Lava-Jato: empreiteiros deverão ser denunciados na próxima semana

<p>O foco principal são os acusados que permanecem presos em Curitiba.</p>
O foco principal são os acusados que permanecem presos em Curitiba.
O Ministério Público Federal (MPF) prepara para apresentar à Justiça já na próxima semana as primeiras denúncias contra empreiteiros que integravam o clube de empresas beneficiadas pelo cartel que atuou na obtenção de contratos da Petrobras e que foram presos na etapa mais recente da Operação Lava-Jato, realizada em 14 de novembro.
O esquema de pagamento de propina e desvio de recursos da estatal resultará em acusações de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude a licitações, entre outros. Os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava-Jato passarão o fim de semana analisando as últimas provas a serem incluídas nas denúncias. O plano é apresentar à Justiça todas as ações referente às empreiteiras nos próximos dias.
O foco principal são os acusados que permanecem presos em Curitiba. A OAS é a empreiteira com a maior quantidade de representantes presos de forma preventiva. Estão detidos desde a deflagração dessa fase da operação o presidente da empresa, José Aldemário Pinheiro Filho; o vice-presidente, Agenor Franklin Medeiros; o diretor Mateus Coutinho de Sá; e o funcionário José Ricardo Breghirolli. A Camargo Corrêa tem, por sua vez, três representantes presos: Dalton Avancini, presidente; Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente; e João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da empresa. A informação sobre a continuidade das prisões é da Justiça Federal no Paraná.
A lista de acusados presos inclui ainda donos e executivos da Galvão Engenharia, da Engevix, da UTC e da Mendes Júnior. A operação da PF deflagrada no dia 14 incluiu ainda os responsáveis pela construtora Queiroz Galvão e pela Iesa Óleo e Gás — eles conseguiram a liberdade no curso das investigações. As empreiteiras do chamado Juízo Final, nome dado à fase das investigações que desbaratou o clube formado pelas empresas para fatiar os contratos com a Petrobras, mediante pagamento de propina, serão o alvo das denúncias do MPF previstas para a próxima semana.
A suspeita central é de desvio de dinheiro de obras da estatal para o pagamento de propina a três partidos: PT, PP e PMDB. Às empreiteiras, cabia abastecer o esquema, muitas vezes por meio de empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef, em troca dos contratos principais para as grandes obras da Petrobras, em especial a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
MAIS DE UM ANO DE INVESTIGAÇÃO
Na esfera administrativa, a Controladoria Geral da União (CGU) já abriu processos contra as oito empreiteiras do clube formado para fatiar contratos da estatal. São as mesmas empresas cujos donos e executivos foram presos na operação da PF. O ministro da CGU, Jorge Hage, afirmou que os empreendimentos poderão ser enquadrados na Lei Anticorrupção.
A Polícia Federal, por sua vez, já elenca a abertura de um total de 95 inquéritos a partir da Operação Lava-Jato e acredita que eles deverão prolongar as investigações por, pelo menos, mais um ano.
A PF deve, no entanto, concluir em breve os inquéritos sobre as empreiteiras. Esta é considerada a parte mais impactante da operação, informou ao GLOBO uma autoridade que acompanha o caso.
Os inquéritos restantes deverão abordar aspectos periféricos do esquema de corrupção montada pelo doleiro Alberto Youssef e por outros operadores com a ajuda de ex-dirigentes da estatal.
Ainda assim, a PF estima que as investigações poderão resultar, no futuro, em pelo menos mais 15 operações. Em geral, as grandes operações da PF sempre deixam “resquícios” que servem de ponto de partida para novas investigações.

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