Região fecha 1.200 postos de trabalho na indústria e tem o pior resultado do Estado

Dentre as 37 diretorias regionais do Ciesp, a de Sorocaba apresentou os piores números em setembro

Anderson Oliveira


Cerca de 1.200 trabalhadores da Indústria perderam o emprego em setembro, nas 48 cidades de abrangência da diretoria regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Sorocaba. O resultado significa um recuo de 0,96% no nível de emprego industrial. A região sorocabana foi a que mais perdeu postos de trabalho dentre as 37 diretorias do Ciesp no Estado de São Paulo no último mês.

Conforme relatório feito pela diretoria do Ciesp de Sorocaba, o nível de emprego registrado no setor em setembro foi o pior desde 2005. Apenas em 2011, aponta o estudo, o resultado havia sido negativo, com queda de 0,74%. "Quando comparados os meses de setembro dos anos de 2013 e 2014, temos um cenário pior, pois em setembro de 2013 o resultado foi positivo em 0,99%", diz o texto do Ciesp.

No acumulado dos três primeiros trimestres deste ano, a queda do nível de emprego na região de Sorocaba é de 0,9%, o que representa a perda de 1.100 postos de trabalho na indústria. Já na soma dos últimos 12 meses, a retração do emprego na indústria regional é de 2,23%. O resultado representa o fechamento de aproximadamente 2.800 postos de trabalho.

O índice do nível de emprego industrial na diretoria regional do Ciesp em Sorocaba foi influenciado pelas variações negativas dos setores de metalurgia, que apresentou queda de 6,14%; de produtos têxteis, que caiu 5,22%; produtos de borracha e de material plástico, com variação negativa de 4,15%; e de máquinas e equipamentos, que retrocedeu 1,30%. Segundo o relatório da regional estes foram os setores que mais influenciaram o cálculo do índice total da região.

Outros setores apresentaram variação negativa no nível de emprego, embora não tenham peso significativo em trabalhadores empregados, como o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, que diminuiu em 1,94% o número de postos de trabalho.

Também com peso menor no volume total de empregados da indústria, o setor de impressão e reprodução de gravações cresceu 6,75%. O segundo que mais empregou, percentualmente, foi o setor de móveis, com alta de 1,48% em setembro.

Sem fôlego
Os problemas enfrentados pela cadeia do sistema automotivo é o que explica o resultado ruim da região de Sorocaba, atesta o vice-diretor do Ciesp de Sorocaba, Erly Domingues de Syllos. Segundo ele, todo o fôlego que foi acumulado pelo setor ao longo dos últimos anos tem se esgotado no decorrer deste ano. "No ano passado, a região teve superávit de 6 mil empregos. E isso foi sugando ao longo deste ano", diz Erly, acrescentando, ainda, que foram eliminados outros 900 postos de trabalho em agosto.

Conforme o vice-diretor do Ciesp, todas as medidas possíveis para evitar o desemprego já foram tomadas na região e as empresas não podem mais resistir. "O mercado não está consumindo", sugere. Entre as medidas adotadas pelas indústrias, está a layoff, que consiste na redução temporária dos horários ou mesmo na suspensão dos contratos de trabalho, por parte das empresas.

Sindicato
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Ademilson Terto da Silva, também destaca que a maioria das demissões vem ocorrendo no setor automotivo. Porém, em sua avaliação, o problema deriva da inserção de novos equipamentos nos veículos zero quilômetro (air bag e freios ABS), o que fez com que eles ficassem mais caros. "Houve desaquecimento no segmento e as montadoras não fizeram previsão de produção junto com vendas", conta Terto. Diante disso, as montadoras devem entrar em férias coletivas, com duração de até 20 dias, no fim do ano, o que é raro, afirma o presidente do sindicato. Segundo ele, isso tem impacto direto na região, que possui grandes empresas de autopeças.

Mas Terto ressalta que algumas empresas se utilizam desse problema para fazer rotatividade de seus quadros, substituindo os trabalhadores com salários maiores por outros com salários mais baixos. Além disso, outros fazem reestruturação produtiva, substituindo maquinário e extinguindo funções dentro da empresa.

O presidente do SMetal afirma que a entidade está à disposição para auxiliar as empresas que desejam adotar medidas que viabilizem a manutenção da mão de obra. "O sindicato está à disposição de colocar ferramentas pela manutenção do emprego. Para construir alternativas para não demitir", conclui Terto.

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