Nisman recebeu um tiro disparado a um centímetro de distância

Argentinos protestam pela morte do promotor.© MARCOS BRINDICCI Argentinos protestam pela morte do promotor.
A promotora Viviana Feim continua desvendando as pistas e recolhendo testemunhos que esclareçam a morte do promotor Alberto Nisman, cujo cadáver foi descoberto no banheiro da sua casa no último domingo ao lado do revólver de onde saiu a bala que o matou, um dia antes de uma apresentação crucial na Câmara dos Deputados. A promotora informou neste sábado, em uma entrevista no canal Todo Noticias, que o disparo na têmpora que matou Nisman foi feito a uma distância de um centímetro, no máximo. Fein indicou que a autópsia revela, além disso, que a bala que o matou pertence à arma encontrada junto ao corpo.
A promotora explicou também por que o expediente prévio à autópsia afirma que não houve intervenção de terceiros em sua morte: “Em primeiro lugar, pelo espasmo cadavérico que apresentava a mão; e por outro, pela falta de lesões traumáticas no corpo de Nisman.”
    Fein proibiu que o técnico de informática Diego Lagomarsino, a última pessoa a ver o promotor vivo, saísse do país. Foi ele que emprestou ao promotor, no sábado, a arma que causou sua morte.
    Na segunda-feira, ao ver as notícias da televisão, Lagomarsino se apresentou voluntariamente para dar declarações e forneceu à promotora um telefone onde pode ser localizado. Mas na sexta-feira a promotora não conseguiu encontrá-lo, por isso deu a ordem proibindo que ele saísse do país. O técnico em informática ficou sabendo que era procurado e entrou em contato novamente com a promotora. Ele não é acusado da morte de Nisman, embora pudesse ser preso por emprestar uma arma a alguém sem permissão, um delito tipificado na Argentina e com pena de até seis anos de prisão.
    No último sábado, às oito da tarde, Lagomarsindo foi chamado pelo promotor para ir a sua casa. Uma juíza amiga dele contou ao jornal Página 12 que o técnico afirma que o promotor pediu uma arma para se defender, e acrescentou que na sexta-feira o morto havia chamado Stiuso (Antonio Horacio Stiuso, ex-chefe de Operações do Serviço de Inteligência da Argentina, que passava informações a Nisman) para adverti-lo de que desconfiava de seus guarda-costas e avisar que havia colocado seguranças para cuidar das suas filhas. Pouco depois das oito da tarde, Lagomarsindo saiu da casa de Nisman pela porta da frente. A morte, suicídio ou assassinato (a promotoria a classifica como uma "morte duvidosa") aconteceu entre as 11h e as 15h do domingo.

    Trabalho obscuro

    A imprensa argentina especula sobre o salário do técnico de informática. Ele recebia 41.000 pesos por mês (12.200 reais), o mais alto de todos os colaboradores do promotor, e quase nunca trabalhava na promotoria, mas em sua casa ou na casa do promotor quando este pedia.
    Por outro lado, a ex-esposa de Nisman e mãe de suas duas filhas, a juíza Sandra Arroyo Salgado, se apresentou para dar declarações. Seu testemunho é valioso, já que pode esclarecer os motivos que levaram Nisman a interromper, na semana passada, suas férias na Europa com uma de suas filhas para voltar a Buenos Aires antes do previsto. No dia seguinte à morte do promotor, perguntaram se acreditava na hipótese de suicídio. Ela respondeu que não.

    Postar um comentário

    0 Comentários