Secretário e vereador voltam a trocar farpas sobre denúncias

 Carlos Araújo
carlos.araujo@jcruzeiro.com.br 

José Antônio Rosa
joseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br 

O secretário de Governo João Leandro da Costa Filho e o vereador José Crespo (DEM) voltaram a trocar farpas ontem. O motivo foi um pronunciamento feito na Câmara por Crespo, na semana passada, e entrevista dada em uma emissora de rádio, na qual o vereador reafirma a existência de "quadrilhas" na Prefeitura de Sorocaba.

Ontem, em entrevista, João Leandro disse que Crespo "contribuiria" mais para as investigações das denúncias que ele próprio encaminhou à Polícia sobre a possível existência de "quadrilhas" dentro da Prefeitura, se apontasse os nomes dos responsáveis. "O parlamentar tem a função de fiscalizar e, até por isso, deve indicar com a maior clareza possível o que sabe. Não foi isso o que aconteceu neste procedimento", afirmou João Leandro aos jornalistas depois de ter prestado depoimento no inquérito aberto na Delegacia Seccional do município.

Crespo rebateu: "Essa história do João Leandro é uma atitude diversionista, quando a pessoa se sente acuada. Provavelmente com a consciência pesada por não ter feito alguma coisa, tenta desviar o assunto." Explicou que a Câmara e o vereador têm competência para fiscalizar, mas a investigação cabe à Polícia Civil e ao Ministério Público.
No contato com a imprensa, o secretário criticou o vereador por "exceder o limite" e usar expressões ofensivas e não verdadeiras no pronunciamento que fez na Câmara. "Ele faz ataques deselegantes como quando diz que agentes públicos receberam propina e acusa a administração de formação de quadrilha. Isso não é admissível".

Crespo, por sua vez, perguntou como é que o secretário quer que ele dê nomes. "Nós não temos capacidade de esgotar investigação, se tivéssemos essa capacidade não precisava da Polícia Civil e Ministério Público, órgãos de investigação", disse Crespo
Para João Leandro, a imunidade parlamentar de que Crespo dispõe por cumprir mandato eletivo não o livraria de uma possível ação caso os fatos denunciados não se comprovem. "As pessoas que se sentirem ofendidas poderão, se assim quiserem, tomar medidas para preservar seus direitos. O governo está ofendido, e prova disso é que o secretário está aqui hoje (ontem) para acompanhar os desdobramentos disso tudo". Crespo acrescentou que "o vereador tem imunidade civil e criminal absoluta dentro do município."
Num outro momento, o secretário reiterou que todas as irregularidades apontadas são investidas administrativamente. "Abrimos sindicâncias e estamos buscando esclarecer tudo. Mais do que isso, nos colocamos à disposição para prestar todo e qualquer esclarecimento que se faça necessário".

Por ora, segundo o secretário, o vereador José Crespo não apresentou elementos que poderiam apoiar as investigações. "Ele se reporta a coisas passadas, como a Operação Pandora, que não aconteceu neste governo e fala de uma suposta ação de fiscal no bairro Genebra. Mesmo assim, não produziu prova alguma".

A delegada que preside o inquérito, Daniela Cavalheiro Moreira Lara de Góes, também ouvida pelos repórteres, classificou as denúncias recebidas de "vagas e imprecisas". Faltou, segundo ela, individualizar as ações que teriam sido cometidas. Mesmo assim, a polícia deverá dar continuidade às investigações e ouvir depoimentos de servidores e empresários.
Isso deverá acontecer a partir da consulta aos processos administrativos instaurados. Em tese, conforme a delegada, é apurada a possível prática dos crimes de formação de quadrilha, corrupção e prevaricação. Daniela disse que não existe prazo para concluir os trabalhos. 
 

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