Dilma promete 'fazer o dever de casa' no combate à inflação

Brasília - Com objetivo de dar o recado que o mercado aguarda, em relação às críticas sobre o descontrole dos gastos públicos, a presidente Dilma Rousseff prometeu "reduzir gastos" e "apertar o controle da inflação". Dilma reconheceu ainda que o governo "tem de fazer o dever de casa" para conter o aumento dos preços e afirmou que "tem esperança de que o Brasil terá uma recuperação da economia em 2015", embora ressalte que não exista "receita prontinha" para isso.
As afirmações da presidente Dilma foram feitas em entrevista a jornalistas dos quatro principais jornais do País, na tarde desta quinta-feira, 6, em seu gabinete. Na entrevista, Dilma avisou que "vai olhar o fiscal e a inflação". E anunciou que, ao contrário do que pregava a oposição, não vai mexer nem no centro nem no intervalo da meta da inflação.
"Eu não pretendo mexer em intervalo de tolerância de inflação. Eu não pretendo fazer isso. Nem no centro. O que eu pretendo é reduzir a inflação e não reduzir a meta da inflação. Reduzir a inflação com recurso fiscal e menos monetário. É isso", declarou a presidente, esclarecendo que a política de combate à inflação levará em conta, no entanto, o fato de o governo não querer desempregar.
Crescimento. A presidente afirmou ainda acreditar que "não teremos choque de oferta, como tivemos em alimentos, nem choque, como tivemos, por conta da seca". Para ela, não se pode menosprezar o impacto que terá o nível de seca enfrentado este ano no País, o maior dos últimos 80 anos.
Segundo a presidente, "os emergentes têm um espaço para voltar a crescer, mesmo num quadro complexo da economia internacional dos desenvolvidos". "Tenho esperança que o Brasil terá uma recuperação em 2015, afirmou Dilma.
© André Dusek/Estadão
E emendou: "nós vamos ter de fazer o dever de casa. Apertar o controle da inflação. Nos vamos ter limites dados pela nossa restrição fiscal para fazer toda uma política anticíclica, que poderia ser necessária agora, mas vão ter limites".
Dilma reconheceu que existe "problema interno" no País com a inflação e negou que tenha cometido "estelionato eleitoral" como atacou a oposição, já que, após o resultado do segundo turno, os problemas de descontrole das contas publicas apareceram.
"Por quê? Eu não concordo com isso não. Eu não estou dizendo que vou fazer o arrocho que eles falaram que iam fazer. Pelo contrário estou dizendo que vou manter emprego e renda. Eu não falei que vou reduzir meta de inflação e eles plantaram isso em prosa e verso. E tampouco concordo com choque de gestão. Eu sei o estelionato que choque de gestão é", atacou.
Gastos.
Dilma se negou a falar sobre tarifa de juros. Preferiu insistir que é preciso cortar gastos, mas ressaltando que "não é só isso". "Tem de fazer ajustes". Para ela, existem "várias contas desajustadas que podem ser reduzidas". "Estamos olhando com lupa o que dá para reduzir", comentou.

Para ela, reduzir ministério não é o caminho. "Isso é lorota", disse, sem querer explicitar onde serão feitos os ajustes. Reconheceu, no entanto, que existem gastos considerados absurdos com pensão por morte, abono salarial e seguro desemprego. O seguro desemprego, por exemplo, ela classificou como "um grande patrocinador de fraude".

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