Morador de São Roque percorrerá 28 mil km de moto pela América Latina.
Rapaz teve câncer e viajará para orientar pacientes sobre qualidade de vida.
Um radialista de São Roque (SP) largou o emprego e está de malas prontas para fazer uma viagem diferente pelos países da América do Sul. A partir deste sábado (21), Michel Octávio, de 26 anos, deixa a sua cidade natal para encarar quase 30 mil quilômetros a bordo de uma motocicleta, de 125 cilindradas, em uma expedição pelos hospitais dos nove países do continente, em busca de orientar pacientes com câncer sobre “o valor da vida”.
Em seis meses, Michel, que deixou o emprego de assessoria de imprensa e trancou a segunda faculdade para se dedicar ao projeto, pretende viajar mais de 28 mil quilômetros, a bordo de uma motocicleta, do Brasil até cidades do Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. O objetivo da viagem, que não tem um roteiro definido, chamada de "Expedição Motivando a América", é oferecer conversas e palestras motivacionais gratuitas aos pacientes em tratamento contra o câncer que estão internados nos hospitais sul-americanos.
Michel recebeu a notícia que estava com um tumor nos testículos em 2012. Em entrevista ao G1, o radialista lembra que o tratamento foi rápido, porém muito agressivo. “Passei por um tratamento intenso de quimioterapia. Foram sessões sete dias por semana durante três meses, mas em momento algum queria que as pessoas sentissem dó de mim, ou fossem até o hospital me consolar”, comenta.
“Quando eu soube que estava com câncer foi um choque, mas a reação dos meus pais foi de completo desespero. E foi isso que me deixou preocupado, ver que o mundo deles tinha caído por causa da minha doença”, lembra. Após a reação dos pais, Michel decidiu que tentaria encarar a doença da forma mais “leve” que pudesse.
O radialista relembra ainda que a única reação que teve foi ter perdido os cabelos e que, durante o tratamento, percebeu que a doença estava mais ligada aos efeitos colaterais emocionais do que físicos. “Pela experiência que eu vivi no tratamento quimioterápico, pude notar que o resultado satisfatório está totalmente ligado ao estado de espírito e crença do paciente. Eu percebi que sentimentos como frustração, raiva e desespero são muito mais fortes do que os remédios. Então, eu decidi que queria ‘brincar’ com a doença e levar a vida o mais leve possível, de cabeça erguida, pois sabia que eu ia sair dessa. Agora eu quero mostrar para as outras pessoas que isso é possível e mais fácil do que a gente pensa”, diz.
Reabilitação e documentação
Para seguir com o projeto de tentar manter a sua qualidade de vida apesar da doença, o radialista passou a fazer visitas a outros pacientes com câncer dentro dos hospitais. O objetivo era mostrar a sua experiência e conhecer histórias.
Para seguir com o projeto de tentar manter a sua qualidade de vida apesar da doença, o radialista passou a fazer visitas a outros pacientes com câncer dentro dos hospitais. O objetivo era mostrar a sua experiência e conhecer histórias.
“Comecei a conversar com os outros pacientes ainda na época em que fazia quimioterapia. No começo foi muito difícil porque várias pessoas ainda pensavam de forma extremamente pessimista e isso me afetava bastante, mas me preparei muito psicologicamente para a expedição e tenho fé que vou conhecer boas histórias”, diz otimista.
Michel levará na moto um computador e documentará todo o trajeto da viagem com uma câmera, que ficará acoplada no capacete do radialista. “Quero registrar tudo o que puder, tanto os momentos bons quanto os ruins. Espero conhecer histórias de superação muito maiores do que a minha e também passar a mensagem de que de a cura do câncer é uma jornada árdua, porém, não impossível”, finaliza.Durante a viagem, Michel irá se hospedar em albergues, no corpo de bombeiros e também na casa de parentes das pessoas internadas nos hospitais. “Já fiz uma viagem semelhante no Brasil. Visitei hospitais de Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo e fiquei hospedado da mesma forma. Não tive problema para entrar em nenhum hospital, mas evito tirar fotos dos pacientes por ser um momento muito delicado”, afirma.
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