SP-75 e SP-79 ficaram fechadas; mais de 250 pessoas participaram da ação.
Segundo testemunhas, alguns moradores atiraram pedras na polícia.
Moradores de Itu (SP) interditaram as rodovias SP-75 e SP-79 na noite desta segunda-feira (13) para protestar contra a falta d'água que atinge a cidade. De acordo com a Polícia Militar, mais de 250 pessoas participaram das manifestações nos dois locais. As interdições aconteceram no km 15 da rodovia SP-75 e o km 61 da SP-79. Os manifestantes queimaram pneus, galhos de árvore e jogaram entulho na pista para impedir o tráfego no local - a interdição começou por volta das 18h, na SP-79, e logo depois na SP-75, deixando as rodovias fechadas por horas. Por volta das 23h30, as rodovias estavam liberadas (veja fotos do protesto).
Equipes da Polícia Rodoviária, Polícia Militar e bombeiros acompanharam o protesto. Esta é a segunda manifestação: no domingo (12), moradores protestaram na SP-79, onde atearam fogo em materiais e interditaram a rodovia.
Um vídeo enviado pela moradora Vera Lúcia (veja acima) através do aplicativo TEM Vocêmostra os manifestantes pedindo água. Eles solicitaram ainda a presença do prefeito da cidade no local.
Segundo testemunhas, alguns moradores atiraram pedras contra a polícia. Alguns atos de vandalismo foram registrados durante o protesto, como lixeiras e contêineres queimados. Segundo a Polícia, ninguém foi preso. Também não há confirmação de feridos. As duas rodovias tiveram cerca de cinco quilômetros de congestionamentos.
Protesto na Câmara
Na tarde desta segunda-feira (13), um grupo de moradores foi até a Câmara Municipal para pedir a abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a falta d'água na cidade. Por causa da manifestação, a sessão chegou a ser interrompida por dez minutos.
Na tarde desta segunda-feira (13), um grupo de moradores foi até a Câmara Municipal para pedir a abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a falta d'água na cidade. Por causa da manifestação, a sessão chegou a ser interrompida por dez minutos.
Esta é a segunda sessão realizada depois que o prédio foi depredado em outro protesto na cidade, no dia 22 de setembro.
Segundo o vereador Professor Vital, a CEI não se faz necessária, já que não resolve o problema de água da população. "Essa abertura não leva água para as torneiras. O que precisamos fazer é fiscalizar os caminhões-pipa e as reuniões da comissão de águas", explicou.
Já a vereadora Balbina de Paula Santos quer entregar o requerimento ao prefeito Antônio Tuíze para que ele compareça na câmara para dar satisfações. "Queremos que o prefeito fale sobre o que está acontecendo e não se feche no gabinete e não fale nada". Os trabalhos no legislativo voltaram e o policiamento foi reforçado.
Mais protestos
No domingo (12), moradores do bairro Cidade Nova interditaram por mais de duas horas as duas pistas da Rodovia Waldomiro Correia de Camargo (SP-79), na altura do quilômetro 61. De acordo com a polícia, cerca de 300 pessoas participaram da ação. O protesto de domingo foi o quarto em menos de 20 dias na cidade.
No domingo (12), moradores do bairro Cidade Nova interditaram por mais de duas horas as duas pistas da Rodovia Waldomiro Correia de Camargo (SP-79), na altura do quilômetro 61. De acordo com a polícia, cerca de 300 pessoas participaram da ação. O protesto de domingo foi o quarto em menos de 20 dias na cidade.
Algumas pessoas afirmam estar sem água há mais de um mês e sem respaldo da concessionária que administra o abastecimento na cidade. Os moradores fecharam as duas pistas e queimaram pneus e colchões em sinal de protesto. Viaturas do Corpo de Bombeiros de Sorocaba e Itu foram acionadas para controlar as chamas. Ninguém ficou ferido.
Além do bairro Cidade Nova, moradores do Portal do Éden, bairro ao lado que não fazia parte do racionamento e que agora também sofre com os transtornos da falta d’água, também fizeram uma manifestação durante a noite. Um ônibus intermunicipal foi queimado.
Segundo os moradores do Portal do Éden, esta é a primeira vez que o abastecimento foi interrompido. Sem água, eles reclamam que não conseguem ligar na concessionária. “A gente liga para a Águas de Itu, mas fica cerca de 30 minutos no telefone só ouvindo música e ninguém atende”, afirma o aposentado José Gomes.
A concessionária informou que adotou o sistema de abastecimento de dias alternados na região desde 8 de outubro porque a tubulação que abastece a estação de tratamento do bairro secou.
'Pontos críticos'
Depois de nove meses de racionamento em Itu (SP), o Comitê de Gestão da Água, órgão recentemente criado na cidade, ligado à prefeitura, mapeou 17 pontos críticos onde a pressurização da rede de abastecimento de água não é suficiente para manter o rodízio. Na quinta-feira (9), caminhões-pipa foram encaminhados para bairros como, Parque Industrial, Jardim Rancho Grande, Jardim São Judas, Alto das Palmeiras e Bairro Brasil, parte mais alta da cidade.
Depois de nove meses de racionamento em Itu (SP), o Comitê de Gestão da Água, órgão recentemente criado na cidade, ligado à prefeitura, mapeou 17 pontos críticos onde a pressurização da rede de abastecimento de água não é suficiente para manter o rodízio. Na quinta-feira (9), caminhões-pipa foram encaminhados para bairros como, Parque Industrial, Jardim Rancho Grande, Jardim São Judas, Alto das Palmeiras e Bairro Brasil, parte mais alta da cidade.
A situação em Itu é resultado da falta d'água que assola a cidade desde 5 de fevereiro deste ano, quando a concessionária Águas de Itu implantou o racionamento na cidade. No início, o rodízio era feito apenas nos bairros mais altos, onde a distribuição de água é mais difícil. Nos meses seguintes, o racionamento foi ampliado pelo menos mais três vezes e atualmente está em vigor na cidade toda.
O problema é que os moradores reclamam que o rodízio de água não é cumprido como anunciado pela empresa e muitos bairros estão sem água há dias. Há moradores que relatam que chegam a ficar 15 dias sem água. O abastecimento com caminhões-pipa também é alvo de reclamações. Até o atendimento ao consumidor gera queixas, já que muitas vezes o morador fica vários minutos no telefone e não consegue ser atendido.
De acordo com a prefeitura, cerca de 300 idosos e pessoas acamadas foram cadastradas como moradores com prioridade de abastecimento. O Comitê informa ainda que escolas, creches, unidades de saúde e outros prédios públicos são atendidos com caminhões-pipa no período noturno.
Entenda a crise
Apesar do Ministério Público já ter recomendado à prefeitura que reconheça o estado de emergência e calamidade pública, a prefeitura decidiu não acatar a medida. Em entrevista, o prefeito afirmou que o decreto não seria pedido já que não está faltando água para manter os serviços essenciais, como hospitais e escolas. O chefe do executivo afirmou também que foi protocolado um decreto para captação em 24 poços e reservatórios de uma indústria de bebidas do município.
Apesar do Ministério Público já ter recomendado à prefeitura que reconheça o estado de emergência e calamidade pública, a prefeitura decidiu não acatar a medida. Em entrevista, o prefeito afirmou que o decreto não seria pedido já que não está faltando água para manter os serviços essenciais, como hospitais e escolas. O chefe do executivo afirmou também que foi protocolado um decreto para captação em 24 poços e reservatórios de uma indústria de bebidas do município.
No entanto, conforme o documento enviado em julho, o Ministério Público aponta que a precariedade no abastecimento de água para a população não decorre exclusivamente do período de estiagem, mas sim de anos de má gestão e falta de investimentos no aumento da armazenagem de recursos hídricos, além da construção de novas barragens, desassoreamento das já existentes e modernização dos sistemas de tratamento e distribuição.
Após o Ministério Público reforçar a importância de que as reclamações sobre a falta d'água na cidade sejam registradas, o órgão já registrou mais de 1 mil ocorrências em menos de uma semana. Em um dia, 400 reclamações de moradores foram protocoladas e anexadas ao inquérito encaminhado ao Poder Judiciário. Na ação, o MP apresentou uma carta de recomendação ao prefeito para que tome previdências no sentido de tentar amenizar a situação dos reservatórios.
De acordo com a liminar, caso a água não chegue até o imóvel, a população deve reclamar na concessionária que terá que resolver o problema em 48 horas e a prefeitura será multada. Para o promotor, a intenção do órgão é esclarecer à população sobre os seus diretos. “Nós intensificamos a importância dos registros já que as pessoas não sabiam o que fazer e quem procurar. Temos outros pontos de atendimento, mas vários moradores chegam aqui e dizem que estão sem água a muito mais dias do que o tempo aceito pelo MP”, diz. O morador também deve fazer a denúncia no Ministério Público, localizado na Avenida Goiás, 194, no bairro Brasil.
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