Índice de homicídio doloso aumenta 68%

Telma Silverio
telma.silverio@jcruzeiro.com.br

Sorocaba registrou aumento de 68% nos casos de homicídios dolosos - em que há intenção de matar - no ano passado, em relação a 2013. 
Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) indicam - de janeiro a dezembro de 2014 - um total de 102 pessoas mortas em 85 casos de homicídios registrados pela Polícia Civil. No mesmo período do ano anterior, haviam sido registradas 61 mortes decorrentes de 59 homicídios. Alguns casos envolveram várias mortes como em 29 de março do ano passado, quando sete pessoas foram assassinadas e outras seis feridas em quatro atentados. "O que vivenciamos é dado o descrédito das instituições e do governo em si, mas ainda existem os delitos menores que sequer são divulgados ou registrados", destaca o coordenador da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Subseção Sorocaba, Claudinei Fernando Machado.

De acordo com o último levantamento divulgado na semana passada pela SSP, o número de tráfico de entorpecentes caiu de 1.179 para 823 registros no ano passado. Houve queda também do índice de casos de homicídio culposo por acidente de trânsito. A estatística da SSP indica que em 2013 foram 90 registros contra 48 do ano passado. O número de registros de estupros foi 27% mais baixo, isto é, 178 casos em 2014 contra 227 em 2013. Os casos de lesão corporal dolosa no município, entre janeiro e dezembro do ano passado, totalizaram 1.935 ocorrências, enquanto que em 2013 foram 2.446. As tentativas de homicídio de 2014 foram 100, com cinco a mais que no ano anterior. As ocorrências de homicídio culposo por acidente de trânsito sofreram queda de quase 90%: 90 para 48 casos.
Quanto aos números de registros de roubos de veículos, a estatítica da Segurança Pública aponta aumento. Em 2013 foram 859 roubos de veículos contra 967 no ano passado. Já os furtos de veículos reduziram em 2014, com 2.566 registros, e entre janeiro e dezembro do ano anterior foram 2.566 ocorrências. 

As modificações no sistema investigativo para aumentar os esclarecimentos dos crimes, implementadas desde o início de 2013, foram citadas pelo delegado seccional Marcelo Carriel, em reportagem recente do jornal Cruzeiro do Sul. Entre janeiro e novembro de 2014 haviam sido esclarecidos 130 casos de homicídios cometidos na região e mais 19 de latrocínio. A Delegacia Seccional de Sorocaba responde por 17 municípios. Sobre o aumento de roubos e roubos de veículos, o delegado ressaltou que o aumento desses delitos ocorreu em todo país e, entre os fatores, citou a legislação branda e o aumento da frota.

Policiais empenhados


Em declaração recente sobre o aumento de ocorrências de homicídios no município, o capitão da PM Sidney Vieira, chefe de Comunicação Social do 7º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPMI-7), informou que a maioria dos assassinatos do ano passado se concentraram em março e abril, tendo relação direta com o tráfico. O capitão destacou o empenho da PM no combate a esse tipo de crime que teria resultado no aumento de apreensões. A intensificação no trabalho de apreensão de armas também foi citada. Sobre a incidência de roubos, o oficial atribuiu o aumento à comunicação de ocorrências, inclusive pela delegacia eletrônica que facilitou o registro desse crime. Ele ressaltou a importância dos registros para direcionar as ações policiais.

O capitão da PM informou que a maior incidência de roubos tem se concentrado na região norte da cidade. Principalmente nas imediações das avenidas Itavuvu e Ipanema. Nos casos específicos de roubos a veículos, o oficial citou o aumento da frota em circulação, e também a amenização de penalidades relacionadas à receptação de veículos que tem permitido aos acusados responderem em liberdade. Outro fator que pode ter refletido no aumento de casos de roubos de veículos é a migração de marginais que atuavam em furtos para essa modalidade de crime. Entre as ações direcionadas para o combate desse tipo de delito está a Operação Cavalo de Aço, com pontos de bloqueio nos principais corredores viários da cidade para a abordagem de veículos.

Prioridade e impunidade

Para o coordenador da Comissão de Segurança Pública da OAB de Sorocaba, Claudinei Machado, não existe decréscimo nos crimes. "Esse incremento da atividade criminosa que estamos testemunhando não ocorre somente em casos de homicídios, mas como um todo, e em qualquer atividade criminosa." O advogado explica que a vítima está desacreditando totalmente no sistema e critica a dificuldade dos cidadãos em conseguir uma viatura. "A polícia faz de tudo para não designar a viatura. Não serve e nem protege. Já a Polícia Civil, no maquinismo da segurança pública, é o primo pobre em todas as situações. Alguém que teve o desprazer de ir à delegacia teve que esperar, então isso causa desestímulo muito grande", destaca.

Machado afirma que em determinados bairros como Éden e Cajuru, por exemplo, as viaturas circulam com a ajuda de moradores que "põem a mão no bolso" para a manutenção dos veículos. "Existem por causa do Conseg." O advogado fala da necessidade de melhoria no atendimento do Copom. "É preciso priorizar urgente o efetivo das polícias civil e militar." O advogado também critica os incentivos instituídos pelo governo. "Tem a operação delegada da PM e outras mais que visam fazer com que o policial que está em sua hora de folga trabalhar, ou seja, sobrecarregar o que podia estar descanso." 

Para ele, o prêmio chamado adicional de permanência para a polícia civil é uma forma de "tentar convencer aqueles que têm tempo de aposentar a não requerer."

A sensação de impunidade contribui para o aumento de criminalidade, acredita. "Causada pela ausência de um policiamento decente, ausência de investigação que possa ser chamada de investigação. Ao invés de expandir as delegacias estamos desativando porque não têm gente suficiente. Estamos na contramão." O alto índice de homicídio doloso reflete o desrespeito que os marginais estão tendo com as vidas das vítimas, por conta dessa sensação de impunidade. Ele ainda critica a política desarmamentista imposta pelo Governo Federal. "Hoje o marginal é fruto dessa política. Quando invade uma casa, uma empresa o faz tendo a certeza que as chances de encontrar uma vítima armada é reduzidíssima. Isso porque o governo entende que o cidadão armado é mais perigoso que o marginal", finaliza.

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