Cidades da região sofrem com atrasos nas correspondências

Empresa defende e afirma que as entregas domiciliares estão regularizadas




Esdras Felipe Pereiraesdras.pereira@jcruzeiro.com.br
programa de estágio

O transtorno causado pelo atraso na entrega das correspondências, constantemente noticiado nos últimos meses pelo jornal Cruzeiro do Sul, não é de exclusividade dos sorocabanos. A situação também incomoda a população de Mairinque e São Roque há pelo menos dois meses. De acordo com os munícipes ouvidos pela reportagem, a alternativa tem sido recorrer às segundas vias pela internet, antes que o prazo de pagamento das contas vença. O diretor em Sorocaba do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Gilmar Gomes da Silva, afirma que toda a base da entidade recebe críticas relacionadas ao problema. "As reclamações partem de Itararé até Araçariguama, passando por São Roque, Mairinque, Salto, Itu, Piedade, Pilar do Sul, Tatuí, Capão Bonito, Itapetininga, entre outras cidades", comenta.

A aposentada Josefa Real de Moraes, 71, moradora do Jardim Cruzeiro, em Mairinque, conta que sua filha foi até o centro de distribuição dos Correios na cidade em busca das cartas, mas foi informada por uma funcionária de que não poderia recebê-las. "Ela (a funcionária) falou que não tinha tempo de separar as correspondências para entregar porque não tinham funcionários suficientes", afirma. A idosa acredita que a dificuldade em receber boletos bancários e outras cobranças tem sido enfrentada por grande parte dos habitantes da cidade. "Sorte que aqui em casa a gente conhece as datas das contas, então conseguimos pagá-las sem multa", explica.

Mesmo com a possibilidade de imprimir algumas contas pela internet, a proprietária de uma madeireira localizada na Vila Sorocabana, em Mairinque, reclama que não conseguiu receber a fatura de uma taxa de impostos da Prefeitura antes do limite para vencimento. Depois do prazo expirar, Maria Ivone Damasceno encarou mais de uma hora de fila em uma agência bancária para conseguir quitar sua dívida. "O problema não são os juros, que são baixos, mas sim o tempo que a gente perde no banco por causa do problema", lamenta. Ela, inclusive, teria questionado um carteiro que trabalhava próximo ao seu comércio sobre o atraso nas entregas das correspondências. "Ele foi enfático: disse que eu não conseguiria minhas contas tão cedo, pois faltam funcionários", conta.

Segundo os Correios, Mairinque conta atualmente com 17 empregados, sendo 11 carteiros efetivos (próprios). A empresa alega que os atrasos na cidade são pontuais. "Embora não sejam de forma diária, as entregas de correspondências são feitas regularmente e, independentemente do segmento dos objetos postais, os Correios não deixam de entregá-los", informa em nota.

São Roque

Os aproximadamente 7,2 quilômetros que separam São Roque de Mairinque não fazem com que o transtorno seja menor na cidade. O impasse para ter acesso às cartas é percebido, principalmente, por moradores da região central. O aposentado Laerte Grenga, 73, residente da rua José Alambique, relata ter buscado diversas vezes suas postagens diretamente na unidade dos Correios. Apesar disso, lembra ter deixado de receber a fatura de um cartão de crédito. "E para pagar no caixa é um problema, porque é um monte de números e sempre tenho que pedir ajuda", argumenta.

Já o sócio-proprietário de uma farmácia no Centro, Silvio José Agostinho, 75, precisa da ajuda da filha para retirar os boletos de pagamento pela internet. Ele explica que um funcionário dos Correios teria justificado a demora para a entrega das correspondências com base na greve dos caminhoneiros, que atingiu o País em março deste ano. "Mas não é verdade, porque a paralisação já acabou e o problema continua", disse.

Na cidade, são empregados 37 profissionais, sendo 25 carteiros efetivos (próprios), conforme os Correios. Questionada pelo Cruzeiro do Sul, a empresa afirmou que as entregas domiciliárias na cidade já estão regularizadas.

Para os Correios, tanto em São Roque quanto em Mairinque, os atrasos são provocados por dois fatores: a sobrecarga de correspondências e o encerramento do contrato com a empresa que fornecia trabalhadores - que atuavam na área operacional - temporariamente. "Está em andamento um novo processo de licitação para contratação de nova empresa fornecedora de mão de obra temporária e a previsão é de que as equipes sejam ampliadas ainda neste primeiro semestre", acrescenta a empresa. (Supervisão Marcelo Andrade)


Procon faz reunião com Correios

O problema causado pela entrega atrasada das correspondências motivou uma reunião entre integrantes do Procon Votorantim e representantes dos Correios, na última segunda-feira. A empresa admitiu que há defasagem de funcionários desde o término do contrato - em 2014 - com uma prestadora de serviços terceirizados.

Segundo os Correios, existe possibilidade de abertura de concurso público a qualquer momento para reposição de vagas. Já o Procon afirma que "é importante restabelecer a prestação de serviço pois se trata de algo essencial, devendo, portanto, ser feita com eficiência".
Uma nova reunião deve ser realizada no dia 23 de abril, quando os Correios se comprometeram a dar um posicionamento em relação às providências adotadas para resolver as demandas, após levar solicitações do primeiro encontro às instâncias superiores da empresa. (E.F.P.)

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