Joaquim Levy e a crônica de uma derrota anunciada.‏

A provável nomeação de Joaquim Levy para Ministro da Fazenda no segundo governo Dilma representa uma derrota anunciada a dois anos. O governo federal vem perdendo o debate em política econômica desde o final de 2012, quando o mercado financeiro e economistas neoliberais recolocaram na agenda nacional que o governo era muito intervencionista, não controlava o gasto público como deveria e não zelava pela inflação baixa. Nesta ordem causal, estavam definidas quais as prioridades para a política econômica de um novo governo.
Sem debater suas opções com a sociedade, o primeiro governo Dilma foi sendo gradativamente acuado pelas forças de mercado, que atingiram fortemente as expectativas de investimentos do setor privado nacional. Tudo isso junto mais a manutenção de um cenário econômico internacional adverso levaram a uma forte redução das taxas de crescimento econômico do país.
A especulação financeira eleitoral reforçou o estado de guerra implementado pelo mundo empresarial ao primeiro governo Dilma, sinalizando para a manutenção de um cenário adverso para as expectativas futuras de investimentos.
Levy na Fazenda, sem dúvida, representa uma certa capitulação do segundo governo Dilma à ortodoxia econômica, sinalizando para a recolocação do ajuste fiscal no centro da política econômica. O quão gradativo será este ajuste dependerá da capacidade de liderança de Dilma e da sintonia do trio econômico (Levy, Barbosa e Tomboni).
Para os mais críticos a esta opção de Dilma, cumpre lembrar duas coisas:
- esta foi a opção de Lula em seu primeiro mandato, com Palocci, Levy e Lisboa à frente da Fazenda.
- o mundo todo não se livrou das políticas de austeridade fiscal, mesmo diante de astronômicas taxas de desemprego e baixo crescimento econômico.
Resta esperarmos que os debates que começam a ocupar os fóruns econômicos mundiais, criticando as políticas econômicas neoliberais e seus impactos sobre o aumento da desigualdade social, ganhem cada vez mais corações e mentes nos próximos anos.
Não temos como sustentar este debate apenas no Brasil.

Eduardo Marques
Economista

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