Em um ano, indústrias da região fecharam 5.550 vagas, aponta Ciesp

Em 2014 houve uma retração de 4,49% no número de empregos criados pelo setor em 48 cidades


Carolina Santana 
carolina.santana@jcruzeiro.com.br
 

Em um ano a indústria da região fechou 5.550 postos de trabalho. É o que aponta a regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp Sorocaba) na pesquisa mensal "Nível de Emprego Regional". Em 2014 houve uma retração de 4,49% no número de empregos criados pelo setor na região. Composta por 48 cidades a regional do Ciesp, apenas em dezembro, demitiu 2.150 pessoas. Com relação ao nível de emprego industrial a retração registrada no último mês do ano foi de 1,76%. 

De acordo com a pesquisa, o índice de emprego industrial na área do Ciesp Sorocaba foi influenciado principalmente pelas variações negativas dos setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos, ópticos, produtos alimentícios, veículos automotores e autopeças além da confecção de artigos do vestiário e acessórios. No Estado são 35 regionais e com o fechamento das mais de 2 mil vagas, em dezembro, a regional de Sorocaba ficou na 23ª colocação. 

Um dos demitidos no mês passado foi o soldador Márcio Mariano de Oliveira. Depois de trabalhar durante cinco anos em uma montadora de máquinas agrícolas instalada na cidade foi dispensado em um corte de funcionários promovido pela empresa. "Bastante gente foi mandada embora. A gente até imaginava que poderia haver demissão. Quem é empregado nunca está totalmente seguro em um emprego", comentou. O corte de mão de obra, comenta, foi motivado pela queda na produção. 

O soldador sempre trabalhou na indústria e agora pretende fazer um curso técnico na área de metalurgia para buscar uma recolocação no mercado. "Também posso fazer um curso mais rápido, uma especialização na minha área", comenta. Desde que foi dispensado da indústria, Oliveira está fazendo pequenos serviços como soldador. "Agora é seguir em frente e buscar outra vaga no mercado", comentou o soldador. 

Política econômica e reflexos em outros setores 

Para o vice-diretor regional do Ciesp, Erly Domingues de Syllos, o governo federal precisa definir rapidamente a política econômica do País e dar especial atenção para o setor industrial. A alta do dólar, custo produtivo no Brasil, alta carga tributária e outras instabilidades na economia, para ele, desencorajam o empresário. Syllos lembra que o setor automotivo enfrenta desaceleração expressiva, fato que traz reflexos negativos para a região que tem forte presença de indústrias do setor automotivo. 

Presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), o economista, Sidney Oliveira, reforça a presença de indústrias do setor automotivo e metalmecânico na região mas, apesar disso, destaca que há indústrias de diversos setores produtivos em Sorocaba e cidades vizinhas. "A atividade industrial caiu e vem passando por grandes crises", comentou. O economista lembra do chamado custo Brasil de produção, o que envolve a carga tributária sobre a folha de pagamento das empresas. "Não podemos esquecer que os insumos como a energia elétrica, que ficará mais cara em breve, também influenciam na competitividade da indústria e, consequemente, na capacidade de gerar empregos", afirmou o economista. 

Considerada multiplicadora de postos de trabalho, o desemprego na indústria traz reflexos negativos em outros segmentos produtivos como o comércio e o setor de serviços. "Podemos ter desemprego em outras áreas fora a industrial mas não com a mesma intensidade. É tudo uma engrenagem na economia e se uma área não vai bem, afeta as outras", argumenta. Para o economista o momento agora é de expectativa tanto por mudanças na política econômica do País como pela reação do mercado. Entre as ações aguardadas pelo governo, Oliveira cita a reforma tributária e a desoneração da folha de pagamentos. "Mas no momento o governo está com suas contas desequilibradas, onde tinha uma previsão de R$ 80 bilhões, fechou com déficit de R$ 20. A preocupação do governo é mexer nisso e reduzir esse déficit", afirmou.

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