Verba destinada à Rede Nacional de Pesquisas caiu de R$ 258 milhões em 2015 para R$ 126 milhões em 2016, valor 51% menor, atingindo à internet de 740 universidades do interior do Brasil; segundo o ministro da Educação no governo Dilma, Aloizio Mercadante, o corte compromete a oferta dos cursos à distância e a Universidade Aberta do Brasil, programa prioritário para a formação da rede de professores da educação básica
29 DE JULHO DE 2016 ÀS 15:38 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM
247 - O governo interno de Michel Temer deve cortar, até setembro, a internet de até 740 unidades de universidades do interior do país. A verba destinada à Rede Nacional de Pesquisas caiu de R$ 258 milhões em 2015 para R$ 126 milhões em 2016, o que representa um corte de 51%.
O pior: o aporte que costuma ser feito em maio ainda não foi realizado. O ministro da Educação do governo Dilma, Aloizio Mercadante, disse que o fim da internet nessas 740 unidades pode deixar sequelas profundas para o futuro da educação, ciência, tecnologia e inovação do Brasil.
"É muito grave a ameaça de interromper a internet nas universidades do país. Trata-se de uma ferramenta fundamental tanto para a pesquisa quanto para a docência", disse. O ministro diz que o corte compromete a oferta dos cursos à distância das universidades atingidas e a Universidade Aberta do Brasil, programa prioritário para a formação da rede de professores da educação básica.
Mercadante relembra, ainda, o papel estratégico da Rede Nacional de Pesquisas, responsável por toda rede de fibra óptica dessas universidades, na avanço da ciência no país. "Por meio do portal da Capes os pesquisadores brasileiros têm acesso,em tempo real, as principais publicações científicas do mundo em tempo real. Além disso, O acesso à internet foi um dos avanços responsáveis para chegarmos a ser o 13º país que mais produz ciência em revistas especializadas", argumenta o ministro.
Reação - os cofres vazios fizeram com que o diretor geral da rede, Nelson Simões, enviasse uma carta aos diretores de vários centros de ensino do interior do Brasil e ministros avisando da possibilidade do fim das pesquisas acadêmicas. Até 4 milhões de pessoas poderiam ser atingidas diretamente pelos cortes, como professores, pesquisadores, estudantes e pacientes de hospitais universitários.
"Se nós não tivermos a liberação dos recursos de fomento deste ano entre agosto e setembro, nós teremos que realizar, gradualmente, o corte de algumas dessas conexões de internet. Começando pelas que custam mais", avalia Nelson Simões.
A Rede Nacional de Pesquisas está presente em todos os estados brasileiros. O cabeamento de alto desempenho é responsável por levar conectividade a mais de 1.200 campi universitários. Mas são os polos do interior dos estados que causam preocupação, já que a sua internet possui um pagamento individualizado, por causa das instalações feitas sob encomenda.
É graças à rede, por exemplo, que alunos de universidades federais de todo o Brasil têm aulas por videoconferências e contato direto com a comunidade acadêmica internacional. Cirurgias e até mesmo o controle informatizado de medicamentos em hospitais deixarão de existir caso a conexão seja cortada.
Orçamento - a verba destinada à rede é dividida entre os ministérios da Ciência e Tecnologia, Educação, Saúde e Defesa. O diretor do departamento de física da Universidade Federal de Roraima, Roberto Câmara, diz que será impossível manter o nível do ensino caso seja feito o corte.
"Se a Rede Nacional de Pesquisas parasse hoje, nós voltaríamos no tempo em relação a ensino e pesquisas. É o que nos permite estarmos familiarizados com o que está acontecendo tanto no campo da pesquisa, quanto no campo do ensino, no mundo todo. Hoje, no instituto de física, nós temos estudos de solo e materiais, por exemplo. Nas aulas de física, nós utilizamos a internet para tornar as aulas mais atrativas aos alunos", enumera Câmara.
O diretor de serviços e soluções da Rede Nacional de Pesquisas, José Luiz Ribeiro, lembra que os cortes de internet podem implicar em outros tipos de gastos, como viagens, hoje compensadas em conferências e telefonia, que é suprida com emails.
"Na medida em que não tenhamos mais recursos para manter as conexões de internet ativas, as universidade terão que buscar soluções próprias. O que implicará em gastos maiores", pondera Ribeiro.
Outro lado - em nota, o MEC lembrou que sofreu um contingenciamento de R$ 6,4 bilhões em seu orçamento. Mesmo assim, de acordo com a assessoria, o valor repassado será similar ao de 2015. A data para que o depósito seja feito, no entanto, não foi informada.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicação informou que o repasse de verba deste ano à Rede Nacional de Pesquisas só deve acontecer em setembro, quando for firmado o contrato de gestão. Apesar de não informar qual será o valor repassado, o ministério confirmou que o aporte será inferior ao de 2015. O motivo é o corte de verba aprovado dentro da Lei Orçamentária Anual.
0 Comentários