Bach diz que realizaria Jogos de novo no Rio: "Foi uma Olimpíada icônica"


Presidente do COI afirma que Jogos foram organizados "no meio da realidade"

Por Rio de Janeiro

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, fez um balanço na manhã deste sábado da Olimpíada no Rio de Janeiro. Ele elogiou a organização dos Jogos e procurou minimizar os problemas que ocorreram, especialmente na preparação e nos primeiros dias do evento. Mas garantiu que, mesmo se pudesse voltar no tempo, realizaria novamente os Jogos na cidade.
-Sim. Acho que o que descrevi aqui... não mencionei que é a primeira Olimpíada na América do Sul. Penso que foi uma Olimpíada icônica. E são Jogos no meio da realidade. Não foram organizados em uma bolha. Foram organizados em uma cidade onde há problemas sociais, divisões sociais, onde a vida real continua. E isso foi muito bom, para todos. Isso é a realidade. Não uma bolha. Não são Jogos isolados, mas no meio da cidade, Jogos que encararam desafios, a realidade. Vimos o que o esporte fazer, o que pode ajudar, como pode unir as pessoas, mas há limitações para o poder do esporte. Então minha resposta é sim - afirmou Bach.
O presidente do COI ainda declarou que outros países fora dos grandes centros internacionais têm condições de sediar a Olimpíada.
- É possível organizar Jogos Olímpicos também em países que não estão no topo da lista de renda. Foi mostrada grande solidariedade entre os atletas e com os atletas. Mostramos que estamos prontos para enfrentar a realidade social. Vimos o quão animados os atletas estão e as grandes performances que entregaram. Então, no geral, podemos ter uma avaliação muito positiva. 
Confira abaixo outros pontos do balanço que o COI fez dos Jogos de 2016:
Decisão sobre os russos ter afetado o movimento olímpico
Para mim, de alguma forma, é um déjà vu. Em 1980, eu era o porta-voz dos atletas alemães. E havia uma luta contra o boicote aos Jogos, tentando defender o interesse dos atletas, os seus direitos. O mesmo aconteceu em algumas mídias. Houve uma tremenda pressão política em mim e meus amigos membros da comissão de atletas por políticos e até o chanceler alemão. Havia cartas me insultando, dizendo que eu seria um comunista, um traidor do meu país, pedindo o boicote. Eu perdi essa luta, tivemos de boicotar, outros países não perderam e foram, e alguns anos depois eles perceberam o que de fato aconteceu. Atletas sofrendo com pressão política e razões políticas. 
Na Alemanha tivemos um sistema de doping controlado pelo Estado na Alemanha Oriental, por anos e anos, e era sofisticado. E isso só veio à tona após a unificação. Eram dopados sem saber que eram dopados. O serviço secreto estava envolvido. Tudo isso veio à tona logo antes dos Jogos de Barcelona. E não lembro de uma voz pedindo na época que banissem todos os atletas alemães. Ficou claro que os direitos individuais dos atletas tinham de ser respeitados. Então tomamos uma decisão no interesse de oferecer aos atletas o respeito aos seus direitos individuais e não fazer atletas serem responsáveis por irregularidades do seu governo. Isso será tratado logo após a Olimpíada.
Histórias olímpicas
A judoca Rafaela Silva saindo da favela Cidade de Deus para se tornar campeã olímpica... Se olhar a infância dela, o que teve de superar, é uma inspiração para os jovens de todo o mundo. A história incrível de Michael Phelps e do incrível medalhista de ouro de Cingapura (Joseph Schooling) nos 100m (borboleta), com a foto dele quando era criança ao lado de Phelps, dizendo que o inspirou a nadar, e oito anos depois Phelps o cumprimenta após ser derrotado. Vimos o time de refugiados ser abraçado por todas as demais delegações. Eles foram tratados como estrelas do rock. Isso é realmente a solidariedade olímpica.
Alto nível nas instalações olímpicas
Isso só é possível com excelentes arenas. Não se pode atuar em alto nível sem isso. Não preciso falar da arena de Copacabana, a arena de vela, de canoagem, o Sambódromo para o arco, o velódromo que esteve sob discussão e na primeira competição houve recorde mundial. Não vimos somente essas grandes performances. Também tivemos experiências de histórias icônicas. Atletas da Rússia e Ucrânia se cumprimentando, atletas dos EUA e da Coreia do Norte tirando selfies juntas. Não se pode descrever o espírito olímpico de forma melhor.
Contribuição entre poderes
Isso só foi possível com um grande esforço de equipe. Houve grande solidariedade entre o COI, os comitês nacionais e as federações internacionais, mais do que nunca. Essa contribuição fez esse sucesso possível. Uma entidade e um homem teve um papel importantíssimo. Sem ele não estaríamos aqui, o prefeito Eduardo Paes, que serviu ao desenvolvimento de sua cidade e usou os Jogos como catalisadores para tornar isso verdade. Ele disse que o COI sempre esteve comprometido com o legado e a transformação do Rio. Gostaria de agradecer as palavras, mas daria esse crédito a ele, pelo dinamismo, pelo esforço para fazer desses Jogos um sucesso. É um líder excepcional.
Participação da população brasileira

Os brasileiros realmente se uniram por trás dos Jogos. Andando pela rua você sabe o que é a alegria de viver dos brasileiros. Eles transformaram essa grande competição em uma festa e adoraram os Jogos, porque será deixado um grande legado. Houve melhorias na cidade, no transporte, é uma mudança enorme no acesso das pessoas a transporte de qualidade. O Rio aproveitou o melhor e maior desenvolvimento social de qualquer cidade no Brasil nos últimos sete anos, e os cariocas poderão aproveitar isso.
Ajuda aos atletas refugiados

Tivemos 206 comitês nacionais participando, mais a delegação de refugiados e isso não é o fim do engajamento do COI. Temos um acordo com a ONU e os atletas desse time de refugiados, particularmente os cinco vindo do campo de refugiados no Quênia, não precisarão voltar. Poderão treinar e ajudaremos a integrá-los ao novo país. 
Prisão de Patrick Hickey
O Comitê de Ética está totalmente informado de tudo o que sabemos sobre esse caso, estão em contato com as autoridades, e nesse momento não há razão para qualquer ação dado o fato de que o próprio Hickey pediu suspensão de suas funções. Era isso que o comitê poderia ter feito agora. O comitê vai acompanhar o desenvolvimento do caso e os procedimentos legais. Não posso comentar porque é um procedimento legal, não temos muitas informações. O que sabemos é que ainda não foi ouvido por um juiz e a presunção de inocência, por ora, prevalece. Respeitamos a lei e os procedimentos legais no Brasil e não posso comentar mais no momento.
Nadadores americanos
Com relação a Lochte e os outros nadadores, mandamos para a Comissão Disciplinar para avaliar melhor o caso. Mas respeitamos as leis brasileiras e os procedimentos legais. Temos de olhar o caso, não posso comentar mais a respeito. 

Assaltos
Tenho percebido muitas perguntas. É parte da realidade social do Rio de Janeiro, não acontece só durante os Jogos. Temos aqui uma situação especial em relação à segurança, sabíamos disso quando chegamos aqui e acredito que as autoridades cuidaram do problema de forma apropriada.
Arenas com assentos vazios
Sim, foi uma pena, especialmente nos primeiros dias dos Jogos, que os estádios não estivessem em plena capacidade. Houve diferentes razões para isso, sabemos que a venda das entradas foram meio lentas por várias razões, mas, nos primeiros dias, ainda tivemos alguns desafios em termos de transporte e acesso aos estádios. Agora vimos empolgação na maior parte dos estádios e também em esportes que não eram muito populares no Brasil. Antes de vir para cá, estive na final de badminton entre China e Malásia com um ambiente fantástico. Eu não preciso falar do ambiente na arena de Copacabana quando o Brasil estava jogando o vôlei (de praia). No geral, tenho uma impressão muito favorável, apesar dos primeiros dias

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