costa afirma que José Dirceu indicou diretor da Petrobras que teria recebido propinas

SÃO PAULO — O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que, assim como ele, também o então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, recebia propinas do esquema de corrupção montado na empresa, Segundo Costa, Duque foi colocado na diretoria pelo ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, "que tinha essa ligação com o tesoureiro do PT, João Vaccari (responsável pelo recebimento das propinas de até 3% dos contratos da Petrobras). Costa disse, ainda, que o ex-diretor da área Internacional, Nestor Cerveró, também recebia propinas.
Quando o juiz lhe perguntou se as propinas de 3% também eram pagas em outras diretorias da Petrobras, além da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa citou o ex-ministro José Dirceu.
— Dentro da Área de Serviços havia recebimento de propinas e lá tinha o diretor Renato Duque indicado na época pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu e ele tinha essa ligação com o João Vaccari dentro desse processo do PT. Na área da diretoria Internacional, era o Nestor Cerveró, que foi indicado por um político do PMDB. Duque e Cerveró — era claro que sim (que recebiam os 3%). Os contatos com as empreiteiras eram feito pelo Youssef, que recebia os pagamentos das empresas. As empresas faziam depósitos para Youssef. Como se processava o esquema eu não tenho detalhes. Ele repassava para mim os valores meus e para os políticos os valores dos políticos. Mas esses detalhes podem ser passados pelo Youssef — disse Costa ao juiz.
Costa deu detalhes de como ele passou a operar depois que deixou a Petrobras. Segundo disse, passou a realizar contratos com "taxas de sucesso" de 5% com fornecedores da Petrobras.
— Quando me aposentei na Petrobras em abril de 2012, passei a fazer contratos de consultoria. Foi assim que conheci a Sanko Sider (fornecedora de tubos para a Camargo Correa, que está construindo a Refinaria de Abreu e Lima através do consórcio CNCC). Me aposentei em abril de 2012 e numa reunião em dezembro de 2012 na sede da GFD de com Youssef em São Paulo ele me apresentou Marcio Bonilho, da Sanko Sider, que faz tubos e conexões. Fechei contrato da Sanko Sider com a Costa Global, no qual eu teria 5% sobre as vendas que fossem realizadas. Além disso, eu teria R$ 10 mil mensais para operacionalizar contratos. Até abril de 2013 recebi R$ 40 mil, mas ele deixou de me pagar os R$ 10 mil por mês por dificuldades de caixa. Mas manteve os 5% para os contratos que eu viesse a fechar. Não tive sucesso de apresentar nenhum cliente a ele. Para ser cliente da Petrobras, se não tiver cadastro não será nem chamado. O Bonilho me disse que tinha cadastro e já era fornecedor da Camargo Correa. Mas não tenho conhecimento de pagamentos de depósitos da Sanko Sider para a MO ou GFD (empresas de Youssef).

Procurado pelo GLOBO, Renato Duque, afirmou que “está analisando as denúncias e ainda não se pronunciou”.

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