Greve de motoristas para ônibus na cidade

Movimento atinge transporte coletivo urbano e intermunicipal. Sem acordo, paralisação deve continuar hoje

Larissa Pessoa 
larissa.pessoa@jcruzeiro.com.br

programa de estágio 

Motoristas de empresas que operam o transporte público coletivo urbano e intermunicipal de Itu paralisaram o serviço na cidade em reivindicação ao aumento salarial. A greve foi deflagrada por volta das 11h de ontem e nenhum acordo foi alcançado nas reuniões que foram realizadas entre os grevistas e representantes das concessionárias. Além das linhas com itinerário dentro do município, foram suspensas as saídas para Sorocaba, Porto Feliz e Campinas. Motoristas de ônibus fretados também cruzaram os braços em solidariedade aos cerca de 500 colegas que reivindicam aumento salarial.



Segundo Vitor Ribeiro de Carvalho, presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Itu e Região, os representantes das empresas Avante, AVB, Viações de Itu e Bonavita ofereceram 7% de reajuste. A proposta foi recusada pelos motoristas. Os funcionários reivindicam também participação nos lucros e aumento no valor do vale-alimentação. "Oferecer 7% de dissídio é uma vergonha. Está abaixo da inflação", destaca Carvalho. 

Ônibus na garagem

Segundo o presidente do sindicato, motoristas que já haviam iniciado o turno da manhã finalizaram o trabalho até o início da tarde de ontem, porém os condutores dos turnos seguintes cruzaram os braços e nem saíram da garagem. "Enquanto não houver um acordo a greve continua, sem previsão para término." Na tarde de ontem as linhas intermunicipais também começaram a parar. De acordo com o sindicato, o transporte coletivo municipal e intermunicipal do município de Cabreúva, onde as mesmas empresas atuam, também será paralisado a partir de hoje pelos mesmos motivos. 

Sérgio Ribeiro de Carvalho, também representante do sindicato, contou que a categoria aguardava uma decisão judicial para definir quantos veículos continuariam a roda na cidade. "Acreditamos que irão determinar que pelo menos 30% da frota continue operando, mas enquanto não houver nenhuma determinação, a paralisação será geral." 

A Prefeitura de Itu afirma ter sido surpreendida pela greve dos condutores, pois não houve nenhuma sinalização prévia da categoria acerca de uma greve. A AR-Itu (Agência Reguladora dos Serviços Delegados), está acompanhando a evolução das negociações entre a empresa concessionária do transporte público e seus funcionários. Mesmo com a paralisação, Prefeitura e Sindicato entraram em acordo para garantir o retorno dos ônibus escolares até a Zona Rural na data de ontem, com escolta da Guarda Civil Municipal. 

As quatro empresas que prestam o serviço de transporte em Itu foram procuradas pela reportagem, mas nenhuma delas atendeu as ligações. 

Sem aviso, passageiros são pegos de surpresa 

Maria da Glória,60, usuária do transporte coletivo em Itu, foi pega de surpresa ao chegar em um ponto de ônibus no Jardim Ianne e ser avisada sobre a paralisação dos motoristas. Ela pretendia ir a uma missa no centro da cidade. Diante da greve, iria pedir ao marido para deixar o trabalho mais cedo e buscar o neto na escola. "Nós não fomos informados de nada e isso é um absurdo e um desrespeito." 

A aposentada Inês Camargo, de 56 anos, moradora do bairro Cidade Nova, também ficou sem transporte. Ela diz não ter outra maneira de voltar para a casa, o que a fez permanecer das 13h até 15h num ponto de ônibus, horário em que ainda não havia conseguido condução. "Esse é o preço que se paga por ter escolhido morar em Itu. Estou contando que algum motorista fique com pena de mim e me deixe entrar no ônibus", desabafou. 

Aguardando em um ponto de ônibus do Parque Industrial por mais de duas horas, a operadora de caixa Claudionara de Souza Holanda, 27, precisou solicitar o serviço de mototáxi para chegar ao trabalho, no Jardim Paraíso. "Eu já estou uma hora atrasada. Liguei para a minha chefe e eles estão mandando o mototáxi aqui", relatou. Segundo ela, a preocupação sobre como seria a volta para a casa também era grande. "Se para ir trabalhar já está difícil, imagino quando eu sair, depois das 22h", lamentou. 

Moradora de Sorocaba, mas funcionaria de uma indústria de Itu, Gabriela Moura Gázques, 23, contou que não pôde ir a aula, na Universidade de Sorocaba (Uniso), pois não conseguiu voltar para a casa a tempo. "Eu saí do trabalho, mas tive que aguardar mais de duas horas por uma carona do meu pai e quando cheguei em casa não dava mais tempo de ir." Gabriela relatou que para chegar ao trabalho na manhã de hoje contará novamente com a ajuda da família. (Supervisão: Carolina Santana

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