Polícia prende "serial killer" de 19 anos

Mandante e executor dos crimes já eram conhecidos dos meios policiais em Porto Feliz, diz a polícia
Adriane Mendes
adriane.mendes@jcruzeiro.com.br

A Polícia Civil de Porto Feliz esclareceu que os quatro homicídios ocorridos neste ano entre fevereiro e abril, sendo três na própria cidade e outro no município vizinho de Rafard, ocorreram a mando de uma facção criminosa, e que o executor é um rapaz de apenas 19 anos de idade, classificado pelas autoridades policiais como "serial killer" (assassino em série). O acusado direto pelas mortes, Mateus Boaventura, vulgo Pedrinho, foi detido no mês passado durante a operação Sorocaba 3, e está apreendido na Fundação Casa por uma tentativa de homicídio praticada quando ainda era menor, devendo ser removido para o sistema penitenciário pelos quatro crimes deste ano, praticados já na sua maioridade. 

O mandante, Douglas de Carvalho, 26 anos, vulgo Vico, do setor de Disciplina na organização criminosa, já teve a prisão preventiva solicitada, mas permanece foragido. O esclarecimento das mortes foi passado para a imprensa pelo delegado André Bonan, de Porto Feliz, durante coletiva realizada na Delegacia Seccional de Sorocaba.

De acordo com as investigações concluídas por meio de cruzamento de informações, testemunhas protegidas, e também pelo levantamento das relações entre acusados e vítimas, os crimes aconteceram basicamente em decorrência de descumprimentos do estatuto da facção. O delegado André Bonan destacou ainda que tanto mandante como o executor já eram conhecidos nos meios policiais da cidade, sendo que David Douglas, além de exercer a função de determinar as penas aos que infrigem os regimentos da facção, possui antecedentes por tráfico e associação para o tráfico. Mateus, apesar da pouca idade, já teve duas passagens pela Fundação Casa durante a adolescência, sendo ainda "respeitado e influente por traficantes e ladrões".

A classificação de "serial killer" foi dada devido ao fato da maneira uniforme com que Mateus Boaventura agiu em todos esses casos, sendo que todas as vítimas foram executadas com vários tiros, e todas foram atraídas pelo autor para passeios, como por exemplo churrascadas. No retorno, ele as surpreendia. 

A arma, possivelmente calibre 38, porém não foi localizada, e a polícia não descarta a possibilidade de que o mandante a fornecia para cada crime. A denominação de assassino em série também foi dada pelo curto espaço de tempo em que os homicídios ocorreram, entre 4 de fevereiro e 22 de abril, podendo assim considerar que no prazo de 77 dias ocorreu um assassinado a cada 20 dias aproximadamente.

O delegado André Bonan explicou que Mateus já foi indiciado pelos quatro assassinatos realizados já na maioridade, e que tão logo sejam decretadas as prisões temporárias (pedidas individualmente para cada um dos crimes), ele deverá ser transferido para o sistema penitenciário.

Sobre esse aspecto, o delegado seccional Marcelo Carriel, comentou que se não fosse isso, Mateus, considerado de alta periculosidade, deixaria a Fundação Casa em no máximo três anos. Mas que agora, com os processos já em sua conduta adulta, deverá amargar um bom tempo na cadeia, considerando que os crimes, cujas penas variam de 12 a 30 anos, serão julgados individualmente. 

Carriel aproveitou para defender a redução da maioridade penal ou a extensão da internação pela Fundação Casa por até oito ou dez anos.Mas para configurar a periculosidade do executor, o delegado André Bonan informou que ele ainda responde pela morte de Willian Douglas Alves, em 29 de dezembro de 2012, quando ainda tinha 16 anos. Esse crime também foi a mando de David Douglas, pelo fato de que a vítima teria se engraçado com sua esposa.

Outro crime atribuído a Mateus é uma tentativa de resgate de um adolescente em trânsito com viatura da Fundação Casa, em 31 de março deste ano, ocasião em que chegou a atirar num funcionário da instituição. O adolescente que ele desejava resgatar está apreendido por tentativa de homicídio contra um jovem que saiu com sua namorada. 

Esse mesmo adolescente, em 2013, havia participado com Mateus de um roubo a lotérica em Porto Feliz. Agora, ambos são investigados pela morte de Cláucio Aparecido Gonçalves Trajano, ocorrido em 11 de março deste ano.

Motivação e vítimas


A primeira vítima foi Natanael Bonato, em 4 de fevereiro, e a causa foi o fato de ele ter deixado a facção e mesmo assim continuar praticando delitos. Em 8 de março, Elaine Cristina Leardini, foi morta por ser considerada "cagueta", ou seja, quem fala demais. Diego Constantino morreu oito dias depois, por ser visto como "talarico", o que na gíria significa querer conquistar esposas e namoradas de outros homens. Ele também era acusado de ostentação e por não pagar suas dívidas. 

A quarta vítima, José Apsrecido Ribeiro, foi assassinado em 22 de abril por ser tido como "criminoso" pelo fato de que, num assalto à residência, teria estuprado uma mulher. E embora todas as vítimas sejam naturais de Porto Feliz, apenas esse caso aconteceu em Rafard.

Agora, com a prisão do executor, o delegado de Porto Feliz acredita que o índice de homicídios deverá baixar, pois esses quatro são os que foram registrados desde o início do ano.

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