Professores de São Paulo fazem caminhada por melhores salários

  • 27/03/2015 20h41
  • São Paulo
Elaine Patrícia Cruz - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro
Terminou por volta das 18h30 de hoje (27) a caminhada d Os professores da rede estadual de São Paulo fizeram caminhada hoje (27), no centro da capital paulista, depois de decidirem, em assembleia, manter a greve iniciada no último dia 13. Eles reivindicam, principalmente, reajuste salarial de 75,33%, enquanto o governo diz que já deu 45% de aumento acumulado para a categoria nos últimos quatro anos.
Ao final do ato, no início da noite, na Praça da República, em frente à Secretaria Estadual de Educação, a Polícia Militar (PM) contabilizou a presença de 10 mil professores e estudantes na caminhada. Já o Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) estimou a presença de 50 mil pessoas. Foi a terceira assembleia dos professores nesses 15 dias de paralisação, e a que mais reuniu manifestantes.
A caminhada foi pacífica. O único incidente foi logo no começo do ato, na saída do vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), quando alguns manifestantes tentaram forçar a passagem, enquanto a PM tentava segurar o andamento dos professores. Mas o tumulto durou pouco tempo.
Na Praça da República, alguns professores sentaram no chão para escrever, com giz colorido, mensagens ao governo paulista, pedindo reajuste salarial e melhores condições nas salas de aula.
Durante o percurso, a reportagem da Agência Brasil conversou com alguns professores. Um deles, professor de história de uma escola da zona leste da capital há um ano, não quis se identificar por medo de represália. Ele disse que decidiu entrar em greve principalmente por causa das salas lotadas e das más condições das escolas públicas. “Tenho colegas que têm até 80 alunos na sala de aula. Falta até papel higiênico”, revelou.
Ana Vitalina de Souza, que leciona há 21 anos e dá aulas de geografia em uma escola da zona oeste paulistana, contou que está em greve por causa das más condições de trabalho; pelas salas superlotadas e quebradas. "Na escola em que trabalho não tem nem mesa para o professor colocar seu próprio material para dar aula. No começo do ano faltou até giz e papel higiênico. Tudo isso revolta a gente. Tenho 21 anos de trabalho e me efetivei no ano passado com salário de R$ 1,6 mil, para 20 aulas, bem menor do que quando entrei. Isso, fora a violência que a gente sofre na sala de aula”, acrescentou.
A professora disse que com esse salário precisou da ajuda da filha para pagar seu aluguel. “Não dá para sobreviver, ganhar R$ 1,6 mil de trabalho e pagar R$ 1,4 mil de aluguel”, falou ela, que dá aulas também na rede particular para poder garantir seu sustento. Na escola em que leciona, Ana contou que cerca de 80% dos professores entraram em greve.
Por meio de nota à imprensa, a Secretaria de Educação informou que a decisão do sindicato, de manter a greve, “é extemporânea e ofensiva aos pais e alunos paulistas, uma vez que a categoria recebeu o último aumento salarial há sete meses, em agosto de 2014, o que consolidou um reajuste de 45%”.
“É injustificável, portanto, uma paralisação sem qualquer tentativa prévia de negociação com a pasta”, diz o comunicado. A Apeoesp informou, no entanto, que a primeira rodada de negociação está agendada para segunda-feira (30).
A Apeoesp diz que 140 mil professores já aderiram à greve nas escolas, enquanto a secretaria diz que o comparecimento de professores às aulas “ficou em 92% ao longo da semana”.
“O registro mostra uma oscilação em relação à média diária de ausências, que têm sido supridas pelo grupo de 35 mil professores substitutos. Estes profissionais, abastecidos com os planos de aula e com materiais didáticos, são acionados de maneira rotineira para levar o conteúdo à sala de aula”, diz a secretaria.

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