Secretário evita falar sobre inoperância da Dise e GAS

Fernando Grella Vieira diz que concurso em andamento preencherá vagas

Adriane Mendes 
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Leandro Nogueira 
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br 


O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, declarou ontem que concurso em andamento permitirá preencher "claros" dentro da estrutura da Polícia Civil nos próximos dois anos, mas não explicou se é esse o motivo da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), e o Grupo Antissequestro (GAS), estarem inoperantes desde meados do ano passado. O questionamento sobre a falta de ações efetivas pelas duas unidades especializadas, das quais a segunda inclusive foi desmembrada desde o fechamento de sua sede, no Jardim Paulistano, com a pulverização de seus integrantes para outras delegacias da cidade, foi feito ontem pela manhã no Parque Tecnológico de Sorocaba, pouco antes da celebração da instalação do Gabinete Metropolitano de Gestão Estratégica de Segurança Pública (Gamesp), da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). 

Durante uma rápida coletiva minutos antes de iniciar a solenidade marcada para às 10h, o secretário Fernando Grella não explicou o porquê da Dise não mais atuar diretamente no combate ao tráfico de entorpecentes por meio de operações que normalmente resultavam em desmantelamento de grandes quadrilhas, e nem o motivo que levou a administração local da Polícia Civil a fechar a sede do GAS e distribuir seus integrantes entre algumas delegacias da cidade. Os dois delegados que atuavam no Grupo, Wilson Negrão, que era o titular, e Rodrigo Ayres, estão hoje, respectivamente, no 2º Distrito Policial e Delegacia de Investigações Gerais (DIG). A Dise permanece na sede no Jardim América, mas o último caso de repercussão noticiado pelo Cruzeiro do Sul foi em agosto de 2013, quando a Dise encerrou a investigação de um grande esquema de tráfico de drogas no interior do Estado, com ramificação no Mato Grosso do Sul. 

O secretário Grella destacou que o Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-7), é o que tem, no Estado, o melhor desempenho em esclarecimentos, não citando porém o combate ao tráfico, que é a demanda da Dise. "A Regional de Sorocaba tem um excelente desempenho; nós temos acompanhado os trabalhos aqui e ela tem um percentual de esclarecimento de crimes elevadíssimo, tanto de homicídio quanto de sequestro, caixas eletrônicos. É um percentual dos mais altos do Estado", disse o secretário. 

O titular da pasta de Segurança Pública sugeriu também haver a falta de recursos humanos, ao dizer que concurso em andamento vai permitir o preenchimento de vagas em todas as unidades da Polícia Civil nos próximos dois anos. "Tem uma parte dos concursos que estará sendo concluído no semestre que vem, mas posso assegurar que, de todos os Departamentos do Interior, o de Sorocaba tem os melhores desempenhos em termos de sequestros, homicídios e inclusive de caixas eletrônicos", disse, sem se referir ao tráfico de drogas, que é de competência da Dise. Logo após a resposta, o secretário foi rapidamente retirado da coletiva por seus assessores. 

Em setembro, ao ser questionado pelo Cruzeiro sobre a inoperância da Dise, o delegado seccional Marcelo Carriel respondeu, por escrito, que o trabalho de investigação relativo ao tráfico de drogas, de forma em geral, é desenvolvido pelos distritos policiais, sendo cumpridos diversos mandados de busca e apreensão todos os meses, que resultam em inúmeras prisões em flagrante. O delegado seccional acrescentou que a Dise em Sorocaba é responsável pela conclusão de, em média, cinquenta inquéritos policiais por mês, encaminhando ao Poder Judiciário. "A delegacia de entorpecentes realizou, no ano de 2013, como exemplo, o fechamento de um laboratório de cocaína, que abastecia regiões de Sorocaba", informou a delegacia seccional, também sobre um caso concluído há mais de um ano. 

O pedido de entrevista foi feito via Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo, quando o tenente-coronel Marcos Antonio Ramos, comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), declarou em reportagem sobre minicracolândias em Sorocaba, que a responsabilidade de prender traficantes é das polícias Civil e Federal. 

Aumento da criminalidade 
Apesar da estatística divulgada anteontem pela Secretaria de Segurança Pública apontar um aumento de 35,18% nos casos de homicídios dolosos, e de 14,36% nos roubos de carros, entre janeiro a outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, o secretário Fernando Grella disse que o aumento da criminalidade na cidade é pontual. 

De acordo com ele, o aumento ocorreu na cidade de Sorocaba, mas que no cômputo geral do Deinter-7 isso não ocorreu. Segundo ele, na região houve redução de todos indicadores, com exceção de roubos. Ele ponderou no entanto que roubos implicam aspecto nacional: "Estamos passando por um momento nacional de aumento de roubos, mas um dado que tem que ser considerado é o registro de ocorrência através da internet, que pode ser feito desde dezembro de 2012. Pode ter havido aumento? Pode. Isto é uma realidade, e o Brasil todo teve aumento de roubos". Grella acrescentou ainda que o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança, divulgado neste mês, conta que 22 dos 27 Estados tiveram aumento de roubos. 

Os números divulgados pela SSP mostram que nesses primeiros dez meses foram registradas 73 homicídios dolosos com 90 mortes, enquanto que no mesmo período do ano passado foram 54 homicídios dolosos com 56 vítimas. 

Entre janeiro a outubro deste ano foram registrados 820 roubos de carros, e no ano anterior, 717.

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