Conselho da USP mantém proposta de reajuste de 3%; greve é mantida


 - Atualizado: 24 Maio 2016 | 22h 54

Comissão havia se oposto a oferta desse percentual em razão da crise financeira; sindicato chamou proposta de 'farsa'

SÃO PAULO - O Conselho Universitário (CO), instância máxima de decisões da Universidade de São Paulo (USP), contrariou o parecer da Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) e manteve proposta de reajuste de 3% para professores e funcionários. O órgão que controla as finanças havia sugerido que não fosse oferecido aumento, por causa da crise financeira. Mesmo assim, os sindicatos das categorias afirmaram que vão manter a decisão de greve. Os médicos do Hospital Universitário (HU) também resolveram aderir à paralisação.
Em sessão extraordinária nesta terça-feira, 24, o CO decidiu manter a proposta de 3% do Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), feita na semana passada. Em nota divulgada pela USP, o reitor Marco Antonio Zago afirma que a proposta é “compatível com a vida financeira” da USP.
Segundo a universidade, houve queda de arrecadação no Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o que fez os repasses do governo estadual ficarem 5,18% abaixo do previsto até abril. O impacto do reajuste será de R$ 82,4 milhões em 2016 e resultará em comprometimento de 103,89% do orçamento. “A proposta foi feita pela universidade com muito sacrifício, é um gesto político de boas intenções”, disse o professor Helio Salgado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, integrante do CO.
O impacto do reajuste sobre a folha de pagamento será de R$ 82,4 milhões neste ano
O impacto do reajuste sobre a folha de pagamento será de R$ 82,4 milhões neste ano
Greve. Professores e servidores da USP reivindicam reajuste salarial de 12,34%, referentes à correção da inflação e a “perdas históricas”. “Proposta de 3% é um acinte, significa mais redução de salário”, disse o professor César Minto, diretor da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp). A categoria resolveu entrar em greve em uma assembleia realizada anteontem. Os docentes devem cruzar os braços na segunda-feira.
No dia 12, os servidores já haviam decidido pela paralisação. A greve inclui trabalhadores de unidades de ensino, além de outros cinco setores da USP, entre eles a Administração Central, o Hospital Universitário e a Biblioteca Brasiliana. “A tendência é radicalizar. A questão de salário é até secundária”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno Martins.
Para os sindicatos, a paralisação é contra o “desmonte” da USP. Além do aumento salarial, eles reivindicam o compromisso em manter o Hospital Universitário (HU), as creches e os bandejões, além de não “demitir mais”. Funcionários do câmpus da USP em Bauru, por exemplo, já entraram em greve ontem por tempo indeterminado - e a paralisação atinge parcialmente o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, referência no Estado.
HU. Médicos do Hospital Universitário (HU), da Universidade de São Paulo (USP), resolveram entrar em greve a partir das 7h da próxima segunda-feira, 30. A paralisação deve afetar o atendimento ambulatorial e procedimentos que não são de urgência. Segundo o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), os serviços de internação e emergência não serão afetados.
A greve serve para pressionar pela reposição de funcionários e melhorias nas condições de trabalho. De acordo com o sindicato, o atual déficit na unidade é de 213 profissionais - número de pessoas que aderiram ao Programa de Incentivo à Demissão Voluntária, proposto pela USP em 2014 para combater a crise financeira na instituição
“Não houve reposição dos cargos”, diz o diretor do Simesp e vice-diretor clínico do HU, Gerson Salvador. “A nossa reivindicação é para contratar profissionais suficientes para o pleno funcionamento do hospital.”
Segundo Salvador, desde que houve as demissões, 25% do total de leitos do HU estão bloqueados, incluindo 40% dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Por falta de internação, os pacientes se aglomeram no pronto-socorro e estão sendo internados em macas”, afirma.
“Com as péssimas condições de trabalho, cada vez mais profissionais pedem demissão e simplesmente as escalas de médico não fecham. Alguns chegam a ser demandados oito plantões por mês”, diz Salvador.
Funcionários do HU já haviam entrado em greve desde segunda-feira, 23. Os médicos resolveram aderir à paralisação após assembleia realizada na tarde desta terça-feira, 24. Para garantir os atendimentos de emergência e internação, as escalas vão manter ao menos 25% dos médicos em serviço.
Procurada, a USP afirmou que não ia se manifestar sobre o HU.

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