'Não somos uma sociedade desigual por acaso', diz Renato Janine Ribeiro




E AGORA?

Na série de vídeos 'E agora?', ex-ministro afirma que questão racial, pobreza e ignorância são marcas que estruturam esse sistema desigual, e que a educação é a saída
por Redação RBA publicado 25/07/2016 15:01, última modificação 25/07/2016 15:27
REPRODUÇÃO/NABIL BONDUKI
janine
Janine: equipe ministerial reflete dificuldade do governo interino em dialogar com valores da atualidade
São Paulo – "O Brasil foi um país que sempre varreu para baixo do tapete as suas mazelas. Nós convivemos por mais de 400 anos com uma desigualdade social gritante, e que é tão forte que a gente tem que dizer: foi planejado para ser assim. Não é uma coisa que aconteceu por acaso", afirma Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação do governo Dilma e um dos filósofos mais importantes do país.
Para ele, a questão racial, a pobreza e a ignorância são marcas de distinção social que estruturam esse sistema desigual. O depoimento do ex-ministro consta da série de vídeos E agora? promovida pelo mandato do vereador de São Paulo Nabil Bonduki (PT), que discute os desafios atuais vividos pelo país.
A atual crise política, o filósofo relaciona com o contexto de crise internacional e o fim do ciclo de elevação dos preços das commodities, que garantiu, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, a redução das desigualdades por meio de programas sociais.
Janine aponta também uma crise de liderança, durante o governo Dilma Rousseff, que, devido à crise, ficou sem condições de liderar processo de recomposição política. "Uma oposição muito conservadora se aproveitou disso para chegar ao poder e compor um ministério que tem uma dificuldade grande em dialogar com os valores da atualidade, os valores dos jovens, por exemplo, ou de atores mais recentes, como dos direitos humanos. Tudo isso ficou para segundo plano", analisa.
Para ele, a tomada apropriação privada da coisa pública para fortalecer essas estruturas desiguais agora são colocadas a nu. "Acho que essa situação exige refazer tudo." A saída, segundo ele, é o foco na educação rumo ao desenvolvimento. "Nas escolas públicas, 22% não sabem ler, e 57% não sabem fazer as quatro operações, aos 8 anos de idade. Isso é uma devastação tremenda. A nossa mão de obra  não tem a qualidade exigida pela economia contemporânea."

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