Justiça condena mais três policiais por envolvimento com traficantes


Leandro Nogueiraleandro.nogueira@jcruzeiro.com.br

Mais três policiais civis que integravam uma quadrilha que atraia traficantes da Bolívia e Colômbia para sequestrá-los e extorqui-los foram condenados pela Justiça Federal, no dia 16 de setembro. Eles fazem parte do grupo de ao menos 19 pessoas acusadas de fazerem parte do bando, das quais 16 estão sentenciadas.

Um total de sete policiais civis são acusados de compor a extinta quadrilha, entre eles um de Sorocaba: Glauco Fernando Santos Fernandes. Entre os três outros réus que ainda serão julgados está o sétimo policial civil. Dos ao menos 19 acusados, 18 estão presos e um deles foragido. Por causa do sigilo decretado, a Justiça deixa de divulgar os nomes dos réus. Todas as condenações são em primeira instância, ou seja, cabem recursos para elas. A quadrilha foi desmontada pela Polícia Federal em fevereiro do ano passado, na Operação Dark Side, após um semestre de investigações.

Para julgar todos os denunciados, a Justiça dividiu os réus em seis diferentes processos. Como os pronunciamentos dos acusados deram origem a novos inquéritos, é possível que surjam mais réus e novos processos. Na quarta sentença que julgou mais três policiais, um deles foi condenado à prisão por 26 anos, 11 meses e 19 dias e outros dois policiais por 17 anos, 7 meses e seis dias de prisão cada um. 

O condenado a 26 anos responderá pelos crimes de tráfico internacional, associação internacional para o tráfico, peculato e corrupção passiva. Os outros dois condenados a 17 anos responderão pelos crimes de tráfico internacional, corrupção passiva, falso testemunho e peculato. A decisão foi proferida pelo juiz federal substituto Marcos Alves Tavares, da 1ª Vara Federal em Sorocaba, no dia 16 de setembro. A quarta sentença envolveu policiais que não foram presos em flagrante delito, mas concluiu que os réus tiveram participação relevante nos fatos.

Na decisão anterior, a terceira delas também proferida pelo juiz Marcos Alves Tavares, foram condenados outros três policiais e dois comparsas, cujos nomes também deixaram de ser divulgados. A maior até o momento, de 34 anos, foi para um dos policiais civis. As decisões dos dois primeiros processos foram divulgas em abril deste ano e proferidas pelo juiz federal Luís Antônio Zanluca. Em ambas foram condenados os traficantes vítimas das extorsões praticadas pelos policiais civis. 

Na segunda delas foram condenados um traficante colombiano e um casal de brasileiros que forneceriam aos policiais golpistas 268 quilos de cocaína de outro traficante boliviano. E na primeira foram julgados dois fornecedores bolivianos de cocaína, mais dois brasileiros que os atraíam para negociar, além de um terceiro brasileiro que também negociou com os policiais golpistas. 

Como agiam

A Operação Dark Side investigou e prendeu policiais civis e seus comparsas, lotados, a maior parte deles, no Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) de São Paulo e outro deles que já tinha trabalhado na Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), em Sorocaba. Eles são acusados de aplicar o chamado "golpe da puxada" em traficantes internacionais. 

Eles foram condenados em primeiro grau porque teriam se feito passar por pessoas com alto poder aquisitivo, até mesmo como empresários, dizendo-se interessados na compra de grande quantidade de entorpecente. Após várias tratativas e demonstrando condições para realizar a compra da droga, ganhavam a confiança dos traficantes e, quando a droga chegava ou era localizada, eles revelariam as suas identidades. Para deixar de prender as pessoas, exigiriam grande quantia em dinheiro ou ficariam com parte da droga para dividir entre eles. Uma pequena parte da droga apreenderiam para lavrar o flagrante.

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