Maioria dos casos de epilepsia pode ser controlada com medicação

  • 26/03/2015 05h55
  • Brasília
Aline Leal - Repórter da Agência Brasil Edição: Graça Adjuto
Condição neurológica que atinge de 1% a 2% da população brasileira, a epilepsia pode se manifestar em qualquer idade, mas costuma apresentar a primeira crise, com maior frequência, em crianças com menos de dois anos. Hoje (26), a campanha mundial Purple Day vem usar a cor lilás para chamar a atenção da população sobre essa condição.
A neurologista infantil e do adolescente Alessandra Freitas, mestre em medicina pela Universidade de São Paulo, explica que as crises de epilepsia são ocasionadas por descargas elétricas anormais no cérebro, “uma atividade cerebral errada”. Em alguns casos, a pessoa nasce com essa condição, em outros, ela pode ser ocasionada por lesões e por síndromes, entre outros fatores.
A duração da epilepsia também varia. Em algumas pessoas, desaparece na adolescência, em outras tem que ser controlada por medicamentos por toda a vida. Em 80% dos casos, o paciente pode ter uma vida normal, usando a medicação.
De acordo com a especialista, o sintoma da crise depende da área cerebral envolvida, tem início súbito e cessa espontaneamente ou, quando muito prolongada, com o uso de remédios. Essas crises podem durar segundos ou poucos minutos e se manifestar de formas diferentes.

Nas crises mais violentas, é importante que quem esteja próximo saiba como agir. Nesse caso, devem ser afastados objetos que ofereçam risco, deve-se dar espaço para a pessoa respirar e proteger a cabeça dela, posicionando-a de lado.
Em alguns casos, a pessoa fica ausente, parada com o olhar fixo, em outros é como se ela levasse um pequeno susto. No tipo mais conhecido, a pessoa tem movimentos involuntários com os músculos, pode se contorcer, babar e, algumas vezes, urinar e vomitar. Depois que passa, ela não tem consciência do que aconteceu.
Segundo a Assistência à Saúde de Pacientes com Epilepsia, é Importante não dar água para a pessoa que está tendo uma crise, não esfregar álcool ou outras substâncias, não colocar objetos na boca, não puxar a língua e também saber que a saliva não passa epilepsia.
O controle das crises é importante não só para a segurança e o conforto do paciente, mas também porque elas podem ocasionar sequelas, como perda de memória, perdas cognitivas e falta de atenção.
Segundo a presidenta da Federação Brasileira de Epilepsia, Carolina Doretto, o diagnóstico é primariamente clínico, mas posteriormente são necessários exames. “É importante o paciente ou o familiar fornecer para o médico todas as informações de como é a crise, se tem horário especifico, quanto dura, quantas vezes ao dia e ao mês”, explica.
Carolina conta que a rede pública de saúde oferece uma boa gama de medicamentos para a doença. Porém, em cerca de 20% dos casos o paciente não consegue evitar as crises com remédios e, algumas vezes, é preciso uma intervenção cirúrgica.
Para Carolina, embora a tecnologia avance, com medicamentos mais adequados e mais capazes de controlar as crises, o preconceito permanece. “Avança tudo, mas não avança na quebra do preconceito. As crianças são discriminada na escola, a família superprotege ou renega a criança, o adulto não consegue acesso ou permanência no mercado de trabalho. Nisso ainda temos que avançar muito”.

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